Destaque: projetos de mineração suspensos no México

A abordagem mais rígida do México às regulamentações de mineração interrompeu até 25 grandes projetos e prejudicou o crescimento do setor.

O presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) – um crítico ferrenho do setor – congelou novas concessões minerais e adotou uma linha mais rígida de licenciamento ambiental, resultando em uma série de rejeições de licenças e uma desaceleração no processamento de pedidos.

“Há... pelo menos entre 20 e 25 grandes projetos em espera”, disse Luis Vázquez San Miguel, presidente do Conselho da Associação de Engenheiros de Minas, Metalúrgicos e Geólogos, segundo o jornal local Reforma.

“Não podemos voltar atrás, porque temos investimentos avançados em pelo menos 10 projetos que esperamos que progridam”, acrescentou.

A indústria tem potencial para crescer cerca de 30% até o término do mandato da AMLO, no final de 2024, se os projetos forem autorizados a progredir, de acordo com Vázquez.

PROJETOS SUSPENSOS

A BNamericas lista 99 projetos de mineração mexicanos suspensos ou cancelados em seu banco de dados.

Enquanto a maior parte está nos estágios iniciais de exploração, 10 são projetos avançados, com capex combinado totalizando US$ 1,17 bilhão.

Quatro dos 10 ativos em estágio avançado interrompidos foram impactados por objeções na permissão, mas outros foram retidos pela oposição da comunidade, restrições financeiras e questões específicas do projeto, como pequena escala, resultados de exploração ruins ou fusão com outros ativos.

Pelo menos dois dos 10 foram suspensos antes da posse de AMLO, em dezembro de 2018.

Outros projetos anteriormente suspensos também foram reativados em meio a um aumento nos preços dos metais nos últimos anos.

RETROCESSO EM PERMISSÕES

Pelo menos três projetos foram suspensos ou cancelados depois que os pedidos de licença foram rejeitados pelo Ministério do Meio Ambiente Semarnat.

Isso inclui o projeto de ouro Los Cardones, de US$ 250 milhões, do Invecture Group, parte do qual estava localizada em uma reserva natural no estado de Baja California Sur.

AMLO anunciou a rejeição da permissão nos primeiros meses de sua presidência no início de 2019, dizendo “temos que cuidar do paraíso, não destruí-lo, e cuidar da natureza”.

A Semarnat também rejeitou os pedidos de licença para o projeto de ouro San Antonio da Argonaut Gold, também em Baja California Sur, e o ativo de ouro e prata Cerro del Gallo da empresa.

A Argonaut está se preparando para apresentar um pedido revisado no último.

O projeto de ouro Ixtaca (Tuligtic) da Almaden Minerals – classificado como ativo no banco de dados da BNamericas – também foi retido depois que um pedido de licença ambiental foi rejeitado.

A empresa também viu suas concessões se tornarem ineficazes após uma ação movida por membros da comunidade indígena local Tecoltemi Nahua.

As autoridades mexicanas devem realizar uma consulta com as comunidades indígenas para que as concessões sejam restauradas e um novo pedido de licença apresentado.

DESAFIOS DA COMUNIDADE

Além de Ixtaca, a Silver Bull Resources também sofreu um revés na frente social em seu projeto suspenso Sierra Mojada, um ativo de prata-zinco de US$ 297 milhões no estado de Coahuila, bloqueado por uma cooperativa de mineração local desde 2019.

“Não houve intervenção das autoridades competentes para acabar com esse [bloqueio] e, apesar das muitas tentativas da empresa de chegar a um caminho razoável para um acordo amigável, não conseguimos obter acesso permanente ao local do projeto”, disse o CEO Tim Barry em setembro, depois que um acordo de opção com a South32 foi rescindido.

MODIFICAÇÕES FINANCEIRAS, FUSÕES

A Sierra Metals colocou seu projeto Cusi Expansion de US$ 91 milhões em espera.

A empresa, que também possui a mina Bolívar, no México, e Yauricocha, no Peru, formou um comitê para avaliar sua liquidez e possíveis opções de financiamento e reestruturação.

O ativo prata-ouro La Bolsa da Pan American Silver está sob cuidados e manutenção há vários anos, e seu CEO Michael Steinmann, no ano passado, confirmou que o ativo pode estar à venda devido ao seu pequeno tamanho.

Os projetos cancelados incluem Chalchihuites e Los Verdes, que foram fundidos com os projetos Del Toro da First Majestic Silver e Santana da Minera Alamos, respectivamente.

Fresnillo abandonou seu projeto de otimização Ciénega, de US$ 55 milhões, em 2020, após afirmar que um aumento de recursos não era suficiente para justificar o investimento.

A Minera Pericones confirmou, em 2019, que seu projeto de prata e ouro de US$ 100 milhões Pericones (ex-Monterde) será suspenso até novo aviso, enquanto o projeto San Dimas Expansion foi desfeito pelo ex-proprietário Primero Mining em 2016.

ATIVOS REATIVADOS

Mas uma série de projetos de mineração mexicanos foram reativados após suspensões anteriores.

Eles incluem os depósitos de prata Pitarrilla e La Preciosa, suspensos em meio à queda dos preços do metal e que, agora, estão avançando com os novos proprietários Endeavor Silver e Avino Silver & Gold Mines, respectivamente.

A Solaris Resources também está avançando em estudos internos no ativo de cobre primário de La Verde, de US$ 1,16 bilhão, suspenso anteriormente.

O Grupo México confirmou que está avançando com um PEA no projeto polimetálico Angangueo, de US$ 175 milhões, depois que foi suspenso devido a desafios de licenciamento ambiental.