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Ian Taylor aposta na logística latino-americana

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Ian Taylor aposta na logística latino-americana

A Ian Taylor, subsidiária das Empresas Taylor, iniciou suas operações de logística portuária em Bogotá há um ano, quando a cadeia de suprimentos estava sob pressão após a pandemia.

A empresa também oferece logística marítima no Equador, Peru, Bolívia e Chile e espera tirar proveito da transição energética.

A BNamericas conversa com o gerente regional de desenvolvimento de negócios e projetos da Ian Taylor, Carlos Muñoz, sobre o primeiro ano na Colômbia, planos de expansão da empresa e regulamentações.

BNamericas: Após um ano na Colômbia, quais são os desafios da empresa no país?

Muñoz: Começamos com a representação da Hoyer na Colômbia e temos tido sucesso em seu desenvolvimento. Diante disso, vemos que é hora de começar a desenvolver as outras linhas de negócios da nossa empresa.

Na Taylor, estamos focados em desenvolver a gama de negócios relacionados com logística, desenvolvimento de cargas de projetos e transporte de maquinário relacionado.

BNamericas Como foi a evolução do mercado colombiano?

Muñoz: Na Cúpula de Expansão Portuária 2023, realizada na semana passada em Cartagena, houve uma grande participação de empresas ligadas ao governo, e foi possível perceber o destaque que está sendo dado não só à infraestrutura, mas também à mudança da matriz energética e aos fatores que afetarão os projetos futuros.

A Colômbia está em um estágio inicial em termos de investimento nesse tipo de projeto. Desse ponto de vista, para nós, é um desafio interessante.

Entendemos – e esse foi um dos consensos da cúpula – que esse tipo de projeto vai promover investimentos relacionados com infraestrutura viária, ferroviária e portuária, que deverá ser adaptada às necessidades desse tipo de energia para que a logística seja mais ideal. Nós vemos muitas oportunidades de crescimento.

BNamericas: Quais são as principais oportunidades que vocês vislumbram?

Muñoz: Especificamente, são as quatro áreas de negócios que a empresa administra. Temos a área de serviços integrados para tudo que tem a ver com logística e logística complexa, a área de agenciamento, o desenvolvimento do mercado de líquidos e a área de operações portuárias.

BNamericas: Como a legislação atual pode ajudar a empresa a enfrentar com sucesso os novos desafios?

Muñoz: Com base no que podemos avaliar, acho que as leis vão ser adaptadas – e já estão sendo – para que o investimento seja feito com mais fluidez, principalmente o que vem de fora.

Há um consenso geral – não só de entidades governamentais, mas também entre desenvolvedores, setor privado e investidores estrangeiros – de que existe uma visão positiva sobre como a legislação será alterada para atrair investimentos para projetos de infraestrutura.

Artigos do Conpes [Conselho de Política Econômica e Social] publicados nos últimos 10 anos estão sendo modificados para incentivar o investimento. Acho que isso é muito positivo, porque fala de uma visão do governo colombiano sobre os rumos que quer tomar para promover o crescimento. São modificações que estão sendo feitas nas leis e regulamentações, além de incentivos para que a iniciativa privada esteja presente no desenvolvimento.

BNamericas: Em outras palavras, a Ian Taylor está otimista sobre o futuro na Colômbia?

Munoz: Sim, claro. E não é apenas a forma como vemos, mas a forma como o governo está abordando.

É importante a visão que o governo tem de ser um ator importante em tudo que tem a ver com o desenvolvimento portuário na América Latina. Atualmente, por exemplo, o Porto de Cartagena é o quinto em nível mundial, e o governo quer estar entre os três primeiros ou até ser o primeiro nos próximos 10 anos.

Então, é importante ver o foco que está sendo dado para que empresas como a nossa tenham a possibilidade de participar desse tipo de empreendimento.

BNamericas: Como a Ian Taylor vê a presença na Colômbia a médio e longo prazo?

Muñoz: Depois de todas as análises feitas, vemos mais oportunidades. Uma das características importantes da Ian Taylor é a nossa presença na região, o que nos permite utilizar a experiência que temos em outros países em mercados em crescimento, portanto, mais do que dificuldades, vejo oportunidades.

Em uma projeção para 5 ou 10 anos, acho que é um bom momento para trazer tudo que envolve nossa infraestrutura, nosso conhecimento e experiência. Nos vemos como um player competitivo no mercado colombiano. Temos um caminho claro. Entendemos para onde queremos ir, onde queremos estar e o que faremos nos próximos 10 anos.

Não queremos apenas crescer nos países em que atuamos, também queremos ser um importante player mundial no que diz respeito às cadeias logísticas.

BNamericas: Quais são as projeções para o Equador?

Muñoz: Para nós, o Equador é um mercado estável. Temos mais de 18 anos de presença naquele país. Existem várias empresas que têm investimentos no Equador e no Peru, por exemplo, ou que estão investindo não só na questão portuária, mas também em infraestrutura em geral.

Acho que a integração no nível regional é muito importante. Não se trata apenas de países individuais, mas de como a região está abordando o crescimento.

Atualmente, os países estão se movendo em direção à energia verde, e isso traz investimentos em infraestrutura solar, hidrogênio verde e energia eólica.

Talvez o Chile esteja mais avançado nesse processo, porque a mineração impulsiona esse tipo de investimento, mas é bom ver como todos os países estão se juntando a essa corrente, que é uma tendência mundial que veio para ficar. Os investimentos têm que seguir esse caminho.

BNamericas: Como as crises políticas influenciam o comportamento dos investimentos?

Muñoz: Sobre esta questão, um dos consensos mais importantes é haver uma separação clara entre o que é governo e o que é Estado.

O Estado é permanente e deve se encarregar do desenvolvimento do país no longo prazo. Os governos são temporários, mas, hoje, muitas políticas de Estado estão sendo adotadas com uma visão de longo prazo, independentemente da ideologia dos governos.

Muitos dos projetos que foram discutidos na cúpula têm a ver com a forma como o meio ambiente e as energias verdes serão tratadas, o que está pressionando as políticas de Estado e maneiras de mudar a regulamentação para que o investidor estrangeiro tenha clareza sobre as condições em que vai participar.

O investidor estrangeiro precisa ter clareza das condições, e acredito que um trabalho está sendo feito nesse sentido: oferecer garantias para que ele entenda que a visão de futuro não está relacionada apenas com o governo no poder.

BNamericas: Esse conceito de Estado funciona na região? Há espaço para investimento a médio e longo prazo?

Muñoz: Acho que uma das grandes conclusões que vimos neste evento de Cartagena é que os projetos não serão realizados sem investidores privados. Portanto, essa abordagem é extremamente positiva.

BNamericas: Qual é o papel da tecnologia no setor portuário?

Muñoz: A mudança tecnológica em geral beneficia a cadeia logística. É claro que existem países em que a não integração tecnológica afeta os prazos, a eficiência e a produtividade.

Embora tenhamos megaportos que são eficientes na região, por exemplo, no Peru ou na Colômbia, ao fazer uma análise, identificamos que eles poderiam ser mais eficientes com a integração tecnológica. Ou seja, poderiam depender menos do processamento de documentos e facilitar os processos alfandegários e portuários através de tecnologias que permitissem agilizar a operação logística, para que sejam mais competitivos.

BNamericas: Quais são os principais problemas e oportunidades da cadeia logística?

Muñoz: A cadeia logística tem muitas complexidades, mas um dos pontos positivos é a tendência à padronização.

Um dos desafios é a flexibilidade das empresas para se adaptar a essas mudanças em busca de padronização, do investimento em infraestrutura, da mudança na matriz energética e de energia verde.

Cinco anos atrás, não ouvíamos falar de empreendimentos de hidrogênio verde. As tecnologias evoluem, as tendências do mercado também. Portanto, o maior desafio para a Ian Taylor e para todas as empresas da cadeia de suprimentos é saber como se adaptar às mudanças.

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