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Planos hídricos de candidata da oposição recebem críticas no México

Bnamericas
Planos hídricos de candidata da oposição recebem críticas no México

Os planos apresentados pela principal candidata da oposição mexicana nas eleições presidenciais deste ano, Xóchitl Gálvez, priorizam o uso de água tratada para reabastecer aquíferos esgotados, mas isto pode ser muito mais complexo do que o esperado, apurou a BNamericas.

Gálvez apresentou seus planos de infraestrutura e água em 14 de março, descrevendo o que faria se vencesse as eleições de 2 de junho.

“Haverá recarga em massa dos aquíferos do país com águas residuais tratadas”, declarou. “Investiremos pesadamente no tratamento de água e modernizaremos as estações de tratamento de água que não estão mais em operação.”

Para Manuel Lizardi, membro da Associação Mexicana de Hidráulica (AMH) e do Conselho Mundial da Água (WWC), a proposta é positiva.

“É uma excelente ideia recarregar os aquíferos com água tratada. Aqui em Tijuana recebemos 5 m³ de água por segundo – 80% disso vira esgoto e 90% desse esgoto é descartado no mar”, disse em entrevista ao BNamericas.

No entanto, a execução do plano poderá revelar-se complexa, pois exigiria grandes investimentos em projetos de infraestrutura hídrica, bem como estudos ambientais, cooperação interinstitucional e uma campanha de educação pública.

“Antes de implementar qualquer projeto de recarga dos aquíferos com água tratada, deve ser realizada uma avaliação de impacto ambiental para determinar o possível impacto que isso poderá ter na biodiversidade, nos ecossistemas e na qualidade do solo, porque pode potencialmente danificar o ambiente”, afirmou à BNamericas o associado sênior da DAT Consultores, além de especialista em meio ambiente, Miguel Cancino.

Segundo ele, será necessário um grande investimento para construir estações de tratamento de águas residuais que possam produzir água tratada que cumpra os padrões de qualidade, juntamente com um sistema de distribuição adequado para transferir a água das estações de tratamento para as áreas de recarga.

“Se a qualidade da água não for garantida, terá efeitos negativos na saúde [dos consumidores] e no ambiente”, afirmou.

De acordo com o artigo 27 da constituição mexicana, a água é um bem comum que pertence à nação, portanto será necessária uma cooperação interinstitucional para recarregar os aquíferos, envolvendo municípios, administrações estaduais e o governo federal.

“Com certeza os níveis de governo irão se sobrepôr, uma vez que os aquíferos podem ter uma localização que não necessariamente se encontra no território gerido por uma destas entidades governamentais. Será necessário um planejamento eficaz que envolva os três níveis de governo”, comentou Cancino.

Mais importante ainda, o plano de Gálvez deveria ser acompanhado por uma campanha de educação pública, para mostrar às pessoas que as águas residuais tratadas são seguras para uso doméstico.

“A aceitação da sociedade é crucial para esta política. Se não aceitarem e não houver provas científicas que apoiem esta [visão], não dará certo”, acrescentou Cancino.

Segundo as pesquisas, a candidata governista Claudia Sheinbaum é a favorita para vencer as eleições em junho.

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