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Análise

O que o setor de energia do Brasil pode esperar sob o governo Lula

Bnamericas Publicado: terça-feira, 10 janeiro, 2023
O que o setor de energia do Brasil pode esperar sob o governo Lula

Espera-se que a nova administração federal do Brasil ofereça incentivos para a transição energética, ao mesmo tempo em que enfrenta o desafio de equilibrar as prioridades do setor de energia com uma ampla agenda ambiental.

Escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, para chefiar o Ministério de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (foto) terá um papel fundamental em um país que segue com um alto nível de polarização política.

A BNamericas conversou com três analistas locais sobre as perspectivas de curto prazo para os setores de energia elétrica e petróleo e gás.

Leandro Lima, analista sênior de risco político da Control Risks

“Esperamos uma continuidade dos esforços para o aumento da capacidade de produção de energia, com investimentos em renováveis. Mas sem deixar as termelétricas de lado, que cumprem um papel muito importante no país, sobretudo no desenvolvimento de um mercado mais robusto de gás natural.

Diante da situação econômica do país, deve haver tensão entre prioridades energéticas e ambientais, tornando a gestão do novo ministro de minas e energia mais complexa. Vale lembrar que a nova ministra do meio-ambiente, Marina Silva, foi uma opositora ferrenha de projetos de hidrelétricas na região amazônica, como Belo Monte.

Outro tema importante para este ano é a renovação do tratado da hidrelétrica de Itaipu com o Paraguai. As negociações já estão acontecendo há alguns anos. Uma complexidade em 2023 é que o Paraguai terá eleições presidenciais, e a gestão dessa energia com o Brasil estará em pauta.

A mineração tem muitas oportunidades na transição energética. Com o foco ambiental do governo Lula, as condições para que esse tema se fortaleça no ministério estão dadas.

Acreditamos que o governo Lula procurará evitar dar sinalizações que assustem o mercado sobre um possível retorno de uma política energética ‘à la Dilma [Rousseff]’, que foi bastante traumática.

O novo ministro do MME é do PSB, um partido de centro que é essencial para a governabilidade de qualquer presidente. Tem, portanto, um papel importante nesse sentido.

Estamos vendo tentativas de grupos radicalizados de apoiadores do ex-presidente [Jair] Bolsonaro de direcionar suas ações a ativos de energia. Houve tentativa de bloqueios de refinarias, e houve um ataque a uma torre de Furnas [subsidiária da Eletrobras]. Então está entrando na agenda do governo a necessidade de proteção à infraestrutura de energia.”

Nelly Colnaghi, analista da Levante Ideias de Investimentos.

“Vemos as declarações de Alexandre Silveira indo ao encontro do já aventado pelo novo governo eleito, reiterando a priorização da agenda de transição energética e a retomada do programa Luz para Todos, uma das promessas da campanha de Lula.

Como ponto de incerteza, vemos ainda a questão da descotização das usinas da Eletrobras, com a equipe de transição já tendo anteriormente sugerido o alongamento dos prazos de descotização, de modo a delimitar os preços da energia das usinas aderentes ao regime por mais tempo.

Nota do editor: Hoje, essas usinas vendem energia a preços mais baixos, o que gera prejuízo para a empresa. Depois da mudança, elas poderão comercializar energia pelos preços do mercado livre. 

Apesar de se tratar de um cenário ainda improvável, tais suposições geram ruído e volatilidade nas ações da companhia. Nesse sentido, seguimos monitorando as sinalizações do ministério em relação a essa e as demais pautas.”

Anderson Dutra, sócio-líder de Energia e Recursos Naturais e Óleo e Gás da KPMG no Brasil

“Espera-se uma desaceleração do processo de desinvestimentos da Petrobras, e aquele boom de IPOs de empresas que compraram ativos da Petrobras deve diminuir.

Por outro lado, os investimentos no pré-sal continuarão de forma bem robusta, ainda que as empresas de óleo e gás estejam olhando para outros segmentos, como o de energias renováveis.

O setor de renováveis vem com força total. O próprio ministro [de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo] Alckmin já disse que vai incentivar a indústria para melhorar as condições de retorno dos investimentos em renováveis. E deve haver um destravamento de questões regulatórias relativas ao hidrogênio e à geração eólica offshore.

No setor elétrico é esperada a manutenção de investimentos em digitalização, focando em eficiência operacional para reduzir o custo da energia e melhorar as condições das concessões existentes.

Também é esperado que o ‘prossumidor’, isto é, o consumidor que também produz energia, tenha novos destravamentos regulatórios para que sua comercialização de energia possa fluir melhor.”

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