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Como a mineradora canadense Ero Copper planeja crescer no Brasil

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A canadense Ero Copper é uma mineradora que aposta no mercado brasileiro, onde possui ativos em três estados.

Nesta entrevista por e-mail, a BNamericas fala com o cofundador e CEO David Strang sobre os planos de crescimento da empresa para seus diferentes projetos.

A Ero controla a mineradora de cobre Mineração Caraíba, proprietária dos ativos de Caraíba, que compreendem as minas subterrâneas Pilar e Vermelhos e a mina a céu aberto Surubim, na Bahia. A empresa também possui o projeto de desenvolvimento de óxido de ferro, cobre e ouro Boa Esperança (conhecido como Tucumã), no Pará. Além disso, é dona da NX Gold, controladora da mina de ouro e prata Xavantina, no Mato Grosso.

BNamericas: A Ero Copper tem uma série de grandes projetos em andamento no Brasil. Você pode falar um pouco sobre o estágio atual de cada um deles em termos de licenciamento e produção esperada?

Strang: As principais iniciativas de crescimento da Ero Copper incluem (i) a construção do projeto Tucumã, um depósito de IOCG [óxido de ferro, cobre e ouro], localizado na província mineral de Carajás, no estado do Pará; (ii) a construção de um novo poço externo no carro-chefe da empresa, Caraíba; e (iii) a execução da iniciativa NX 60 nas operações de Xavantina.

A Ero Copper iniciou a construção do projeto Tucumã em abril de 2022 e está se aproximando de 50% da conclusão física. A produção deve começar no segundo semestre de 2024 e mais do que dobrar a produção consolidada de cobre da Ero, para aproximadamente 100.000 a 110.000 toneladas em 2025.

Espera-se que o novo poço externo nas operações de Caraíba, com conclusão prevista para o final de 2026, permita níveis de produção de minério mais altos e sustentados, bem como custos unitários mais baixos e menos emissões de carbono a partir de 2027. Depois de construído, esse poço será o segundo mais profundo da América do Sul.

Nas operações de Xavantina, a iniciativa NX 60 está focada em alcançar níveis constantes de produção anual de ouro de aproximadamente 60.000 onças, principalmente por meio do desenvolvimento de uma segunda fonte de alimentação do moinho e da utilização da capacidade excedente na usina de Xavantina.

A partir do segundo semestre de 2023, a produção do veio Santo Antônio será complementada pela produção do veio Matinha, aumentando o uso da usina de aproximadamente 60% para quase 75% e elevando a produção anual de ouro prevista para uma faixa de 55.000 a 60.000 onças a partir de 2024.

BNamericas: Você pode detalhar o plano de capex atual para cada um dos projetos? Do total, quanto já foi desembolsado e quanto será desembolsado nos próximos anos?

Strang: Para o projeto Tucumã, o capex total é de cerca de US$ 305 milhões.

Cerca de US$ 80 milhões foram gastos até o final do primeiro trimestre de 2023, incluindo equipamentos e depósitos contratuais, resultando em gastos remanescentes de cerca de US$ 225 milhões. Gastamos uma parte significativa desses US$ 225 milhões restantes no segundo trimestre de 2023, e divulgaremos nossos relatórios financeiros do segundo trimestre no início de agosto.

Para o projeto do novo poço externo nas operações de Caraíba, temos capex total de cerca de US$ 300 milhões, incluindo infraestrutura associada, ventilação, resfriamento, equipamentos e contingência. Até o momento, gastamos US$ 70 milhões no poço.

BNamericas: Em termos de financiamento, a empresa vai financiar esses projetos com recursos próprios ou tem planos de acessar o mercado de capitais vendendo ações ou títulos?

Strang: A Ero Copper emitiu US$ 400 milhões em títulos no primeiro trimestre de 2022 para financiar suas iniciativas de crescimento com um cupom atrativo de 6,5%. Os recursos dessa emissão de títulos combinados com os fluxos de caixa operacionais da empresa fornecem capital suficiente para financiar os projetos de crescimento da Ero.

BNamericas: Para os projetos em andamento e previstos no Brasil, quais são as necessidades de curto prazo para contratação de máquinas, equipamentos e serviços?

Strang: Com exceção da empreiteira para a instalação dos poços, a UMS, da África do Sul, todos os empreiteiros e fornecedores para os principais projetos da Ero têm operações no Brasil ou são brasileiros.

Em nosso projeto Tucumã, estamos intensificando programas de treinamento de mão de obra em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), uma organização sem fins lucrativos focada em melhorar a competitividade do setor manufatureiro do Brasil por meio de educação técnica e profissional, para desenvolver as habilidades e a força de trabalho locais necessárias para apoiar o desenvolvimento e a operação deste projeto.

Esperamos obter 100% de nossos funcionários e contratados no Brasil, incluindo aproximadamente dois terços vindos de comunidades vizinhas ao projeto Tucumã.

BNamericas: Vocês pretendem vender ou comprar algum ativo no Brasil? Estão em busca de parceiros?

Strang: A Ero Copper não está planejando vender nenhum ativo, nem está procurando parceiros. Com relação a operações de M&A, nosso foco é expandir os negócios no Brasil, aproveitando a experiência e o grande potencial de nossas equipes de exploração e construção de minas no país. Dessa forma, qualquer oportunidade externa avaliada normalmente envolve projetos em estágio de exploração e desenvolvimento.

BNamericas: Qual é a sua estimativa em relação aos preços do cobre para o final de 2023?

Strang: Em geral, a Ero está bastante otimista com o cobre, considerando as aplicações e o papel esperado no início da transição energética global.

Dito isso, a Ero administra seus negócios de uma maneira agnóstica em relação ao preço do cobre. Estamos empenhados em permanecer no quartil mais baixo da curva de custo e energia, protegendo, assim, nossos negócios da volatilidade do preço do metal e sendo um operador responsável.

BNamericas: Nos últimos anos, devido à pandemia e à guerra da Rússia na Ucrânia, projetos em diferentes setores, inclusive de mineração, sofreram pressões de custos e capex com preços mais altos de insumos, custos de logística etc. Quais são as principais pressões que você vê hoje?

Strang: Embora a inflação tenha diminuído, estamos monitorando de perto o desempenho do real, que se fortaleceu desde o início do ano.

Nosso guidance divulgado no início deste ano assumiu uma taxa de câmbio de 5,3:1 nos próximos cinco anos. No entanto, o real teve uma média de 4,95 em relação ao dólar no primeiro trimestre de 2023 e se fortaleceu ainda mais, para R$ 4,80.

Embora ainda estejamos seguindo nossas estimativas de guidance para custos unitários e de capital, isso pode mudar se o real continuar nos níveis atuais ou se fortalecer ainda mais.

BNamericas: Uma das discussões mais importantes hoje no Congresso brasileiro é a reforma tributária. As mineradoras se mostraram preocupadas com um dos artigos da reforma, que autoriza os governos estaduais a implementar tributos sobre a mineração e outros setores. Como você avalia o risco de aumento de impostos? Isso poderia inviabilizar os projetos, se aprovado?

Strang: Nesta fase, é muito cedo para determinar qual será o resultado final das propostas da reforma tributária. Certamente, a proposta aprovada pela Câmara dos Deputados permitiria que os estados criassem impostos para um amplo espectro de indústrias, incluindo mineração, mas ela ainda precisa ser avaliada pelo Senado, que é uma parte importante do processo.

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