Destaque: perspectivas para M&As no Brasil este ano

Este ano deve ser marcado por menos fusões e aquisições no Brasil, em meio a um cenário econômico e político nacional e internacional incerto.

“Estamos vivendo em 2023 um ambiente muito parecido com o que tivemos em 2022, de incertezas, e não vejo grande potencial de crescimento nas operações de M&A. Dificilmente teremos um ano mais forte em 2023 do que 2022”, disse Luis Motta (na foto), sócio da área de M&A da KPMG, à BNamericas.

Em 2022, o Brasil registrou 1.728 M&As, uma queda de 12% em relação às 1.963 em 2021, o que foi um recorde anual, segundo a KPMG.

“2022 foi o segundo ano mais forte desde que começamos a compilar esses números em 2003. Apesar disso, houve uma redução gradual no número de transações desde o primeiro trimestre do ano passado, principalmente devido ao menor apetite dos investidores por empresas de tecnologia, que têm historicamente contribuído com a maioria do número de transações”, disse Motta.

A economia do Brasil deve crescer apenas 0,77% este ano, segundo a pesquisa mais recente com 100 economistas conduzida pelo Banco Central, em comparação com uma expansão estimada de 3% no ano passado.

Uma das principais razões para a esperada desaceleração econômica é o alto patamar da taxa Selic em 13,75%, devido aos esforços do Banco Central para reduzir as pressões inflacionárias.

TECNOLOGIA

As fusões e aquisições que envolvem empresas de TIC totalizaram 640 no ano passado.

“Durante o primeiro trimestre da pandemia, vimos uma corrida de empresas de todos os segmentos tentando comprar empresas de tecnologia para acelerar seus processos digitais. Agora, estamos vendo uma redução desse apetite. Mas a tecnologia, pela natureza do negócio, é muito dinâmica e um setor que tende a se recuperar rapidamente no número de transações, pois nos próximos anos teremos inovações e novos negócios sendo gerados com o 5G”, disse Motta.

Segundo o executivo da KPMG, em 2023, apesar dos desafios, o setor de tecnologia ainda será o que terá a maioria das movimentações, enquanto outros segmentos também gerarão um elevado número de operações, como saúde, educação, serviços financeiros e logística.

Para os próximos anos, Motta disse que os planos de privatizações dos principais estados do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, devem gerar aumento nas operações.