
O estado do setor de saneamento no Brasil

O setor de saneamento do Brasil atraiu mais players privados em meio a mudanças regulatórias aprovadas em meados de 2020.
No entanto, o avanço das empresas privadas tem sido muito gradual, pois grandes necessidades de investimento representam uma barreira à entrada.
Nessa situação, espera-se que algumas empresas estatais – como Sabesp, Copasa e Sanepar – continuem como grandes players, o que também oferece oportunidades para investidores, dada a necessidade de altos investimentos.
Gustavo Mueller, especialista do setor da Fitch Ratings, conversou com a BNamericas sobre o cenário.
BNamericas: Qual a avaliação dos impactos no mercado brasileiro de saneamento após a aprovação do marco legal em 2020?
Mueller: Temos tido mudanças importantes nessa indústria, mas são mudanças graduais e vagarosas.
Houve saltos importante de empresas do setor privado, como é o caso da Aegea, mas se falarmos de empresas estatais, como no caso da Sabesp, que é a maior empresa de saneamento das Américas, vamos continuar vendo a empresa como a líder do setor por um longo tempo.
BNamericas: Como você avalia o cenário para as empresas estatais nesse momento, principalmente as empresas listadas – Sabesp, Copasa e Sanepar?
Mueller: As empresas estatais vão continuar sendo relevantes, particularmente a Sabesp.
Mas é importante notar que essas empresas irão demandar muitos recursos para investir e esses recursos serão obtidos tanto do setor publico como do setor privado, através de financiamento via mercado de capitais, entre outros mecanismos.
BNamericas: Olhando o plano de investimento das maiores empresas do setor, vemos uma maior parte de investimento planejados em projetos de esgoto do que em água. Isto é uma tendência do setor como um todo?
Mueller: Esta é uma realidade. Há mais investimento planejado em esgoto.
É uma tendência do setor porque os índices de cobertura de esgoto hoje no Brasil são bem menores do que os de água. Diante disso, a parte de esgoto demanda um reforço nos investimentos.
Com relação à água, vemos que há muitas empresas estatais hoje que já estão em níveis próximos da universalização da cobertura. Porém, isto não significa que as empresas irão parar de investir em projetos relacionados a água.
Vimos nos últimos anos alguns estados passando por crises hídricas, então isto irá demandar investimentos das empresas em maior capacidade para reservar água, maior capacidade de tratamento e também para conectar seus reservatórios já existentes.
BNamericas: Podemos ver grandes empresas estaduais sendo privatizadas?
Mueller: Acho que o processo de leilão do saneamento no Rio de Janeiro foi um modelo, mas é verdade também que a empresa do estado – a Cedae – tinha uma capacidade de investimento bastante deteriorada.
Se olharmos para a Sabesp, é a empresa que mais investe na área de saneamento no Brasil. Do ponto de vista do crédito, eles têm um rating AAA, então a privatização de uma empresa como esta parece ser mais de um aspecto politico do que outra questão.
Mas acho sim que é factível pensar em processos de privatizações no setor. Há situações em que há poucas saídas para os estados conseguirem fazer os investimentos necessários, previstos no novo marco regulatório.
As empresas para investir precisam ter acesso ao mercado de dívidas, ao mercado de capitais para levantar recursos, e ter capacidade de realizar investimentos. É um desafio muito grande reverter este cenário para algumas empresas.
BNamericas: E qual a avaliação que você faz do marco regulatório do setor aprovado em 2020, do que foi implementado até agora?
Mueller: O marco regulatório traz pontos positivos nestes dois anos.
O [principal] ponto positivo foi conseguirmos ter uma melhor aderência da lei.
Quando olhamos o arcabouço regulatório anterior do setor, vimos que aquela regulação tinha uma carência importante, que era sua aplicabilidade. Não se conseguia implementar instrumentos para aplicar as regras. Como isso havia postergações de prazos e aquele marco foi perdendo a força.
Esta nova lei está conseguindo evoluir e ter um forceability na aplicabilidade um pouco maior.
Já temos os resultados do relatório no final do mês de marco sobre a capacidade financeira das empresas estatais para fazer investimentos. Isto é positivo tanto para o arcabouço regulatório quanto para as empresas terem mais espaço para fazerem investimentos.
O Investidor começa a ter um pouco mais de segurança.
BNamericas: Qual o atual cenário para as empresas do setor privado?
Mueller: Sob o ponto de vista de rating, enxergamos esses movimentos das concessões com certa cautela da perspetiva das empresas, por causa dos elevados investimentos assumidos.
Acredito que podemos ver novos entrantes, mas os últimos leiloes demonstraram uma concorrência bastante acirrada, e isto acaba sendo uma barreira aos novos entrantes, principalmente em bids maiores.
Nos bids menores pode haver novos entrantes. Nos maiores há demanda de estruturas financeiras mais complexas e isto representa uma grande barreira de entrada.
BNamericas: Após trimestres com vários leilões relevantes na área de saneamento, temos visto um número menor recentemente. O que explica isso?
Mueller: À medida que tenhamos mais aderência do marco regulatório, vamos ver este mercado ganhando tração. Este é um ano eleitoral e isso acaba reduzindo o espaço para este tipo de discussão em relação a leiloes.
Ao longo dos próximos meses não acredito em nada muito aquecido em relação a leiloes.
É necessário tempo para estruturação de novas concessões e também para os próprios operadores, que precisam digerir os ativos que já absorveram e gerar caixa, abrir espaço no balanço.
Vale mencionar também que os próprios prefeitos vão começar a observar os resultados dos leilões que acontecerem e tirar suas próprias conclusões sobre se vale a pena formarem consórcios para serem oferecidas as concessões.
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