Por que a Telxius está se unindo ao cabo EUA-Brasil-Argentina do Google

A Telxius, empresa de cabos submarinos da Telefónica, parece estar apostando na complementaridade das redes e num conceito de “co-opetição”, ao unir-se ao cabo Firmina do Google.

O cabo, que até agora pertence integralmente ao Google, conectará a costa leste dos EUA com Las Toninas, na Argentina, Punta del Este, no Uruguai, e depois Praia Grande, em São Paulo.

O sistema deverá entrar em operação nos próximos meses.

Com mais de 14 mil quilômetros de extensão e 12 pares de fibra óptica, deverá fornecer aos usuários acesso rápido e de baixa latência a produtos Google, como Busca, Gmail e YouTube, bem como ao Google Cloud.

VENDA CRUZADA E UPSELL

Ainda não está claro se a Telxius fará parte de um consórcio formal com o Google para o Firmina, ou se terá direito a alguns pares de fibra para oferecer aos seus clientes, em troca de investimentos no sistema.

“No atual cenário de negócios em rápida evolução, acreditamos no crescimento contínuo da nossa rede internacional de cabos submarinos para criar grandes oportunidades de negócios a todos os envolvidos. Também estamos muito satisfeitos em anunciar a ampliação de nossa colaboração com a Google e confirmar nossa missão compartilhada de investir conjuntamente em infraestrutura de Internet”, afirmou Mario Martín, CEO da Telxius

Pelo que se sabe, a estratégia tem um importante alcance comercial de venda cruzada e upsell de serviços de transporte de dados para ambas as empresas.

Isso porque, segundo a Telxius, seus “clientes se beneficiarão de três rotas redundantes entre os EUA e o Brasil (Firmina, Brusa e SAm-1), assim como de três rotas redundantes que se estenderão à Argentina (Firmina, Tannat e SAm-1)."

A Telxius informou, ainda, que as rotas devem criar novas oportunidades para as empresas porque irão acelerar o tráfego de dados e impulsionar a economia digital.

Bursa e SAm-1 são propriedades da Telxius, enquanto Tannat era um cabo de propriedade conjunta entre o Google e a uruguaia Antel.

A Telxius acabou de informar que o Tannat também faz parte de seu portfólio, junto com o Firmina.

“A rede Telxius possui mais de 100 mil quilômetros de fibra submarina e terrestre, incluindo oito sistemas submarinos de última geração: Marea, Brusa, Dunant, Tannat, Junior, Mistral, Tikal e agora o Firmina”, segundo a Telxius.

PARTE TÉCNICA

O acordo da Telxius com o Google também tem um componente técnico interessante.

Como parte do anúncio, a Telxius informou que abrigará o Firmina em seu “hub digital de Santos”.

Santos fica ao lado da Praia Grande e é ponto de aterrissagem do SAm-1 e Tannat, além de outros sistemas como Monet, SAC e Junior.

Isso poderá representar uma possível interligação entre os dois pontos de aterrissagem próximos.

A Telxius aposta em diferentes estratégias para o cabo submarino, seja em colaboração com um parceiro, seja investindo sozinha.

Em outubro, por exemplo, a Telxius anunciou que estenderia seu cabo submarino de alta capacidade Tikal até Cancún, no México.

Todo esse sistema é copropriedade da América Móvil, mas a Telxius disse que investiria sozinha na extensão de Cancún.

O Google, por sua vez, anunciou em setembro um novo sistema próprio, EUA-Europa, com filial nas Bermudas.