Como promover a eletromobilidade na mineração
Um estudo realizado pela empresa de pesquisa chilena Phibrand, o Centro Nacional de Pilotagem do Chile e a Universidade Técnica de Santa Maria identificou as condições necessárias para a transição energética da mineração.
O estudo foi baseado em depoimentos das grandes mineradoras Antofagasta Minerals, BHP e Codelco, bem como de fornecedores líderes como Finning, Komatsu, Reborn Electric Motors e Linde, e constatou que oportunidades de curto prazo surgem na fabricação e conversão de ônibus, táxis e vans para transporte; conversão de tratores, escavadeiras, retroescavadeiras e motoniveladoras; e no uso de combustíveis sintéticos. O serviço de manutenção e reparação destes equipamentos surge também como um nicho atrativo.
Para saber mais, a BNamericas conversou com o CEO da Phibrand, Cristián Mansilla.
BNamericas: Como consolidar uma maior oferta de eletromobilidade para mineração?
Mansilla: É necessária de uma oferta diversificada e de menor custo para que mineradoras, empresas de terraplenagem e serviços de transporte de pessoal, por exemplo, tenham incentivos para transformar seus equipamentos. Não é necessário começar do zero, já existem as oficinas mecânicas nas regiões mineiras, e elas têm capacidade para prestar o serviço de reconversão. Só falta acelerar o processo.
BNamericas: Que tipo de colaboração é necessária?
Mansilla: A colaboração é essencial para o desenvolvimento de tecnologias, mas também são necessários incentivos econômicos para que os fornecedores ofereçam mais alternativas e para que os proprietários de equipamentos transformem seus equipamentos. Este é o elo inicial da transição energética na mineração que considera não apenas os equipamentos móveis, mas também todos os processos de mineração e serviços de fornecedores. Isto requer a participação de fornecedores, mineradoras, universidades e do Estado.
BNamericas: Como foram definidos os mercados de eletromobilidade para mineração?
Mansilla: Embora cada mineradora tenha seu próprio roteiro, todas concordam que seus equipamentos devem ser eletrificados e reduzir sua pegada de emissões. A política de eletrificar tudo o que é utilizado na mineração subterrânea já é um fato, por questões de segurança operacional, poluição, ruído, vibrações e outros motivos. O estudo identificou, por exemplo, que os veículos auxiliares de mineração são prioritários.
BNamericas: Como se pode fortalecer a conversão de caminhões de extração (CAEX), que são os equipamentos que mais geram emissões na mineração?
Mansilla: Quando falamos de emissões de escopo 1 e 3, o maior impacto na mineração vem dos caminhões CAEX. É difícil quantificar o volume de emissões de escopo 3, pois decorre da soma de todas as emissões provenientes de fornecedores e serviços relacionados ao transporte de cargas. No entanto, as iniciativas do CAEX que ajudarão a reduzir o escopo 3 são um problema que será resolvido até 2035. A questão é o que acontecerá entre agora e os próximos 10 anos.
BNamericas: Por que o estudo diz que o hidrogênio verde é uma opção de longo prazo?
Mansilla: Há várias razões. Primeiro, há as barreiras tecnológicas, pois os caminhões de hoje são projetados para funcionar com diesel. A solução de hidrogênio verde é entre três e cinco vezes mais cara que o diesel porque não há maior oferta e faltam suprimentos.
Há também falta de capital humano e conhecimento específico para manter, capturar, distribuir e armazenar, além de barreiras econômicas. Hoje, o hidrogênio verde é produzido e há a produção de derivados. Por exemplo, [a empresa chilena] Enaex produz amônia verde para explosivos por meio de uma usina de hidrogênio verde. As plantas existem, mas são caras. Para ser economicamente viável com relação aos CAEX, ainda há um longo caminho a percorrer.
BNamericas: Quando poderia se materializar o mercado de eletromobilidade, combustíveis sintéticos (e-fuels) e hidrogênio verde para mineração?
Mansilla: Eletromobilidade e e-fuels, a curto prazo. Existem tecnologias, kits de conversão, fornecedores, distribuidores, mas o hidrogênio verde entrará com mais intensidade por volta de 2035. A partir daí haverá maior demanda e oferta, e um mercado instalado com produtores, equipamentos de hidrogênio etc.
BNamericas: Em outras palavras, ainda não existe uma oferta “verde” instalada?
Mansilla: Hoje não existe esta oferta. Empresas como Gasco, Lipigás e Copec, para citar algumas, estão a alguns passos de se tornar produtoras e distribuidoras de e-fuels. Bastaria que houvesse uma demanda maior para que se consolidassem. O mesmo acontece com a conversão de equipamentos movidos a diesel para elétricos. Hoje existem apenas dois fornecedores no Chile. Um está na região de O‘Higgins e outro em Antofagasta. Eles se especializaram em ônibus, motoniveladoras e empilhadeiras.
O desafio de ampliar a oferta está do lado das oficinas de motores e oficinas mecânicas. É mais fácil para eles fornecer serviços de conversão para e-fuels. Em relação ao hidrogênio verde, quando o mercado estiver consolidado [no Chile], entrarão muitos concorrentes estrangeiros que estão nisso há anos. A concorrência será maior. Por isso, quando falamos de transição energética, estamos falando também de uma transição no mercado chileno e uma mudança na competitividade dos produtores nacionais.
BNamericas: O que vem depois do estudo? Continuarão a contribuir para o desenvolvimento de um mercado eletromóvel no Chile?
Mansilla: Inicialmente, queríamos passar a mensagem de que o mercado de eletromobilidade é atraente e que não é necessário pensar apenas no hidrogênio verde, mas que no curto prazo existem negócios para a conversão de bulldozers, wheeldozers, caminhões etc. Até identificamos por região a quantidade que teria que ser instalada. Ou seja, regionalizamos a demanda para que a oferta apareça de forma mais rápida e específica.
BNamericas: Em relação ao ranking de fornecedores de mineração realizado pela Phibrand, qual tem sido seu impacto no setor?
Mansilla: Realizamos há 11 anos o ranking que identifica o nível tecnológico com o qual competem os fornecedores nacionais. Tanto as mineradoras quanto os fornecedores utilizam essas informações para avaliar como se comparam com a concorrência e a tomam como referência em seus processos de compra.
Quando começamos, as compras eram feitas apenas de três ou quatro fornecedores líderes em cada segmento. Vimos mudanças no mercado e mais fornecedores foram incorporados, o que implica em novas oportunidades para a mineração. Vimos também o surgimento de novos segmentos.
BNamericas: Um novo segmento em seu ranking são os explosivos. Como você avalia esses fornecedores?
Mansilla: Esse segmento surgiu este ano, já que há alguns anos havia apenas dois fornecedores: Orica e Enaex. Portanto, fazer um ranking com apenas dois provedores não era atrativo, mas surgiram novos provedores e há mais concorrência. Maxam e outros foram adicionados para competir com os líderes. Neste segmento, como nos demais, medimos reputação, qualidade de serviço, cumprimento de normas ambientais etc.
BNamericas: Quem avalia as tecnologias?
Mansilla: São as mineradoras que avaliam os fornecedores, por meio de seus trabalhadores e nas respectivas plantas e/ou áreas que utilizam o serviço. Este ano participaram 67 mineradoras, ou seja, quase todas as mineradoras de grande e médio porte. Com suas avaliações e experiências, fazemos os cálculos e chegamos às premiações.
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