Ecopetrol usa inovação aberta para atingir metas de sustentabilidade

A empresa colombiana de hidrocarbonetos Ecopetrol lançou uma estratégia de inovação aberta que utiliza o TESG, um conceito que combina tecnologia e sustentabilidade, para solucionar problemas de gestão operacional e atingir seus objetivos sustentáveis.

Ernesto Gutiérrez, vice-presidente da área digital da Ecopetrol, disse à BNamericas que as plataformas de dados abertos nos permitem enriquecer o entendimento mediante a comparação de nossos próprios dados com os de terceiros.

“Esse tipo de problema é melhor resolvido com [dados abertos e] algoritmos; a inteligência artificial também funciona melhor. Por isso, temos como princípio não tentar resolver esses problemas sozinhos, se não ficarmos com um único ângulo e com uma única visão”, disse Gutiérrez.

Anteriormente a empresa desenvolvia projetos relacionados e agora busca usar a inovação aberta para abordar questões fundamentais como redução de emissões, descarbonização e consumo de água.

Accenture, AWS e Ecopetrol anunciaram recentemente uma solução para gerenciar a pegada hídrica e otimizar o uso de recursos. Isso abordaria o ciclo completo, desde o acesso ao tratamento, reciclagem ou reutilização e descarte.

Juntamente com a IHS e a Microsoft, a Ecopetrol apresentou recentemente uma solução para emissões de CO₂ e metano no segmento upstream.

A plataforma de água será oferecida na modalidade Software as a Service (SaaS). A propriedade intelectual e o desenvolvimento principal permanecerão com a Accenture, enquanto a AWS fornecerá serviços de hospedagem e processamento.

A Ecopetrol pretende atingir a neutralidade hídrica até 2045, para o que reduzirá em 66% a captação de água doce para uso industrial, eliminará os lançamentos em corpos de água doce e compensará os 34% restantes do consumo de água.

DADOS ABERTOS

A primeira versão da plataforma contém informações sobre os padrões de uso da água na indústria de downstream, na refinaria de Cartagena. Além disso, apresenta padrões de utilização da operação da subsidiária Ocelote do segmento upstream convencional e de outras operações não convencionais da Ecopetrol.

Em uma segunda etapa, será incorporado um segundo padrão de uso da refinaria de Barrancabermeja, outros padrões de downstream da empresa petrotécnica e duas ou três operações de downstream colombianas. "Possivelmente, a essa altura, os pilotos de pesquisa não convencionais na Colômbia já estejam aprovados, então usaríamos esse padrão aqui”, explicou.

Em uma terceira etapa, que entraria em operação no final do ano, outra empresa ingressaria na plataforma para enriquecer o algoritmo com dados de terceiros. Gutiérrez garantiu que já está conversando com empresas estrangeiras interessadas.

O executivo disse que informações de outras empresas enriquecerão o algoritmo, mas a Ecopetrol não poderá acessar os dados. “Os dados nunca estarão na posse de terceiros e nunca usaremos os dados de terceiros para executar nosso próprio padrão”, esclareceu.

Quanto à solução de metano, a primeira prova de conceito e protótipo funcional já está em andamento e a Ecopetrol está negociando com outros parceiros que contribuem para a estratégia. “Estamos tentando obter o que chamamos de cinco primeiros parceiros para torná-lo operacional”, disse Gutiérrez.

5G

As redes 5G serão essenciais. Utilizando uma licença temporária do Ministério das Tecnologias (Mintic), a empresa está realizando testes de 5G na refinaria de Barrancabermeja.

A empresa detém 31% da propriedade de 300 ha, dotada de cobertura 5G completa, e agora realizará diferentes pilotos industriais.

Para esse projeto, a Ecopetrol trabalhará com a operadora Claro e, uma vez que o espectro esteja disponível para uso comercial, Barrancabermeja poderá ser uma das primeiras cidades da Colômbia com cobertura 5G.

Outros pilotos serão realizados em tele-educação e telemedicina, além de um centro de inovação 5G no departamento de Santander.

“Existem casos de uso muito difíceis de alcançar com a tecnologia atual, como assistência remota em ambiente industrial”, disse Gutiérrez. A Ecopetrol testará diferentes casos de uso com um nível de confiabilidade e largura de banda maior do que o 4G pode oferecer.

No entanto, a empresa não planeja desenvolver uma rede privada. Em vez disso, a Ecopetrol pretende usar a rede pública da Claro. “Atuamos em quase todos os territórios da Colômbia, então pensar em uma rede pública é competir com a Claro”, disse.

No entanto, as redes públicas apresentam complicações de segurança cibernética, uma das razões pelas quais a empresa iniciou os testes de 5G mais cedo.

INVESTIMENTO E INOVAÇÃO

A Ecopetrol fechou 10 fluxos de transações com o acelerador Plug&Play do Vale do Silício. “Já estamos acelerando dois e possivelmente antes do final do semestre teremos o terceiro”, disse Gutiérrez.

“Estamos tentando ser um pouco mais agressivos com laboratórios de inovação especializados e distribuídos geograficamente na Colômbia”, acrescentou.

A empresa acaba de lançar um centro em Cartagena para inovação em transição energética, com ênfase em hidrogênio, e está planejando um centro de biodiversidade para a região oeste.

Dois ou três laboratórios devem estar operando até o final do ano.

Para acessar o ecossistema de tecnologia dos EUA, a Ecopetrol está planejando um centro de inovação em Houston, Texas. Seus parceiros nesse projeto são Impulsa, Microsoft, as câmaras de comércio de Bucaramanga e Cartagena, a associação Andi, a Universidad del Norte e a Universidade Tecnológica de Bolívar, entre outros.