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Petrobras continua lucrativa apesar da queda no segundo trimestre

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Petrobras continua lucrativa apesar da queda no segundo trimestre

A Petrobras registrou lucro líquido de US$ 5,8 bilhões no segundo trimestre, queda de 20,3% em relação ao trimestre anterior e de 35,9% em relação ao ano anterior.

O resultado refletiu principalmente um preço mais baixo do Brent, uma queda de 40% no crack spread do diesel (ou seja, a diferença entre derivados e petróleo bruto) e maiores despesas operacionais, em particular US$ 400 milhões em encargos de redução ao valor recuperável e US$ 100 milhões em impostos.

Mahatma Santos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), espera que a Petrobras permaneça em seus níveis atuais de receita e lucro nos próximos trimestres, mas diz que isso dependerá de a Petrobras manter seus preços de combustível abaixo do preço de paridade de importação (PPI) e de outros fatores como os preços internacionais do petróleo e a taxa de câmbio local. (Manter os preços dos combustíveis abaixo do PPI aumenta o custo das importações da Petrobras.)

“O cenário é de incerteza, dado o contexto de forte tensão geopolítica devido à guerra na Ucrânia, que tem impactos diretos nos preços do gás natural, GLP [gás de cozinha] e outros insumos para a indústria”, disse Santos à BNamericas.

Ele disse que a queda nos lucros e dividendos dos acionistas em relação aos números divulgados no governo anterior de Jair Bolsonaro causaria insatisfação entre os agentes do mercado financeiro.

“Mas eles precisam entender que a Petrobras e o Brasil vivem um momento diferente. A empresa agora está alinhada com uma estratégia de desenvolvimento nacional, que foca tanto na soberania energética quanto na garantia de abastecimento a preços justos no mercado doméstico”, acrescentou Santos.

Luan Alves, analista-chefe da VG Research, disse que ainda há riscos relacionados à nova política de preços de combustíveis da Petrobras, adotada em maio passado. “A empresa está com uma defasagem de cerca de 20% [do PPI] no momento”, afirmou em comunicado.

Flávio Conde, da Levante Investimentos, atribuiu a queda na receita e no lucro da Petrobras à defasagem de 10 a 20% entre os preços dos combustíveis e o PPI durante o segundo trimestre de 2023, conforme o comunicado.

O CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a queda se deveu à queda do Brent e ao aumento dos investimentos. “Uma coisa é certa: não estamos perdendo dinheiro com essa política [de preços]. Sabemos compensar, e a faixa em que estamos operando é segura para cada um dos produtos”, disse ele em entrevista coletiva na sexta.

EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO

A Petrobras planeja perfurar poços nos blocos Água Marinha, Norte de Brava e Sudoeste de Sagitário em 2024. A empresa também estuda uma estratégia para estender a vida útil dos campos de Tupi/Iracema.

Espera até o final do ano a licença de perfuração da Margem Equatorial para iniciar os trabalhos nas bacias da Foz do Amazonas e/ou Potiguar.

“Provavelmente manteremos [o plano de perfurar] 16 poços nas cinco bacias [da Margem Equatorial] em cinco anos, com investimentos da ordem de US$ 3 bilhões, em linha com o atual plano de negócios”, disse Joelson Mendes, diretor de E&P da Petrobras à conferência de imprensa.

Ele acrescentou: “todas as áreas da América Latina, como Guiana e Suriname – e a África Ocidental – são de nosso interesse. Estamos atentos às rodadas de licitações e conversando com potenciais parceiros.”

FPSOs

O segundo FPSO da revitalização de Marlim, Anita Garibaldi, está previsto para entrar em operação ainda este mês, e a segunda unidade do campo de Mero, Sepetiba, até o final do ano.

O diretor-executivo de engenharia, tecnologia e inovação da Petrobras, Carlos Travasso, disse que a empresa decidiu trabalhar com conteúdo local não obrigatório na contratação do FPSO Barracuda e Caratinga para testar a competitividade do mercado.

“Embora esta unidade não tenha conteúdo local obrigatório, o investimento neste sistema de produção, que inclui equipamentos submarinos, poços etc., é da ordem de US$ 2 bilhões”, afirmou.

Prates disse que o conteúdo local não deve ser visto como um fardo. “O percentual em Barracuda e Caratinga não compromete absolutamente nada. Serve como um teste importante para começar a reconstruir esse processo [de nacionalização] que gera empregos no Brasil”, disse ele, na coletiva de imprensa.

REFINO E VENDAS DE COMBUSTÍVEIS

A Petrobras lançou nesta sexta-feira (04) a licitação para a construção do segundo trem de refino da refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco.

O projeto adicionará cerca de 13 MMl/d de diesel S10 à capacidade de produção nacional. Na mesma usina, a Petrobras realiza as obras da unidade de abatimento de emissões e a modernização do primeiro trem de refino da usina.

O diretor de comercialização da empresa, Cláudio Schlosser, disse na coletiva que a estratégia de precificação dos combustíveis está ajudando na competição com os crescentes volumes de diesel russo que estão entrando no Brasil. “A estratégia comercial implementada em maio permite à Petrobras ajustar seus preços economicamente, dada esta nova alternativa de cliente”, disse.

INTEGRAÇÃO REGIONAL

Prates enfatizou que a Petrobras está novamente interessada na Bolívia, principalmente na produção de gás, inclusive por questões geopolíticas. “Consideramos interessante avaliar áreas na Bolívia desde que haja conversas para melhorar o ambiente fiscal e contratual local”, disse a investidores.

Os negócios na Argentina dependem da conexão das redes de gás dos países. “O ideal é chegar a um ponto em que todo esse conjunto de reservas e consumidores esteja ligado em um anel, para poder ser revertido quando houver inverno de um lado ou do outro”, disse Prates.

TRANSIÇÃO DE ENERGIA

O diretor de transição energética, Maurício Tolmasquim, destacou que a empresa está discutindo potenciais parcerias eólicas onshore e offshore, além de energia solar fotovoltaica.

Também estuda produzir hidrogênio azul e verde para exportação e um projeto de amônia verde com a Unigel, que poderá ser financiado pelo banco de fomento BNDES.

A Petrobras aguarda um marco regulatório de captura, utilização e armazenamento de carbono para entrar nesse mercado. “Vamos implantar uma planta-piloto em Cabiúnas [RJ]. Se der certo e sair o marco regulatório, a ideia é criar um polo comercial lá ou em outras regiões”, disse Tolmasquim a jornalistas.

ENERGIA TÉRMICA

A Petrobras iniciou um processo para avaliar as condições comerciais para a construção de uma termelétrica de 600 MW no polo de Gaslub, no Rio de Janeiro. A construção depende de vitória em leilão de energia elétrica que a Aneel planeja para 2024.

Segundo Tolmasquim, o projeto traz vantagens competitivas por estar próximo à nova usina de processamento de gás natural da Gaslub, prevista para entrar em operação no ano que vem.

PETROQUÍMICA

O CFO Sérgio Leite disse que as propostas não licitatórias apresentadas pela Adnoc/Apollo, Unipar e J&F para a compra do controle acionário da Novonor na petroquímica Braskem expiraram. A Petrobras tem direito de preferência para comprar a participação da Novonor.

A empresa iniciou um processo interno para reavaliar a Braskem caso alguma das propostas se torne vinculativa. “Sabemos que esses grupos estão negociando com bancos e com a Novonor”, disse Leite.

A Petrobras também assume a retomada das atividades da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados, no Paraná, em oito meses e a conclusão da fábrica da UFN III, no Mato Grosso do Sul, que está 80% concluída, enquanto se une à Unigel para reabrir as unidades de Sergipe e Bahia.

“É um passo muito importante porque representa a entrada da Petrobras na produção de fertilizantes, estratégica para a empresa e para o país”, disse Prates.

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