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Podem os títulos de transição ganhar escala na América Latina?

Bnamericas Publicado: quarta-feira, 04 maio, 2022
Podem os títulos de transição ganhar escala na América Latina?

O interesse de empresas e investidores de toda a América Latina em serem mais ativos nas emissões de títulos verdes vinculados à sustentabilidade é crescente e pode beneficiar segmentos que enfrentam desafios para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Como parte dessa tendência, a Climate Bonds Initiative (CBI) está realizando uma consulta pública para inserir mais segmentos no chamado mercado de títulos de transição, voltado a empresas em processo de melhorar suas pegadas de carbono, mas que ainda não são elegíveis para acessar o mercado de títulos verdes.

Além disso, a CBI também está observando mais interesse dos bancos da região em fazer parte de um processo para melhorar sua abordagem de sustentabilidade. Nesta semana, o BNDES assinou um acordo de cooperação com a CBI para atrair investimentos sustentáveis.

Leisa Souza, diretora da CBI para a América Latina, conversou com a BNamericas sobre o acordo com o BNDES e também sobre o crescente interesse de vários stakeholders em melhorar sua pegada de sustentabilidade.

A CBI se descreve como uma organização internacional que trabalha para mobilizar capital global para a ação climática.

BNamericas: O que significa este acordo que a CBI assinou com o BNDES esta semana?

Souza: Já estamos trabalhando com o BNDES há muito tempo, desde quando eles fizeram a primeira emissão de títulos verdes, uns anos atrás.

Agora, através desse acordo anunciado esta semana, estamos formalizando uma parceria para atuar em algumas frentes com o banco.

Um dos pontos que vamos contribuir ao BNDES será para entender melhor como a carteira de investimentos do banco está hoje composta e como ela tem contribuído para as questões relacionadas às mudanças climáticas.

Outra frente de trabalho será o de aproximar o banco das discussões, ao framework em relação a títulos verdes que tem acontecido internacionalmente.

BNamericas: Esta parceria pode estabelecer guidelines para o banco ter uma atuação mais voltada a projetos ligados à sustentabilidade? 

Souza: Nossa parceria começa com essa avaliação do portfolio do banco que eu mencionei, entendendo como os projetos que estão sendo financiados pelo banco tem impactos relacionados ao clima, como os financiamentos obtidos por empresas do BNDES são usados.

BNamericas: A parceria com o BNDES pode ser estendida a outros bancos?

Souza: O que o BNDES está fazendo é uma sinalização muito importante, dentro de uma agenda de sustentabilidade que vem sendo construída, até para que outros bancos no Brasil sigam este exemplo.

Já temos alguns bancos trabalhando de maneira semelhante na região.

Temos desenvolvido um trabalho muito forte também com o Banco de Desenvolvimento da Colômbia [Bancóldex].

É importante o trabalho com bancos de desenvolvimento, pois eles servem de sinalização para outros participantes do mercado.

BNamericas: Quais são os setores com maior potencial de acesso às emissões de bônus verdes e bônus sustentáveis?

Souza: Já há empresas de saneamento fazendo emissões de bônus sustentáveis. O setor de saneamento é um que tem impactos [positivos], tanto ambientais quando sociais.

Além disso, os outros setores com mais potencial são os de energia e de transportes, especialmente aqueles ligados a ferrovias e mobilidade urbana.

BNamericas: Em termos de custos financeiros para as empresas, é mais vantajoso emitir títulos verdes do que um bônus tradicional?

Souza: No Brasil e na América Latina ainda não temos um histórico tão longo de emissões [de títulos verdes], então ainda é difícil fazer essa avaliação.

À medida que o mercado para este tipo de emissão crescer, poderemos ver isso melhor.

BNamericas: Temos visto empresas de mineração anunciando muitos programas de redução de emissões de suas atividades. Será possível um dia vermos uma empresa de mineração fazendo uma emissão de títulos verdes? 

Souza: No Canada fala-se muito disso porque é um setor de forte participação na economia.

Temos em consulta pública alguns segmentos que estão sendo avaliados para serem considerados nos chamados títulos de transição, que são uma espécie de meio do caminho para a emissão de um título verde.

Os segmentos sob análise neste momento são os químicos básicos, cimento, hidrogênio, aço, além de óleo e gás.

Está dentro do nosso pipeline incluir também o setor de mineração nessas consultas públicas, para que o setor entre também nos chamados bônus de transição.

Faz sentido considerarmos as empresas de mineração, porque essas têm estabelecido metas para serem carbono neutro até 2050.

BNamericas: Diante do aumento de emissões de títulos verdes, vocês têm observado casos de greenwashing ou alguma suspeita na região? 

Souza: Que eu saiba, ainda não temos casos registrados de greenwashing na América Latina, nem tenho informações de investigações em andamento. 

BNamericas: Qual a sua expectativa quanto ao volume de emissões de títulos verdes na América Latina este ano? 

Souza: Nós não fazemos estimativas sobre a região especificamente.

O que vimos no ano passado foi uma ligeira queda no volume de emissões na América Latina, devido a processos eleitorais em alguns países. 

Mas a tendência é de expansão deste segmento. A América Latina atualmente representa 2% do volume de emissões de títulos verdes no mundo.

Temos trabalhado com foco para expandir estas emissões na região. Chile, México e Brasil já são bastante relevantes em relação ao mercado de títulos verdes, e temos visto Colômbia e Peru também com interesse.

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