
Unindo os pontos na transição para a energia limpa na América Latina
Domenico Mazzillo Ricaurte, chefe de sistemas de transmissão da Siemens Energy na América Latina, conversa com a BNamericas por e-mail sobre como a empresa está liderando a transição da região para um futuro energético com baixas emissões de carbono.
BNamericas: Quais são alguns dos principais desafios da região em relação às interconexões locais e internacionais?
Mazzillo: Existe um desafio comum, tanto local quanto internacional, relacionado às interconexões, que é a disponibilidade de um marco regulatório flexível que permita a expansão rápida dos sistemas de transmissão que acompanham o desenvolvimento da transição energética, com a possibilidade de incluir de maneira massiva a geração de fontes renováveis não convencionais.
Também devemos trabalhar para buscar uma gestão ágil das licenças ambientais e garantir os direitos das comunidades a partir de uma política inclusiva que permita que as comunidades participem dos benefícios da implementação dos diferentes projetos em suas regiões.
Do ponto de vista tecnológico, o maior desafio reside na coordenação das interligações entre os países para garantir a estabilidade e a segurança da rede. Para isso, é necessário recorrer à ciência de dados e redes que tenham capacidade de autoaprendizagem. Dessa forma, podemos garantir a operacionalidade das interconexões e tirar o máximo proveito delas. Para isso, é preciso implementar tecnologias voltadas para a mudança dinâmica dos parâmetros da rede.
BNamericas: Você acha que os atuais atrasos nos projetos de transmissão na região de La Guajira prejudicarão o crescimento da energia solar e eólica na Colômbia? O que pode ser feito para evitar mais atrasos na transmissão no futuro e garantir que os investimentos em renováveis não convencionais continuem no ritmo necessário?
Mazzillo: Acredito que a intenção do governo federal é apoiar a massificação das energias renováveis não convencionais, portanto, elas serão um facilitador para acelerar e concluir os projetos de transmissão que estão em andamento, como os de La Guajira.
As obras de transmissão são fortemente impactadas por atrasos no licenciamento ambiental e consultas às comunidades envolvidas. Um trabalho institucional deve ser realizado em nível de governo para garantir que esses processos de habilitação das obras de transmissão já estejam aprovados como parte do processo de viabilidade anterior à chamada de transmissão.
Uma política inclusiva que envolvesse as comunidades nos benefícios gerados ajudaria a ter uma implementação mais alinhada com o planejado.
BNamericas: Você pode falar sobre alguns dos projetos de soluções de rede mais importantes do portfólio da Siemens Energy na América Latina e no Caribe?
Mazzillo: Na Siemens Energy, temos o compromisso de apoiar a transição energética nos países em que atuamos e somos a empresa que pode agregar valor a todos os elos da cadeia de transformação energética.
Como resultado desse compromisso, executamos diferentes projetos que geraram impacto positivo, como, por exemplo:
• A expansão da Usina Hidrelétrica Yacyretá (entidade binacional entre Argentina e Paraguai), onde, com o fornecimento de subestações GIS e elementos associados, como transformadores, contribuímos com nossa tecnologia e conhecimento para garantir a transferência de energia em uma das usinas mais importantes da América do Sul.
• Projetos voltados à implementação de soluções de rede para transferência de energia renovável não convencional de mais de 1 GW em países como Colômbia, Argentina, Chile e Brasil.
• No Brasil, com nossa parceira ISA CTEEP, estamos implementando os projetos Riacho Grande, Miguel Reale e Ramon Reberte, com aplicações GIS de 345 kV para aumentar a confiabilidade do fornecimento de energia em São Paulo e, assim, evitar apagões na cidade.
• No Peru, com a nossa parceira Engie, estamos desenvolvendo os trabalhos associados à central eólica Punta Lomitas, que consiste na construção de um parque eólico com uma capacidade nominal de 260 MW (50 aerogeradores) e teria uma expansão de até 36,4 MW (7 turbinas eólicas adicionais), além de uma linha de transmissão elétrica de 60 km que conectará a usina ao Sistema Elétrico Interligado Nacional (SEIN).
• No México, estamos desenvolvendo todas as interconexões ao sistema de transmissão associadas às novas usinas de geração em construção: Tuxpan, Gonzales Ortega e San Luis de Río Colorado.
Como você pode ver, a contribuição que estamos gerando para a sociedade é muito importante. Cada um desses projetos, e os muitos outros que estamos desenvolvendo, proporcionarão melhores condições aos cidadãos e às populações, permitindo o desenvolvimento e a melhoria de suas condições atuais. Nossos colaboradores se sentem identificados com um propósito em cada projeto que realizamos, de gerar bem-estar para todas as pessoas a cada solução disponibilizada por nós.
BNamericas: Como a nova tecnologia está mudando o segmento e quais mudanças importantes poderemos ver nos próximos 5 a 10 anos (talvez em relação ao armazenamento em baterias, digitalização e infraestrutura de medição avançada, hidrogênio, etc.)?
Mazzillo: O mundo está em constante evolução. Os novos desafios apresentados nos obrigam a responder com mais rapidez e agilidade na implementação de novas soluções. A tecnologia desempenha um papel muito importante, de facilitador natural para responder a esses desafios imediatamente.
A digitalização é um fato hoje em dia. Muitas empresas tentam encontrar uma solução para os antigos métodos de manutenção com um sistema mais eficiente. Na Siemens Energy, estamos focados em monitoramento e digitalização para conseguir oferecer uma solução abrangente e personalizada para cada um dos nossos clientes.
As maiores mudanças nos próximos anos serão nos projetos emergentes, em que veremos uma combinação de fontes renováveis, como solar e eólica, inclusão de armazenamento para diferentes usos, projetos orientados para a geração de energia renovável para obtenção de hidrogênio verde e qualquer outra matéria-prima. Outra mudança que esperamos ver é a inclusão de tecnologias totalmente livres de elementos poluentes, através da incursão do portfólio azul para, desta forma, apoiar os objetivos de descarbonização dos países.
BNamericas: Quais nações da América Latina e do Caribe oferecem a melhor estrutura regulatória para projetos de soluções de rede e por quê?
Mazzillo: O setor de energia da América Latina tem uma estabilidade regulatória sólida e autoridades sempre preocupadas em melhorar o quadro existente para acompanhar os investimentos e aumentar a eficiência e a composição tecnológica do sistema.
A estratégia de crescimento renovável também conta com apoio político dos governos, garantindo estabilidade de longo prazo. Os players privados locais, assim como as autoridades, estão sempre buscando formas de inovar e acompanhar de perto os desenvolvimentos internacionais em tecnologia.
Os reguladores estão muito atentos às novas tendências, como o uso de armazenamento tanto na geração quanto na transmissão ou o uso de ativos renováveis para fornecer serviços auxiliares à rede.
A América Latina está apostando em uma onda de investimentos renováveis liderados pelo setor privado para atingir suas ambiciosas metas climáticas, com uma estratégia de estabelecer regras justas e permitir que os players concorram livremente. Esses fatores fazem da América Latina um dos continentes mais atrativos para investimentos em renováveis.
O maior desafio é flexibilizar esse marco regulatório para agilizar a implementação dos projetos necessários para garantir a integração energética regional.
BNamericas: Sem entrar muito na política, como as questões geopolíticas estão impactando o segmento de energia na região? Talvez possamos analisar o impacto da guerra na Ucrânia, da recessão econômica global, das eleições, etc.
Mazzillo: A guerra na Ucrânia e a variação do valor das commodities e do transporte causaram um grande impacto na obtenção dos materiais necessários para promover o desenvolvimento elétrico da região devido ao aumento dos preços e dos prazos de entrega, mas todos esses impactos se transformam em uma oportunidade relevante para a América Latina. Nossa região, por sua posição, tem todas as condições para ser uma potência em energias renováveis, e a troca por meio da integração energética regional nos torna únicos.
A vontade dos diferentes governos está dada, os diferentes players privados estão preparados para investir, as empresas de tecnologia estão dispostas a contribuir com o conhecimento para oferecer diversas soluções para tornar possível e real o sonho de ter uma América Latina integrada. Ou seja, todos os ingredientes estão à espera para preparar a melhor receita para que os cerca de 650 milhões de latino-americanos possam usufruir das vantagens da integração energética regional. Na Siemens Energy, estamos prontos e dispostos a protagonizar essa transformação energética.
BNamericas: Como os mecanismos de remuneração podem ser usados para incentivar a descarbonização? Qual país da região tem hoje o melhor modelo de remuneração, que equilibra a necessidade de atrair investimentos e incentivar a descarbonização ao mesmo tempo em que garante os preços mais baixos possíveis para os usuários finais?
Mazzillo: Uma vez ouvi dizer que, se queremos fazer algo, basta fazer. Ou seja, temos de passar do verbo para a ação e não ficar só nos planos. A questão da descarbonização tem sido amplamente discutida em diversos fóruns mundiais e ainda temos um longo caminho a percorrer.
Os diferentes mecanismos de remuneração são peça fundamental para incentivar a implantação de tecnologias livres de qualquer elemento poluente. Dessa forma, promovemos o uso dessas tecnologias e apoiamos os planos de descarbonização dos países.
Atualmente na América Latina existem vários incentivos para a incursão de energias renováveis não convencionais e outras para apoiar a descarbonização, mas a verdade é que os governos ainda precisam discutir o assunto com mais profundidade e de maneira regional para permitir a integração energética da região e o apoio à descarbonização entre todos os países.
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