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O que esperar da indústria de cimento do Brasil em 2023

Bnamericas Publicado: terça-feira, 17 janeiro, 2023
O que esperar da indústria de cimento do Brasil em 2023

A indústria brasileira de cimento deve apresentar um crescimento fraco em 2023, mas vai recuperar parte das perdas do ano passado graças, entre outros motivos, ao aumento do número de projetos de saneamento e pavimentação.

Depois que as vendas de cimento caíram 2,8% no ano passado, para pouco mais de 63 Mt (milhões de toneladas), os volumes devem crescer até 1% este ano.

A queda nas vendas em 2022 ocorreu após três anos de expansão e se deveu, em parte, ao menor número de pequenas obras, área de negócios que havia crescido nos anos anteriores durante a pandemia, com muitas famílias realizando reformas em suas casas.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Paulo Camillo Penna, conversa com a BNamericas sobre as perspectivas para este ano.

BNamericas: Após a queda do ano passado, quais são as perspectivas para as vendas de cimento no Brasil em 2023?

Penna: Voltando um pouco no tempo, entre 2019 e 2021 o setor de cimento estava passando por um processo de recuperação do espaço que havia perdido nos anos anteriores.

Por causa disso, quando iniciamos 2022, achávamos que seria um bom resultado se conseguíssemos ter estabilidade em relação aos números de 2021, mas acabamos encerrando o ano passado com uma queda de 2,8% nas vendas.

Para 2023, nossa projeção é de uma ligeira recuperação, com a venda de cimento crescendo entre 0,8% e 1%.

BNamericas: Qual é a razão para esse crescimento esperado?

Penna: Essa recuperação parcial acontece em um cenário nebuloso que ainda temos para este ano, mas com algumas sinalizações importantes dadas pelo novo governo federal.

Entre esses sinais importantes para o setor de cimento está o plano de mais investimentos no setor de habitação popular. Essa é uma questão importante para reduzirmos nosso déficit com moradia, que hoje gira em torno de 6 milhões de unidades e, além disso, é uma sinalização importante para a construção civil.

BNamericas: Há outras razões por trás dessa expansão esperada?

Penna: A segunda razão para essa recuperação é o fato de que nos últimos anos tivemos um total de R$ 50 bilhões [US$ 9,8 bilhões] em contratos de concessão e PPPs assinados na área de água e saneamento.

Esses contratos, firmados em anos anteriores, só começam a se materializar em compra de cimento cerca de três anos após a assinatura. Por isso, em 2023 veremos uma maior demanda relacionada com esses primeiros contratos assinados.

Outro motivo importante é o fato de o governo ter dito que quer acelerar os investimentos em infraestrutura, principalmente na recuperação de rodovias, e começamos a ver uma tendência de maior demanda por pavimento rígido de concreto.

BNamericas: No Brasil, ainda há o domínio do asfalto nas obras rodoviárias, em vez do uso de pavimento rígido. Como vocês planejam mudar isso?

Penna: Já começamos a ver uma demanda maior por pavimento rígido em projetos de rodovias em estados como Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Essa demanda é tanto para projetos de rodovias quanto para ruas e avenidas dentro das cidades. Há um grande potencial a ser explorado.

Em Buenos Aires, por exemplo, 70% das ruas usam pavimento rígido, que tem um impacto positivo em termos de redução de custos de manutenção e também gera menor consumo de combustível.

No Brasil, o uso de pavimento rígido nas principais cidades é próximo de zero. Ele é usado apenas em alguns trechos de BRTs.

Além disso, se considerarmos que apenas 20% das rodovias do Brasil são pavimentadas, podemos perceber que existe um campo enorme de expansão do uso do pavimento rígido no país.

Estamos trabalhando para promover a cultura do pavimento rígido. Existe um processo de diálogo e maior conhecimento entre as autoridades estaduais, para que possamos utilizar mais o pavimento rígido, devido à sua maior durabilidade.

Historicamente, há dois números clássicos para comparar. O pavimento flexível, que é o asfalto, tem uma vida útil de 10 anos, enquanto o pavimento rígido de concreto chega a 20 anos de durabilidade, mas eu diria que, hoje, com as novas tecnologias empregadas, chegamos a uma durabilidade de até 30 anos.

BNamericas: É possível definir uma meta de venda de cimentos em longo prazo?

Penna: Esse ano, em algum momento, vamos começar a ter uma redução da taxa de juros, e isso vai gerar um efeito positivo na demanda de cimento. O ano de 2024 deve ser marcado por uma expansão ainda mais robusta do que 2023.

O Brasil tem uma infraestrutura muito incipiente, onde há grande necessidade de investimento em novos modais de transporte, e tudo isso levará a mais investimentos e mais uso de cimentos.

Mas temos que lembrar que ainda estamos em uma fase de recuperação do terreno perdido.

Fechamos o ano passado com cerca de 63 Mt vendidas. Em 2014, o volume foi de 72 Mt, então ainda há um grande espaço de recuperação.

BNamericas: Você vê potencial de crescimento na contribuição da infraestrutura para a venda de cimentos?

Penna: Nos últimos anos, quem realmente tem promovido a venda de cimentos foi o setor imobiliário. Agora, cerca de 50% da demanda de cimento é para a construção residencial, enquanto 10% atende os segmentos de construção comercial e industrial.

Hoje apenas 10% do cimento é demandado pela área de infraestrutura, enquanto em 2011 esse número era de 25%. Isso mostra que o Brasil tem uma grande necessidade de investimentos em infraestrutura para igualar a demanda que tínhamos há 10 anos.

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