Colômbia em alerta de apagão em meio a atrasos em projetos e disputas políticas

A Colômbia deve agir agora para evitar a ameaça de um déficit no fornecimento de energia, já que o setor enfrenta atrasos nos projetos e mau planejamento, alertaram grupos comerciais e de consumidores.

A Associação Colombiana de Petróleo (ACP), o grupo de consumidores de energia Andesco e a associação de geração de energia Acolgen pediram medidas para garantir que não ocorra escassez nos próximos dois anos.

Entre as obras atrasadas estão três projetos de transmissão pertencentes ao Grupo Energía Bogotá – as linhas Colectora, Southwestern e Sogamoso –, bem como a ligação à rede Windpeshi da Enel.

“Os projetos são da responsabilidade das desenvolvedoras, que são obrigadas a cobrir os custos causados pelos atrasos”, disse a diretora executiva da Asoenergía, Sandra Fonseca.

Ela acrescentou: "Os cronogramas de trabalho devem ser mais precisos e precisam ser respeitados".

O executivo-chefe do GEB, Juan Ricardo Ortega, disse que o maior obstáculo enfrentado pelos projetos é o complicado processo de consulta prévia da Colômbia, que requer negociações diretas com todas as comunidades afetadas por um projeto.

Um exemplo é o link de transmissão Colectora, que conectará uma série de projetos de energia renovável na região costeira do Caribe à rede elétrica nacional. O trabalho na linha está paralisado pela necessidade de diálogo com mais de 200 comunidades.

Para agravar a situação, segundo a ACP, está a decisão de deixar de emitir novas licenças para a exploração de petróleo e gás.

O presidente da ACP, Francisco Lloreda, disse que a diminuição das reservas significará que a Colômbia poderá em breve ser forçada a importar gás para atender à demanda doméstica.

Esses temores foram apoiados por uma afirmação da UPME (Unidade de Planejamento do Ministério da Energia) segundo a qual a Colômbia corre o risco de escassez de eletricidade até 2026 se o novo fornecimento não for garantido.

A ex-vice-ministra de energia Belizza Ruiz acrescentou peso às preocupações na segunda-feira (30), alertando que Bogotá enfrenta a ameaça iminente de apagões devido ao atraso nas obras de expansão da rede.

De acordo com Ruiz, que deixou o cargo na semana passada após uma briga com a ministra de Energia, Irene Vélez, o governo está finalizando os detalhes de um novo leilão de energia firme.

“O leilão será principalmente para projetos de energia solar e eólica”, afirmou Ruiz, que acusou Vélez de enganar o público ao publicar informações falsas relacionadas às reservas de petróleo e gás.

Enquanto isso, a Acolgen criticou a decisão do presidente Gustavo Petro de assumir o controle da Creg, comissão reguladora dos serviços de energia.

Em comunicado, a Acolgen disse que a decisão “enfraqueceu o quadro institucional” do setor de energia da Colômbia e “prejudicou a confiança dos investidores”.