Brasileira Telecall expande fibra para interligar novos datacenters do Rio

A empresa brasileira de serviços de telecomunicações Telecall está expandindo sua rede de fibra ótica usada para interconectar os principais datacenters do Rio de Janeiro, disse à BNamericas o vice-presidente sênior da empresa, Bruno Ajuz (na foto).

O grupo também se prepara para lançar serviços de fiber-to-the-home (FTTH), contando com uma rede de fibra neutra, e pretende se tornar a sexta maior operadora móvel do país, implantando o modelo MVNO.

A Telecall possui mais de 1 mil km de fibra subterrânea implantada no Rio de Janeiro e em São Paulo para atender o mercado corporativo.

“O Rio de Janeiro está recebendo muitos investimentos em datacenters, e essa área tem crescido muito dentro da empresa. Para este ano e até 2024, pretendemos expandir nossa rede de fibra para atender a demanda por conectividade de datacenter”, disse Ajuz.

Três novas rotas redundantes e subterrâneas de fibra, totalizando 80 km, serão implantadas pela Telecall para conectar pelo menos quatro novos datacenters que estão sendo instalados no Rio de Janeiro. Uma das rotas está 80% concluída.

Esses datacenters são projetos da Ascenty, Scala, Odata e Equinix. “Teremos essas três rotas saindo desses quatro locais.”

A rede existente da Telecall no Rio de Janeiro começa no ponto de ancoragem de cabos submarinos internacionais na praia da Macumba, passando por teleportos e seguindo a costa em direção ao norte da cidade antes de chegar aos datacenters.

Todos os principais datacenters do Rio de Janeiro usam a rede de fibra da Telecall, disse Ajuz.

Os clientes atacadistas da empresa incluem Facebook, Seaborn, GlobeNet, Google, Equinix e Globo e sua rede também atende a Elea Digital.

A Telecall utiliza fibra fabricada pela Furukawa e equipamento multiplexador por divisão de comprimento de onda denso, utilizado para iluminar (ativar) a fibra, da brasileira Padtec.

“Nossa rede foi pensada para atender os principais provedores de serviço. Costumo dizer que temos três grandes clientes: datacenters, OTTs [empresas over-the-top] e operadoras e provedores de internet”, disse Ajuz.

Fonte: Telechamada

FTTH

Ainda assim, como parte dos investimentos em fibra, a empresa pretende lançar os serviços FTTH e atender diretamente as casas até meados do ano, visando 10 localidades do estado do Rio de Janeiro, disse Ajuz.

Para este projeto, a Telecall usará a infraestrutura de fibra de uma operadora de rede neutra, mas Ajuz não revelou se é da V.tal ou da FiBrasil.

A Telecall já está alugando sua própria rede de fibra para grandes operadoras.

A TIM contou com as redes da Telecall para oferecer 5G no evento Rock in Rio em setembro, e a infraestrutura de fibra da Telecall também apoiou o lançamento da rede 5G da TIM no estádio do Maracanã.

A rede da Telecall agora servirá de base para a ativação da rede 5G da TIM no Sambódromo do Rio de Janeiro para o desfile de carnaval, segundo Ajuz.

MVNO

A Telecall pretende avançar na operação de serviços de telefonia móvel de voz e dados para MVNOs, onde atuará como MVNE (enabler) ou MVNA (aggregator).

Nesse modelo, a empresa oferece seus sistemas e redes para empresas interessadas em iniciar suas próprias operações móveis. O principal concorrente da Telecall nesse campo é a MVNE Surf Telecom, seguida pela Datora e AméricaNet.

A Telecall possui 33 MVNOs cadastrados em sua base, dos quais 22 estão operacionais, disse Ajuz, totalizando 330 mil acessos. Em janeiro, os acessos dos MVNOs da Telecall cresceram 10% em relação ao mês anterior, segundo o executivo.

A rede utilizada é da Telefônica Brasil, embora a Telecall tenha um núcleo de rede próprio, implantado por um grande provedor de equipamentos de rede, como Nokia, Ericsson ou Huawei, habilitado para 5G.

Com isso, outras empresas que participaram do leilão do 5G, empresas de infraestrutura que adquiriram licenças para a rede, mas nunca operaram telefonia móvel, podem se conectar ao núcleo da rede da Telecall para fornecer serviços.

Ajuz disse que o objetivo da Telecall é se tornar a sexta maior operadora móvel do Brasil até meados do ano.

“O [mercado] MVNO ainda tem muito espaço para crescer, está apenas começando a tomar forma no Brasil. Com cerca de 1% de market share para esses players, o país ainda fica atrás até de outros mercados da América Latina. Em países como Chile e Colômbia, o market share de MVNO chega a 8%, 10%”, disse.

Fundada há 24 anos, a Telecall opera em 25 estados brasileiros e possui escritórios nos Estados Unidos, Portugal e Reino Unido.

No ano passado, a receita cresceu cerca de 40% ano a ano, atingindo cerca de US$ 100 milhões, com uma expansão de 38% prevista para este ano, disse Ajuz.

Pelo menos R$ 15 milhões (US$ 2,93 milhões) estão destinados à expansão da rede e R$ 35 milhões podem ser investidos em um projeto 5G que a empresa está negociando, segundo Ajuz.

Ele acrescentou que boa parte dos investimentos da empresa em sua estratégia de expansão foi feita no ano passado e foi para novos hardwares para a rede core.

Todos os gastos vêm de recursos próprios. Ajuz disse que a Telecall foi procurada por um fundo internacional focado em infraestrutura digital e de telecomunicações, mas as negociações não avançaram devido a divergências sobre o controle da empresa.

Embora a entrada de um fundo não seja uma prioridade no momento, Ajuz disse que as portas da Telecall estão abertas para potenciais investidores.