
Transformando lixo em valor
Hoje, o setor de resíduos sólidos do Brasil é composto por diversos players de pequeno e médio porte e deve se consolidar nos próximos anos.
Essa tendência provavelmente será impulsionada pela necessidade de mais investimentos, com empresas envolvidas em operações mais sofisticadas, incluindo a produção de energia por meio de resíduos.
Hugo Nery, CEO da Marquise Ambiental, uma das maiores empresas do setor, falou à BNamericas sobre oportunidades e riscos da indústria.
BNamericas: Como o Grupo Marquise está estruturado hoje?
Nery: A Marquise é uma empresa do Ceará que tem dois sócios que começaram juntos com uma construtora.
Esses sócios expandiram a atividade da empresa e hoje existem três divisões principais no grupo: a área de incorporação imobiliária, a área de infraestruturas e a área de gestão de resíduos sólidos. É uma empresa que tem uma visão muito aberta dos mercados em que atua, sempre buscando possibilidades de geração de valor.
BNamericas: Você lidera a área de resíduos sólidos do grupo. Como avalia o cenário atual do setor?
Nery: Na minha área de resíduos sólidos há muitas oportunidades. O setor deixou de ser apenas um setor envolvido na limpeza urbana, hoje somos uma empresa diferente do que éramos no início.
Eu venho da área industrial e, quando fui contratado pela Marquise, o que a empresa fazia era limpeza urbana, transporte de resíduos. Até cinco anos atrás, chamávamos essa carga transportada de lixo.
Isso vem mudando nos últimos anos, em um movimento que tem a Europa na vanguarda.
Hoje também temos uma visão diferente do setor no Brasil. Por exemplo, para as indústrias, já existe uma legislação muito forte para as empresas tratarem os resíduos.
A Marquise tem esse diferencial porque sempre viu que o lixo era um produto, e essa transformação não tem mais volta.
BNamericas: Por que você acha que estamos em um ponto sem retorno em relação às estratégias de reaproveitamento de resíduos sólidos?
Nery: Em algum momento, teremos de pensar em separar todo o lixo residencial na origem, ou seja, através de três separações: restos de comida; resíduos recicláveis, sacos, papel, vidro; e dejetos humanos.
Hoje, sem fazer a separação adequada do lixo, o Brasil joga fora 120 mil toneladas de sobras de alimentos [por dia], que poderiam estar gerando gás, biogás e também fertilizantes para a agricultura.
BNamericas: O governo brasileiro tem tentado atrair empresas para contratos de concessões de saneamento e resíduos sólidos. Você acredita que esse plano vai gerar uma grande entrada de empresas do setor privado em cidades de pequeno e médio porte?
Nery: O Brasil tem mais de 5 mil municípios, mas apenas 320 deles têm mais de 100 mil habitantes.
Noventa por cento das cidades do Brasil ainda são muito dependentes de recursos do governo federal, e isso significa que temos um problema estrutural que precisa ser resolvido.
Mas além do fato de a maioria dos municípios não ser autossuficiente, também há outros problemas.
BNamericas: Quais são eles?
Nery: Existem alguns entraves para o desenvolvimento do setor de resíduos sólidos.
Um deles é o fato de termos um baixo nível de escolaridade, e isso impacta a contratação de mão de obra qualificada. Por isso sempre temos baixa tecnologia implementada.
O segundo obstáculo é que temos um problema político muito forte. A cada dois anos no Brasil estamos em meio a um processo eleitoral, então, os governos deixam de tomar decisões de longo prazo, estão sempre pensando nas próximas eleições.
E o terceiro, também ligado às eleições, é a insegurança jurídica. Há insegurança jurídica no setor, onde sempre há riscos contratuais.
BNamericas: Onde a Marquise vê oportunidades de negócios?
Nery: Acabamos de sair de uma pandemia, e isso afetou todas as empresas. Todos os nossos planos antes da pandemia foram suspensos para podermos sobreviver, tivemos de controlar os custos. Em todas as cidades do Brasil onde estamos presentes, vimos dificuldades de reajustar nossos contratos.
Mas isso não nos impediu de olhar para a frente.
Esse segmento está em ebulição, e há muitos investimentos entrando no mercado.
Nos próximos 10 anos, o Brasil precisará aumentar sua capacidade energética em 40% e isso exigirá todos os tipos de fontes de energia, renováveis, entre outras.
A Marquise decidiu, então, investir na geração de gás a partir de aterros sanitários. Estamos investindo R$ 110 milhões [US$ 21 milhões] nessas iniciativas relacionadas à produção de biogás, geração de energia a partir de resíduos.
No que diz respeito ao setor de resíduos sólidos, existem hoje entre 500 e 600 municípios com um tamanho relevante e que são atendidos por cerca de 280 empresas.
Ou seja, é um mercado muito pulverizado, onde haverá uma grande consolidação.
BNamericas: Diante dessa expectativa de fazer parte da consolidação do mercado, quando a Marquise Ambiental espera crescer?
Nery: Este ano, a expectativa é que minha área gere receita de R$ 1,1 bilhão e o grupo como um todo gere receita de R$ 1,6 bilhão. Em 2023, nosso crescimento deve ser de pelo menos 10%.
BNamericas: Quais são os recursos disponíveis no Brasil hoje para investimentos na área de resíduos sólidos?
Nery: Os investimentos nesse setor sempre foram baixos, porque basicamente as empresas investiram em caminhões de coleta de resíduos.
Agora já temos investimentos maiores, em aterros sanitários, e hoje há mais necessidade de financiamento e fundos de investimento entrando no setor, querendo financiar projetos.
Além disso, o setor também conta com linhas de crédito dos bancos estatais BNDES e Caixa Econômica Federal.
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