Como as fortes chuvas afetam a mineração em Minas Gerais

As fortes chuvas no estado brasileiro de Minas Gerais forçaram a paralisação temporária da produção de mineração e afetaram a logística, o que pode levar a uma menor produção anual. Minas Gerais é o segundo estado mais importante para a mineração do Brasil, depois do Pará.

"Historicamente, temos chuvas no Brasil no primeiro trimestre do ano. No entanto, é fato que o volume de chuvas está mais intenso agora por causa dos efeitos do La Niña no país e, se esses volumes intensos continuarem por um período prolongado, podemos ter algum impacto sobre as estimativas de produção das empresas para todo o ano", apontou Pedro Galdi, analista de ações da Mirae Asset Wealth Management, em entrevista à BNamericas.

A Vale, maior mineradora do país, interrompeu parcialmente o serviço da Estrada de Ferro Vitória-Minas. A companhia também interrompeu a produção em seus sistemas sudeste e sul.

"A Vale está tomando todas as medidas necessárias para a retomada das atividades, mantendo o foco nos cuidados necessários para garantir a segurança dos empregados e das comunidades localizadas no entorno de suas estruturas", disse a companhia em uma nota. Ela acrescentou que o guidance para 2022 de 320-335 milhões de toneladas de minério de ferro permanece em vigor.

A segunda maior exportadora de mineração, a CSN Mineração, braço da Companhia Siderúrgica Nacional, também suspendeu temporariamente a extração e movimentação em sua maior mina de minério de ferro, Casa de Pedra.

"A empresa informa também que as operações portuárias de carregamento de minério no [terminal] TECAR do porto de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro, estão suspensas devido ao alto grau de umidade verificado no local", informou a CSN em nota.

Além disso, a Mineração Usiminas, uma joint venture entre a siderúrgica brasileira Simians e a japonesa Sumitomo Corporation, interrompeu as operações de mineração no estado.

“As atividades deverão ser retomadas quando as condições climáticas melhorarem e permitirem acesso seguro às minas e o funcionamento adequado de equipamentos, bem como após uma revisão das condições das instalações em geral”, disse a Usiminas em um comunicado.

BARRAGENS DE REJEITOS

Uma das principais preocupações diz respeito à segurança das barragens de rejeitos.

Em 2015 e 2019, duas barragens se romperam em Minas Gerais, em Mariana e Brumadinho, respectivamente, causando cerca de 300 mortes e graves impactos ambientais.

Os rejeitos são um problema crescente à medida que o minério se esgota, forçando as mineradoras a cavar mais fundo.

"Hoje, as estruturas das barragens das empresas são mais bem monitoradas. Mas, quando chove muito, isso gera mais custos para as empresas, pois elas precisam adotar medidas para mitigar os riscos, como rebaixamento do nível de suas barragens, drenagem forçada, entre outras medidas", analisou Eduardo Leão, consultor de mineração e ex-diretor da agência reguladora de mineração ANM, à BNamericas.

Leão disse que se em Minas Gerais se desenvolver uma situação semelhante à do Pará, com 16 meses de chuva contínua, o problema da barragem se tornará ainda mais urgente.

A associação de mineração Ibram disse em comunicado que "todas as estruturas que compõem as empresas, como barragens de rejeitos, estão sendo monitoradas 24h ao dia e, a qualquer sinal de anormalidade, as autoridades são imediatamente comunicadas e medidas de emergência, como alertas, são tomadas imediatamente".