Por que o mercado acolheu as indicações para a diretoria da Petrobras

As indicações do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para compor a diretoria executiva da empresa brasileira foram bem recebidas pelos analistas locais consultados pela BNamericas.

O novo diretor da petrolífera nacional revelou os cinco nomes na quinta-feira (02).

A Petrobras informou em nota que as indicações passarão por uma análise interna antes de serem apresentadas ao conselho administrativo.

As escolhas do Prates

O engenheiro químico Claudio Schlosser foi escolhido para assumir a área de comercialização e logística. Trabalha na Petrobras desde 1987, possui experiência nas áreas de processamento, comercialização e logística.

Prates escolheu o engenheiro mecânico Carlos Travassos para comandar o desenvolvimento da produção da empresa. Ele trabalhou na Petrobras por 33 anos e atualmente é gerente-executivo de sistemas de superfície, refino, gás e energia.

Também engenheiro mecânico, Joelson Falcão Mendes foi selecionado para a área de exploração e produção. Mendes ingressou na Petrobras em 1987 como engenheiro de equipamentos e ocupou vários cargos gerenciais nos últimos 31 anos

Para a área de refino e gás natural, Prates escolheu William França, engenheiro químico que trabalha na Petrobras desde 1988.

E o especialista em TI Carlos Augusto Barreto foi escolhido para assumir o cargo de diretor de gestão de inovação e transformação digital da Petrobras. Com uma carreira corporativa de 25 anos, ele trabalhou para o Federal Reserve e o banco americano da Mitsubishi, além de empresas não financeiras como a Charter Communications e a Cushman Wakefield.

Reação do mercado

Para Fabrício Gonçalvez, presidente da Box Asset Management, os cinco são altamente qualificados para ajudar na gestão da Petrobras.

“O fato de muitos dos candidatos terem formação em áreas como engenharia, finanças, direito, tecnologia da informação e gestão empresarial mostra que a Petrobras está em busca de profissionais com conhecimento técnico e estratégico para compor sua equipe de liderança”, disse à BNamericas.

Gonçalvez destacou que a maioria deles está na Petrobras há muitos anos e tem comprovada capacidade de liderança. “Isso pode aumentar a confiança dos investidores, pois verão a empresa como mais estável e preparada para enfrentar os desafios do mercado.”

O fato de quatro dos cinco indicados já serem empregados de carreira da Petrobras traz uma “forte bagagem de experiência” e um profundo conhecimento técnico do negócio, disse Signey Lima, analista da Top Gain.

Para Lima, as maiores preocupações do mercado continuam sendo a ingerência política na gestão da empresa e a possível retirada da política de preços de combustíveis (PPI) de paridade de importação do país.

“Ao escolher nomes de carreira em vez de fazer indicações meramente políticas, os investidores acabam gostando disso”, disse Lima à BNamericas. “Não significa necessariamente que a possibilidade de retirar a PPI tenha sido extinta, mas qualquer mudança nas diretrizes tenderia a ser gradual e com menor impacto imediato.”

Mahatma Ramos dos Santos, pesquisador do instituto de estudos de petróleo Ineep, disse que as indicações podem representar um ponto de partida para possíveis mudanças na estrutura corporativa da empresa.

Assim como os demais analistas, ele destacou que a maioria das indicações envolve empregados de carreira, o que reforça a hipótese de que está sendo valorizado o conhecimento técnico que esses profissionais acumularam na Petrobras.

“Ainda temos que aguardar a estratégia de negócios que será traçada pela nova gestão e objeto de diálogo entre a presidência da Petrobras, a diretoria e o governo, o acionista majoritário”, disse Santos à BNamericas.

Mais três indicações – para as áreas de relações institucionais e sustentabilidade; finanças e relações com investidores; e governança e compliance – ainda serão feitas por Prates.