Perspectivas do mercado imobiliário mexicano para 2023

O setor imobiliário no México pode ter um crescimento de até 1% em 2023 e o número pode ser muito maior nos 10 submercados onde o turismo predomina.

É o que diz Gene Towle, sócio executivo da Softec, empresa que se dedica à pesquisa imobiliária.

Nesta entrevista, Towle também se referiu a novos projetos, áreas de oportunidade e outras tendências de mercado.

BNamericas: Quais são as perspectivas atuais para o setor imobiliário, especificamente para novos projetos? Comecemos pela habitação...

Towle: Em habitação, temos uma situação um tanto contraditória porque os [contratos] habitacionais continuam, mas o início de projetos habitacionais parou. Acho que parou porque muitas pessoas estão preocupadas com a insegurança jurídico-operacional no México e, então, o que temos feito é esgotar os estoques em todos os segmentos.

O que veremos é uma contração contínua do setor, em que os desenvolvedores iniciam novos projetos. Espero que comecem a acontecer no próximo ano. É uma situação de mercado exigente, relativamente estável e com uma oferta um tanto fraca por parte dos promotores de habitação.

BNamericas: E o que aconteceu com a área comercial nos últimos anos?

Towle: Na vertente do mercado imobiliário comercial, os empreendimentos que tinham início previsto para 2020 adiaram a entrada em funcionamento para 2021.

BNamericas: Qual é a situação atual do segmento industrial?

Towle: Um desafio do setor industrial é haver uma demanda por espaço, mas não há casas baratas o suficiente sendo construídas nesses lugares. Isso ocorre em mercados onde muito se investiu recentemente: Monterrey [no estado de Nuevo León], Ciudad Juárez [Chihuahua], Tijuana [Baja California] e o Vale do México. Na ausência de moradias baratas, há uma limitação no crescimento da demanda industrial porque não existe lugar para abrigar os trabalhadores.

BNamericas: O que está acontecendo na indústria hoteleira?

Towle: O mercado que mais cresce é o mercado de férias, já que este ano cresceu 15%, e estimamos que no próximo ano cresça entre 10% e 15%. Está crescendo de uma forma muito importante. Os mercados com maior movimentação não são necessariamente onde estão os mais novos projetos, mas são os que mais vendem.

BNamericas: Quais foram os estados com maior número de projetos?

Towle: O maior mercado em 2022 foi o mercado do Vale do México. Estimamos que tenha faturado 87,6 bilhões de pesos [cerca de US$ 4,5 bilhões]. Segue-se Cancun [em Quintana Roo] com 44.284 milhões de pesos, depois Monterrey com 35.371 milhões, Guadalajara [em Jalisco] com 28.891 milhões, a cidade de Querétaro no estado de Querétaro com 16.465 milhões, Puerto Vallarta em Jalisco com 15.741 milhões, Mérida [em Yucatán] com 14.904 milhões, Mazatlán [em Sinaloa] com 9.721 milhões, Tijuana com 8.559 milhões e Los Cabos [em Baja California Sur] com 8.438 milhões.

Esses são os 10 primeiros por valor de mercado.

BNamericas: Quais são as perspectivas para 2023?

Towle: Acredito que os cenários econômicos que tenho visto sugerem que teremos um crescimento entre -2% e +1%.

Uma das grandes oportunidades para o México é a questão do que está acontecendo com a saída de tantas empresas da China.