Brasil e China
Análise

Relações energéticas entre Brasil e China: por que elas devem melhorar com Lula

Bnamericas Publicado: segunda-feira, 06 fevereiro, 2023
Relações energéticas entre Brasil e China: por que elas devem melhorar com Lula

As relações entre o Brasil e a China no setor de energia provavelmente melhorarão sob o comando do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, disseram especialistas locais à BNamericas.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil, mas as relações diplomáticas entre os dois países se deterioraram durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que perdeu a candidatura à reeleição e encerrou seu mandato em dezembro.

Apoiadores convictos do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, Bolsonaro e seu filho, o senador Eduardo Bolsonaro, assim como o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, atacaram publicamente a China em diversas ocasiões por motivos ideológicos.

“Os chineses não pararam de investir no Brasil, mesmo durante o governo Bolsonaro. O que vejo agora é uma possibilidade de melhoria dessa relação, com Lula”, disse à BNamericas Décio Oddone, chefe do setor de energia do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e ex-diretor-geral da ANP.

Ao mesmo tempo em que busca acesso a reservas de petróleo e gás e lucratividade, a expectativa é que a China avance com uma estratégia integrada no setor de energia elétrica.

“Eles começaram com linhas de transmissão e agora estão investindo em fontes renováveis. E, mais adiante, podem migrar para o hidrogênio verde”, apontou Oddone, que dirige a empresa brasileira de petróleo e gás Enauta.

Ticiana Alvares, doutora em economia política internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), prevê que no governo Lula haverá uma política externa mais proativa de cooperação sul-sul, tanto em termos de integração regional quanto de fortalecimento de grupos comerciais como os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

“Assim, a China terá um lugar importante nessa retomada [das relações sul-sul], já que é o principal parceiro comercial do Brasil e de outros países latino-americanos”, comentou em bate-papo com a BNamericas.

Alvares destacou que há um grande potencial de negócios de energia dentro dos BRICS, em que Brasil e Rússia são fornecedores, e China e Índia, consumidores.

“O Brasil também é referência em energia renovável e a China tem metas importantes para diversificar sua matriz energética, o que aumenta esse potencial”, acrescentou ela.

Investimentos chineses em energia

Apesar do atrito ideológico, Bolsonaro se reuniu em Pequim com o presidente chinês Xi Jinping (foto) em outubro de 2019 para assinar um acordo de cooperação para o desenvolvimento de projetos de energia renovável, bioenergia e eficiência energética.

Na ocasião, Bolsonaro convidou a China a participar de um grande leilão de petróleo e gás que seria realizado pela ANP no mês seguinte.

As chinesas CNOOC e CNODC fecharam parcerias com a Petrobras para adquirir os volumes excedentes do campo de Búzios por um bônus de assinatura de aproximadamente R$ 70 bilhões (US$ 13,5 bilhões).

Búzios é o segundo maior campo de petróleo e gás do país, atrás apenas de Tupi. Ao contrário de Tupi, Búzios tem uma curva de produção ascendente, já que vários novos FPSOs estão programados para entrar em operação até 2026 e após esta data.

A CNOOC e a CNODC também possuem participações no campo de Mero, no gigante bloco de Libra, operado pela Petrobras.

Mero produz cerca de 245.000 boe/d com o FPSO Guanabara, que iniciou suas operações em 2022.

Até 2025, outras três plataformas flutuantes estão programadas para começar a produzir no pré-sal: Sepetiba, Marechal Duque de Caxias e Alexandre de Gusmão, cada uma com capacidade de produzir 180.000 b/d de óleo e 12 MMm³/d (milhões de metros cúbicos por dia) de gás natural.

Outras frentes com potencial para aumento de produção dos grupos chineses são os diversos blocos exploratórios em seu portfólio, nas bacias do Espírito Santo (ES-M-592) e de Santos (Peroba, Alto de Cabo Frio Oeste, Pau Brasil e Aram).

A State Grid Brazil Holding (SGBH), empresa pertencente ao grupo State Grid Corporation of China, está no Brasil desde 2010, atuando no setor de transmissão.

Hoje, conta com mais de 16.000 km de linhas de transmissão por meio de 19 concessionárias e outras cinco concessões via consórcios com 51% de participação cada.

A State Grid é acionista majoritária da CPFL Energia, que planeja investir cerca de R$ 5 bilhões este ano, dos quais R$ 3,9 bilhões serão destinados para distribuição de energia, R$ 640 milhões para transmissão e R$ 520 milhões para geração.

Enquanto isso, a subsidiária brasileira da chinesa State Power Investment Corporation (SPIC) pretende se tornar um dos três principais players privados de geração de energia no país até 2025.

Até lá, a empresa terá mais de 5 GW de capacidade instalada, incluindo termelétricas a gás e parques eólicos.

Outro player chinês importante no Brasil é a ByD, cujo investimento previsto para os próximos três anos chega a R$ 10 bilhões, com foco em energia solar e mobilidade elétrica.

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