Tom mais brando de AMLO traz esperança para projetos de lítio no México
O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador (AMLO) adotou um tom mais brando ao falar sobre as concessões de lítio de propriedade estrangeira em uma mudança que pode ser positiva para a chinesa Ganfeng Lithium, que busca avançar seu projeto Sonora, de US$ 420 milhões (na foto).
Mas a mudança de atitude pode ter poucos efeitos para aliviar os riscos elevados enfrentados pela nova indústria após a aprovação de uma lei para nacionalizar o metal usado em baterias.
A administração de esquerda do partido Morena, de AMLO, aprovou a lei de nacionalização em abril, que limita as atividades de exploração, processamento e mineração de lítio ao Estado, por meio de uma empresa estatal planejada.
O presidente anunciou posteriormente uma revisão de todas as concessões de lítio existentes, incluindo as de Sonora, o único grande projeto de lítio em estágio avançado do México, que deve começar a operar no segundo semestre de 2024.
Embora AMLO tenha declarado anteriormente que a Ganfeng e outras empresas estrangeiras não teriam permissão para minerar lítio, os comentários desta semana marcaram uma mudança de abordagem.
“No caso de contratos [de concessão] aprovados previamente, eles serão verificados para ver se tratavam da exploração de lítio, e não de minerais em geral”, disse AMLO em entrevista coletiva em 6 de junho.
“Se a solicitação foi para explorar lítio e estiver tudo em ordem, em projetos de exploração e produção, eles serão respeitados.”
Nenhuma outra licença ou concessão de lítio será outorgada, acrescentou, e os recursos futuros serão administrados pela empresa estatal, depois que ela for estabelecida.
A nova empresa estatal poderá estabelecer relações com empresas que queiram comprar o lítio.
“Assim, a estatal pode fazer negócios, mas o dono do mineral é o povo mexicano”, afirmou AMLO.
NÍVEL DE RISCO
Embora o tom mais brando seja um bom sinal para a Ganfeng, a atitude pode não ter um impacto positivo significativo para a indústria em geral.
Além do Sonora e da expansão de US$ 380 milhões da Fase 2 de Sonora, a BNamericas tem perfis de 18 projetos mexicanos de lítio, todos em estágios iniciais de exploração.
“O tom do presidente mudou, mas não acho que isso vai necessariamente reduzir o nível de risco do país”, avaliou Chris Berry, estrategista de metais energéticos e presidente da consultoria norte-americana House Mountain Partners, em bate-papo com a BNamericas.
“É um acontecimento positivo para a Ganfeng e isso, juntamente com a disposição da empresa para construir uma instalação de reciclagem de baterias de íons de lítio no país, deve ajudar sua causa, pois muitos países querem ver uma estratégia de integração vertical construída.”
Porém, as perspectivas de longo prazo para o envolvimento do setor privado no nascente espaço de lítio do México permanecem incertas.
“É muito cedo para saber com certeza se essa medida é ou não um retrocesso permanente contra as operações estrangeiras de lítio, mas o tempo dirá”, acrescentou Berry.
RESPOSTAS DA INDÚSTRIA
Com AMLO não descartando parcerias entre a empresa estatal de lítio e players do setor privado, as empresas mostraram disposição para trabalhar com as autoridades e a empresa estatal no desenvolvimento do lítio.
A Advance Lithium, que adquiriu uma opção em 13 salares de lítio e potássio no México no ano passado, disse que concluiu um trabalho importante para estabelecer grandes zonas de mineralização de lítio, potássio e boro, com reivindicações em situação regular e toda a documentação em ordem, informou a empresa este mês.
A empresa canadense, que também tem uma patente pendente para um método de extração de lítio e potássio, está avaliando possíveis parcerias com a empresa estatal de lítio.
“O potencial de produção de curto prazo de produtos de lítio e potássio coloca a empresa em uma posição única com seus depósitos de salares/lagos salgados. Esperamos discutir as oportunidades de lítio com a nova empresa nacional mexicana de lítio”, disse a Advance em um comunicado.
Embora a Ganfeng não tenha respondido publicamente aos comentários mais recentes de AMLO, a empresa disse em abril que esperava trabalhar com o governo mexicano para continuar seu investimento em Sonora, que poderia ser integrado a outros projetos de extração de lítio para abastecer o setor automotivo mexicano.
As empresas também atingiram marcos de exploração, tecnologia e M&A nos ativos mexicanos de lítio nos últimos meses, apesar dos riscos da lei de nacionalização.
A Ganfeng concluiu a aquisição da Bacanora Lithium, ex-proprietária de Sonora, enquanto a Rockland Resources iniciou em março um programa de exploração de campo de reconhecimento em seu projeto de argila Elektra.
A Silver Valley Metals (antiga OrganiMax Nutrient), porém, está planejando vender seu trio de projetos mexicanos, que estão entre os ativos de lítio em estágio de exploração mais avançados do país.
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