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De gêmeos digitais a IA: como o banco brasileiro Voiter está se tornando totalmente digital

Bnamericas Publicado: quarta-feira, 14 dezembro, 2022
De gêmeos digitais a IA: como o banco brasileiro Voiter está se tornando totalmente digital

O Voiter, banco brasileiro de atacado e B2B, está investindo para se tornar um dos primeiros bancos tradicionais do país com operações 100% digitais.

Esse processo já avançou pelo menos na área de infraestrutura de dados. O banco, que antes se chamava Indusval, afirma ser o primeiro dos bancos não nativos digitais da América Latina a migrar todas as suas cargas de trabalho para a nuvem.

“Quando assumi o cargo, tínhamos uma operação totalmente física e on-premise, com muita obsolescência tecnológica. Tínhamos várias paradas operacionais”, lembrou Eduardo Kimura, diretor de informações e transformação do Banco Voiter, em bate-papo com a BNamericas.

“Estabelecemos então uma estratégia abrangente de transformação tecnológica, porque nos deparamos com duas opções: comprar mais máquinas e continuar direcionando nossa energia e recursos para isso ou migrar para a nuvem e ter menos risco e mais escalabilidade, trocando capex por opex.”

Apontado como CIO em 2020, em plena pandemia, o ex-executivo da Microsoft, IBM, Accenture e PwC disse que logo começou a colocar em vigor uma ampla reestruturação das áreas de tecnologia e TI do Voiter, tendo como principal pilar a terceirização de operações e serviços.

Parte dessa estratégia, o processo de migração para a nuvem começou em julho de 2020 e durou cerca de nove meses. O Voiter fechou um contrato para usar a estrutura de datacenter da Ascenty, de onde o banco tem acesso à nuvem da Oracle (Oracle Cloud Infrastructure, OCI), provedor de nuvem preferencial do banco.

A instituição já havia trabalhado com a Ascenty antes, disse Kimura, mas para recuperação de desastres e serviços de contingência.

“Oferecemos um ecossistema digital de alcance global que funciona como uma engrenagem para alavancar os negócios dos parceiros, com atenção especial à flexibilidade e eficiência dos serviços, e com total disponibilidade para nossos clientes”, apontou Vinícius Minetto, diretor de vendas da Ascenty.

O contrato de colocation total da infraestrutura nos sites da Ascenty em Vinhedo e Osasco, com acesso à nuvem da Oracle, levou o Voiter a fazer parte dos 18% de bancos do mundo, e um dos únicos da América Latina, a operar 100% na nuvem.

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Em comparação, o maior banco privado de varejo da América Latina, o brasileiro Itaú Unibanco, tem um projeto abrangente de migração para a nuvem com a Amazon Web Services (AWS). Trata-se de um dos maiores contratos da AWS no continente.

No entanto, nem todos os processos bancários legados do Itaú serão movidos para a nuvem. A meta do Itaú é migrar de 60% a 70% de seus serviços e sistemas para a nuvem em um período de 10 anos. Até o final deste ano, 50% dos mais de 3.700 serviços do Itaú devem estar na nuvem da AWS.

Outro grande banco de varejo brasileiro, o Bradesco, planeja ter 75% das transações de seus canais digitais rodando na nuvem até 2025, tendo o Microsoft Azure como principal provedor, enquanto o Santander Brasil afirmou que cerca de 80% de seus processos já estão na nuvem, também usando a AWS.

Embora o core banking do Voiter funcione principalmente na OCI, a Oracle não é seu único provedor de nuvem. O banco também trabalha com o Microsoft Azure para alguns processos de back-office, revelou Kimura.

CUSTOS E DESENVOLVIMENTO

Muitas empresas estão repensando seus planos de migração para a nuvem porque consideram que os custos iniciais são muito altos, além de haver obstáculos como questões relacionadas à segurança e ao gerenciamento direto de determinados dados.

De acordo com Kimura, porém, os benefícios da nuvem superam em muito o desembolso inicial e a substituição capex por opex mais do que compensa.

“O que é melhor? Comprar máquinas e precisar instalar, conectar, manter, contratar uma equipe especializada em cabeamento etc., ou terceirizar tudo isso e desenvolver soluções como PIX e open banking para os clientes?”, questionou ele.

“Eu não tinha uma equipe 24 horas por dia, 7 dias por semana para lidar com tudo isso. Na nuvem eu pago um custo operacional elevado, um número que inclui as máquinas que eu teria de comprar. Mas quando você faz as contas, adicionando elementos de riscos operacionais, gerenciamento, SLAs [acordos de nível de serviço]... faz muito sentido.”

A equipe de tecnologia do banco é enxuta, com apenas cerca de 30 pessoas, resultado do processo de terceirização e parcerias tecnológicas implementado desde 2020. Segundo Kimura, o Voiter trabalha hoje com dezenas de parceiros de tecnologia diferentes.

Embora reduzido, o time de tecnologia agora se dedica exclusivamente ao desenvolvimento de projetos e infraestrutura. Recentemente, foi criado dentro dele um “subgrupo” para consultoria de processos internos, automação de fluxos de trabalho e análise de dados, explicou o executivo, basicamente para pensar em novas iniciativas e trabalhar nelas com outras áreas do banco.

NOVAS TECNOLOGIAS

Depois de terceirizar a TI e migrar para a nuvem, o banco agora aposta na evolução de sua análise de dados.

O Voiter começou a implementar painéis em tempo real para visualizar os insights gerados pelas operações digitalizadas. A ideia para o futuro é “explorar todo o potencial” da nuvem e evoluir essa digitalização para um gêmeo digital, disse o executivo.

O objetivo de ter uma réplica virtual de toda a operação bancária é simular ajustes na rede, avaliar gargalos e testar novos produtos com mais facilidade.

O desenvolvimento de gêmeos digitais é mais comum em empresas que possuem um grande parque fabril e maquinário espalhado, como distribuidoras de energia, mineradoras e produtoras de petróleo, mas o modelo é bem menos comum no setor financeiro.

A construção do gêmeo digital já está em andamento. “Já temos partes do ‘corpo’ definidas”, destacou.

O banco está explorando plataformas low-code, uma abordagem de desenvolvimento de software que requer pouca ou nenhuma programação para criar aplicativos e processos.

“O low-code está crescendo muito na América Latina. São plataformas que facilitam bastante o desenvolvimento de projetos. Aprender a usar o low-code de maneira controlada é um desafio para nós, e estamos todos envolvidos nisso.”

Em abril deste ano, o unicórnio argentino Globant tornou-se um dos primeiros grandes players digitais a investir em low-code após a aquisição da uruguaia GeneXus.

A GeneXus desenvolveu uma plataforma líder de low-code que já é usada por mais de 1.700 empresas na América Latina e na Ásia.

“Plataformas low-code podem promover a reinvenção dos negócios, pois permitem que as organizações criem novos aplicativos e soluções com mais rapidez. Isso é absolutamente importante nesta era em que a tecnologia evolui para atender às expectativas dos usuários finais”, disse na época Martín Migoya, CEO e cofundador da Globant.

Além do low-code e do gêmeo digital, uma terceira aposta do Voiter é implantar camadas de inteligência artificial em seus processos. No entanto, esse é um projeto mais para o longo prazo, disse Kimura.

Quanto ao 5G e às redes privadas, o modelo parece não fazer muito sentido agora para um banco com o perfil do Voiter, com serviços voltados para operações de atacado.

Mas, à medida que as tecnologias evoluem, novos casos de uso surgem. Segundo Kimura, o banco está atento às possíveis sinergias que o formato pode produzir no futuro. “Quem sabe? Tudo pode mudar”, disse.

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