
Por que o Porto do Açu está abraçando a transição energética

Localizado em São João da Barra, no estado do Rio de Janeiro, o Porto do Açu foi projetado para apoiar a mineração e a exploração e produção offshore de petróleo e gás, e se transformou em um complexo industrial e importante polo industrial, com a implantação de infraestrutura e diversas empresas.
Em sua próxima transformação, o Açu está planejado para se tornar um polo de transição energética, com projetos de gás natural, solar e eólico offshore e hidrogênio verde que coexistirão com a indústria de combustíveis fósseis.
A BNamericas conversa com Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística, que administra o porto, sobre os planos.
BNamericas: Quais são os planos da Prumo para 2023?
Zampronha: Antes de responder a essa pergunta, gostaria de contextualizar um pouco sobre a Prumo.
A Prumo é uma holding controlada pelo fundo norte-americano EIG, que é o acionista majoritário, e pelo fundo Mubadala, de Abu Dhabi. E controlamos várias empresas, como a Ferroport, que é uma joint venture com a Anglo American na área de mineração, a GNA [Gás Natural Açu], que tem 3 GW de usinas termelétricas, a Vast [antiga Açu Petróleo], que responde por 40% das exportações de petróleo no Brasil e a NfX, que é uma trading de combustíveis.
O porto do Açu foi criado com vistas ao minério e apoio ao E&P offshore [exploração e produção]. E, de fato, essa indústria se consolidou a partir do porto do Açu, com diversas empresas ali instaladas.
Mas encontrei no Açu um conjunto de elementos que fazem do porto o melhor ponto de transição energética da América Latina. Para fazer uma transição, você precisa de energia renovável abundante e barata, além de água doce.
O processo de produção do hidrogênio verde, por exemplo, depende da eletrólise. No caso da eólica offshore, é preciso ter bons ventos e disponibilidade da cadeia de valor, incluindo embarcações utilizadas para apoiar o E&P na área. Estamos próximos ao Sudeste, principal polo consumidor de energia elétrica do Brasil, sem a necessidade de longas linhas de transmissão. Também temos espaço para a instalação de uma indústria de fabricação de pás e turbinas eólicas e para as bases de geradores eólicos offshore.
BNamericas: Projetos de energia solar também estão em estudo?
Zampronha: Temos um acordo de desenvolvimento conjunto com a Equinor. Esperamos que essa planta esteja operacional até 2025.
E estamos desenvolvendo projetos de biomassa para produção de biogás e todos os produtos que vêm do biogás: biometano, SAF [combustíveis de aviação sustentáveis] e outros derivados de biomassa.
Também aprovamos um projeto para construir um terminal de armazenamento de combustíveis fósseis, biocombustíveis e eletrocombustíveis [como amônia e metanol verde] para a Vast.
Em relação à energia eólica offshore, temos acordos com EDF, Neoenergia, TotalEnergies e Equinor, e para hidrogênio verde com Shell, Linde, Neoenergia, EDF e Comerc Eficiência.
O novo propósito anunciado na semana passada pela Prumo é ajudar o mundo a reduzir sua pegada de carbono e acelerar o melhor do Brasil, que são seus recursos naturais, pessoas, posição privilegiada e estabilidade.
BNamericas: De todos esses acordos ligados à transição energética, o que já saiu do papel? Ou qual é a previsão?
Zampronha: Todo esse setor vai definir seu ritmo de construção a partir do momento em que ocorrer o primeiro leilão de direito de uso de áreas offshore [para geração de energia], que esperamos que aconteça até o final deste ano.
A usina de hidrogênio da Shell, por exemplo, está programada para produzir seu primeiro volume em 2025. E isso pode acontecer com uma usina eólica onshore ou solar, por exemplo. Esse é o primeiro.
Enquanto isso, estamos licenciando uma área de 1 milhão de metros quadrados para acomodar projetos de hidrogênio no porto.
O hidrogênio verde pode ser usado para produzir amônia verde, metanol verde, fertilizantes e HBI [ferro briquetado a quente], usado nos altos-fornos das siderúrgicas.
BNamericas: Quais são as perspectivas da Prumo na área de petróleo e gás?
Zampronha: Vou começar pelo gás natural. Em dezembro, anunciamos acordos com a TAG [Transportadora Associada de Gás] e NTS [Nova Transportadora do Sudeste] para levar gás nacional ao porto do Açu, tanto para as usinas GNA I e GNA II quanto para outras usinas que ali serão instaladas. Foi uma grande conquista e uma grande alavanca de crescimento para nós. Essa trajetória do gás natural, que considero um elemento fundamental na transição energética, foi uma grande jogada.
BNamericas: TAG e NTS irão competir ou atuar concomitantemente?
Zampronha: As duas são grandes empresas controladas por grupos de porte com notável capacidade de desenvolvimento de negócios. Não sei dizer se, ao final do processo, ambas vão construir os gasodutos. Mas, se apenas uma o fizer, ficaremos felizes. Se as duas fizerem isso, ficaremos felizes. Haverá volume e demanda para ambas. Mas resta saber se isso justifica ter dois pipelines ou apenas um.
Em relação ao petróleo, temos a maior base de apoio offshore do mundo, com cerca de 15 berços de atracação, da Edison Chouest. Existem plantas [de dutos submarinos flexíveis] da TechnipFMC e da NOV.
Temos muito espaço para expansão dos negócios de óleo e gás no porto, incluindo projetos de descomissionamento [plataformas] e novos dutos para abastecimento de navios no porto.
Mais uma vez destaco o projeto Vast. O transbordo de óleo é feito em área abrigada, com segurança operacional e ambiental. A empresa tem investimentos planejados para aumentar a capacidade local de processar combustíveis locais e descarregar petróleo bruto para refinarias, para abastecer plataformas e outras embarcações.
BNamericas: Em que estágio está o hub de gás do Açu? O GNA I está operando normalmente? Quando a segunda usina começa a operar?
Zampronha: GNA I entrou em operação no final de 2021. GNA II entra em operação em 2024 ou 2025. Temos GNA III e IV pré-licenciados, que ainda estão sem contratos de venda de energia. Estamos analisando o melhor momento para estruturar os projetos.
BNamericas: Esses projetos podem concorrer aos leilões deste ano pela agência reguladora Aneel?
Zampronha: Sem dúvida. Sempre consideramos os leilões. Se for um bom negócio, entramos, senão, esperamos o melhor momento. Temos muita disciplina na alocação de capital. Depende de como o mercado brasileiro evolui.
BNamericas: A alta do preço do GNL, em meio à guerra na Ucrânia, afetou as operações do GNA I?
Zampronha: O contrato que sustenta a operação da usina considera o custo fixo mais o custo variável de operação, além do custo da matéria-prima, que gera o nosso CVU [custo variável unitário]. O ONS [Operador da rede nacional] despacha as termelétricas de acordo com a necessidade de energia, regionalização e custo CVU. Com CVU muito impactado pelo preço do GNL e o cenário hidrológico favorável do momento, acreditamos que não haverá muita necessidade de despachar em 2023. No ano passado, não despachamos em pelo menos oito meses.
O GNA I tem como objetivo suportar a carga base do sistema nacional em horários específicos, e isso dependerá do preço. O fato é que o preço do gás caiu e a usina é muito competitiva. Mas a decisão de despachar não cabe a nós, e estaremos sempre prontos para despachar dentro das condições contratuais estabelecidas.
BNamericas: O Açu tem espaço para construção, manutenção e descomissionamento de navios offshore?
Zampronha: Olhamos para essas atividades, e aquelas em que temos vantagem competitiva podem ser feitas no porto, onde ainda temos 44 km2 de retroárea para ocupar. É uma área imensa.
O Açu está se configurando como base logística também para outros setores não relacionados a petróleo, gás e energia, como o de fertilizantes. Nosso terminal multicargas ultrapassará, neste ano, a marca de 2 milhões de t transbordadas. Importamos os primeiros veículos pesados pelo porto e podemos nos tornar o principal polo de importação de veículos do país.
BNamericas: Quais investimentos estão previstos para os próximos anos?
Zampronha: Estamos investindo na ampliação do terminal multicargas, onde estão quase prontos os novos armazéns de concentrado de cobre e fertilizantes. Há os projetos Vast, que terão um terminal líquido, além dos GNA III e IV e a expansão NfX. A lista de projetos é enorme, e os investimentos serão anunciados em breve.
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