As principais candidatas à presidência do México e o fenômeno do nearshoring

As duas principais candidatas à presidência do México prometeram explorar o potencial do país para o nearshoring, embora suas abordagens sejam diferentes.

Enquanto Claudia Sheinbaum, atual líder nas pesquisas e membro do partido Morena, do presidente Andrés Manuel López Obrador, quer trazer “ordem” à realocação das empresas, Xóchitl Gálvez, representando a coligação de oposição Fuerza y Corazón por México – uma aliança entre os partidos PRI, PAN e PRD –, quer abordar alguns fatores relativos ao setor privado.

De acordo com um relatório publicado na última quinta-feira (4) pela Universidade de Georgetown, “o México é o país com os maiores benefícios potenciais do nearshoring na América Latina e no Caribe”. O estudo acrescentou que “pesquisas corporativas dos Estados Unidos também sugerem que a proximidade geográfica do México, sua integração comercial com os EUA sob o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (T-MEC) e seus custos trabalhistas mais baixos em comparação com a China, entre outras características, fazem deste país um destino natural para processos de nearshoring realizados hoje em outros lugares”.

No entanto, “nessas pesquisas, os entrevistados também mencionam como desafios para o México a baixa proximidade com fornecedores, a qualidade da infraestrutura, as instituições e o acesso a mão de obra qualificada. De acordo com alguns stakeholders, outros fatores relevantes incluem a incerteza política, a ausência de Estado de Direito, a insegurança e o fornecimento de energia”, apontou o texto.

O próximo presidente será eleito em 2 de junho e tomará posse em 1º de outubro. A BNamericas analisa as propostas das principais candidatas para o nearshoring.

Sheinbaum

A líder das pesquisas não propôs soluções para os problemas citados por especialistas e investidores, ligados à falta de infraestrutura, abastecimento de água e energia, além de segurança. A candidata, porém, ofereceu “clareza”, o que poderia ser visto como uma resposta às preocupações com o Estado de Direito.

Durante uma reunião com a American Society of Mexico em janeiro, a candidata afirmou estar trabalhando em um esquema que permitirá um planejamento ordenado no nearshoring. “Não se trata de dedicar cinco anos ao planejamento.” 

Ela acrescentou que a transição energética do país também foi importante para as empresas que se mudam para o México.

Em fevereiro, Sheinbaum disse em seu podcast que o nearshoring deveria ser organizado e propôs a criação de corredores e polos de desenvolvimento para beneficiar as comunidades. Essa proposta imita a ideia de López Obrador de construir parques industriais ao longo do istmo de Tehuantepec para que os investidores possam desempenhar um papel importante no desenvolvimento econômico da região sudeste.

Até agora, a maioria das empresas realocadas foram para o norte do país, especialmente para o estado de Nuevo León.

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Gálvez

Enquanto isso, a candidata da oposição afirmou que o país precisa de cinco elementos que garantam segurança às empresas interessadas no nearshoring.

Durante sua visita ao estado de Veracruz, na última segunda-feira, a ex-senadora destacou esses elementos: Estado de Direito; energia limpa; abastecimento de água tratada e suficiente; educação para criar novos talentos; e segurança, em meio ao aumento dos crimes cometidos por cartéis.

“Se conseguirmos resolver esses cinco pontos, o México crescerá economicamente. Veracruz vai voltar a ser o estado desenvolvido que sempre deveria ter sido e que estava caminhando para ser”, afirmou.

Por ser empresária, Gálvez tem laços estreitos com o setor privado e prometeu combater a violência e a criminalidade.