Investimentos em energia solar no Brasil devem chegar a R$ 50 bilhões este ano

A energia solar manterá sua trajetória ascendente em 2023, após se tornar a segunda maior fonte de energia elétrica do Brasil.

“Em 2023, provavelmente veremos a expansão da energia solar em 10 GW de potência operacional instalada, o que representará um volume de novos investimentos no valor de R$ 50 bilhões (US$ 9,4 bilhões)”, apontou Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar, à BNamericas.

Nesta semana, a energia solar atingiu 23,9 GW de potência operacional instalada, em comparação com 23,8 GW de energia eólica, segundo a associação. Do total, 16 GW corresponderam à geração distribuída de centrais de pequeno porte, administradas por residências ou pequenas empresas, enquanto 7,9 GW vieram da geração centralizada vendida nos mercados regulado e livre.

A modalidade solar já representa 11,2% da matriz elétrica do país, atrás da hidrelétrica, com 51,3%.

“A energia solar tem se tornado cada vez mais eficiente e barata de ser instalada por pessoas e empresas. Além disso, é uma solução amiga do meio ambiente. Isso tende a incentivar a continuidade da expansão dessa fonte de energia no país neste ano e em médio e longo prazos”, disse Camila Ramos, CEO da consultoria de energia limpa Cela, à BNamericas.

Os incentivos financeiros facilitaram, em especial, a instalação de usinas fotovoltaicas de pequena escala.

No entanto, no dia 6 de janeiro, terminará o prazo de isenção da tarifa de uso da rede para os consumidores que solicitarem às distribuidoras de energia a conexão de sistemas de micro e minigeração.

“Embora haja mudanças no modelo, o avanço das tecnologias na produção de energia solar em grande escala está reduzindo o custo dos projetos, por isso, esses empreendimentos continuam competitivos”, lembrou Ramos, destacando que a energia solar se tornará a principal fonte de energia do país em algum momento entre 2030 e 2040.

As taxas de juros altas prejudicam ainda mais o setor, deixando o financiamento de projetos mais caro. “Os bancos de desenvolvimento do Brasil precisam entender a importância da geração de energia solar para o meio ambiente e trabalhar para oferecer uma linha especial de financiamento para o setor”, comentou Sauaia.

Em 2022, a capacidade solar instalada passou por uma forte expansão. Entre os motores de crescimento futuro estão os projetos de hidrogênio verde, que exigem energia solar ou eólica.

“No Brasil, temos 92 milhões de unidades consumidoras de energia, entre residências, estabelecimentos comerciais e industriais. Desse total, apenas 2 milhões consomem alguma forma de energia solar, então, o potencial de expansão ainda é grande”, acrescentou Sauaia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo mandato começou em 1º de janeiro, também se comprometeu a implementar uma ambiciosa agenda de energia limpa, que deve impulsionar o setor solar.

Desde 2012, quando o Brasil aprovou uma regulamentação que promove o uso de energia renovável, R$ 121 bilhões foram investidos e a emissão de 33,3 Mt de CO₂ foi evitada, segundo a Absolar.