
Por que o setor solar se tornará um pilar da economia brasileira

Espera-se que a energia solar se torne a principal fonte energética do Brasil, proporcionando oportunidades de investimento e desenvolvimento, se acompanhada de políticas e incentivos adequados.
Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), conversa com a BNamericas sobre o que é preciso e para onde o setor caminha.
BNamericas: Quais são as expectativas do setor para 2023?
Sauaia: Nossas projeções na Absolar indicam que veremos uma expansão de 10,1 GW em energia solar fotovoltaica, o que significa que chegaremos a 34 GW de potência operacional instalada no final do ano.
Esse avanço representa um investimento total de R$ 50 bilhões (US$ 9,4 bilhões) e a criação de 300 mil empregos.
BNamericas: O que explica essa expansão?
Sauaia: Vários fatores importantes estão acontecendo.
Na última década, observamos uma evolução tecnológica no setor de energia solar que resultou em aumento de eficiência e redução de custo dos equipamentos. Isso representou uma redução de custo para o consumidor final. Na última década, o preço da energia solar caiu 86% e se tornou uma fonte de energia mais acessível.
Essa realidade já acontece em outros países. Aqueles que concentram 60% da população mundial, já podemos constatar que o custo da energia solar é mais barato do que as termelétricas, a carvão e as eólicas.
Além disso, nos últimos anos, o preço da energia elétrica aumentou no Brasil, mesmo acima da inflação, muito influenciado pela crise hídrica, que obrigou o país a acionar termelétricas, elevando os preços das bandeiras tarifárias.
Outra vantagem da energia solar é que o tempo de instalação é muito curto. É possível instalar um sistema solar em um telhado em apenas um dia. Uma grande usina solar leva 18 meses para ser instalada, muito menos tempo do que a construção de uma termelétrica ou mesmo nuclear, sem contar que requer muito menos manutenção.
BNamericas: As metas de redução de emissões de empresas de diversos setores também beneficiaram os projetos de energia solar?
Sauaia: O fator sustentabilidade é importante. A atenção da sociedade e dos investidores para as questões de sustentabilidade é cada vez maior. Grandes empresas têm metas de sustentabilidade e precisam gerar energia a partir de fontes renováveis.
BNamericas: Como o vencimento dos incentivos financeiros para consumidores solares em 6 de janeiro afetará o setor?
Sauaia: Para quem quer gerar a própria energia solar, a tecnologia continua atrativa e positiva, mesmo depois de 6 de janeiro, quando entram em vigor as novas regras do marco legal da geração de energia renovável.
Esse arcabouço legal cria previsibilidade e continuidade para o setor, pois permite uma transição suave em relação ao custeio do setor elétrico. Temos que lembrar que essa questão tarifária afeta apenas os consumidores que compartilham o excedente de energia gerada com a rede e não o próprio consumo.
Se observarmos o tempo de retorno do investimento, veremos que as vantagens permanecem inalteradas.
BNamericas: Como o novo governo pode contribuir para a expansão do setor?
Sauaia: Certamente, para atingir esses números projetados, precisamos de boas políticas públicas, bons programas de governo e bons incentivos para seguir em frente.
Atualmente, o Brasil pratica uma contradição, pois as políticas públicas no setor de energia beneficiam mais os combustíveis fósseis do que as fontes renováveis.
Diante do que estamos vendo nos discursos desse novo governo, que disse nos primeiros dias que pretende priorizar a transição energética, queremos que esses discursos sejam transformados em prática. Esse é um ponto que o governo precisa olhar com atenção para acelerar a transição energética e colocar o Brasil na liderança internacional desse processo.
Além do governo federal, precisamos de ações e programas precisos de cidades e estados que incentivem a energia solar. Alguns estados e municípios já fizeram isso, como o programa Goiás Solar, o programa Palmas Solar e o programa Salvador, mas essas ações ainda são pontuais, precisamos de um desenvolvimento mais amplo em relação às energias renováveis por parte dos governos locais.
BNamericas: Outras políticas públicas são necessárias para o setor?
Sauaia: Precisamos trabalhar o acesso ao financiamento. É preciso estabelecer políticas públicas que ofereçam financiamento ao consumidor final.
Também temos uma oportunidade em relação aos equipamentos utilizados em projetos de energia solar. Temos a oportunidade de fortalecer a indústria de fornecedores locais, mas precisamos desenvolver uma política e leis nacionais voltadas para essa industrialização.
Hoje temos cerca de 30 empresas no Brasil que fabricam equipamentos e componentes para o setor solar, mas ainda assim a maior parte dos equipamentos utilizados nos projetos é importada.
BNamericas: Como as altas taxas de juros afetaram o setor?
Sauaia: O cenário de juros altos foi e continua sendo um desafio em 2023. Diante disso, bancos de desenvolvimento como BNDES, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia serão de extrema importância e indutores de desenvolvimento.
Precisamos aumentar o volume de financiamento por meio desses bancos para projetos do setor, porque assim atrairemos mais investimentos e geraremos mais empregos e renda para diversas regiões do país.
O BNDES, especificamente, também pode ser um indutor de desenvolvimento da política industrial local.
BNamericas: A energia solar superará a hidrelétrica na matriz elétrica brasileira?
Sauaia: Analistas de mercado dizem que isso vai acontecer por volta de 2040. Acho que é uma questão de tempo. Vai acontecer.
Hoje, 109 GW [de energia elétrica] são gerados por hidrelétricas e nossas projeções para este ano apontam para 34 GW de energia solar. Estaremos com um terço [do volume] de energia hidrelétrica, que por décadas se beneficiou de uma política exclusiva de investimento público.
BNamericas: Onde estão as principais fronteiras de expansão de longo prazo?
Sauaia: A boa notícia é que há muito potencial de expansão em todos os segmentos.
O Brasil possui 92 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica, que são residências, comércios e indústrias. Desse total, apenas 2 milhões são consumidores de energia solar, sejam consumidores com geração própria ou que utilizem energia de algum consórcio. Portanto, temos 90 milhões de unidades de consumo de energia para explorar.
Vejo o hidrogênio verde como uma fronteira de expansão. Temos uma força-tarefa aqui na Absolar para avaliar o potencial desse mercado e vejo a possibilidade de que o custo de produção de hidrogênio verde no Brasil seja o menor do mundo até 2030, graças ao apoio de projetos de energia solar e eólica.
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