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Grupos locais e estrangeiros apostam nos biocombustíveis brasileiros para reduzir emissões

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Grupos locais e estrangeiros apostam nos biocombustíveis brasileiros para reduzir emissões

Grupos brasileiros e estrangeiros de diversos setores industriais estão investindo em projetos de biocombustíveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e aumentar sua segurança energética.

As iniciativas envolvem majoritariamente o transporte rodoviário, mas também há casos de pesquisas para aplicações fluviais, marítimas, aeronáuticas e empreendimentos comerciais.

O destaque é o biodiesel, graças ao aumento da quantidade de biocombustível na mistura local de diesel.

Atualmente em análise no Congresso, o Projeto de Lei do Combustível do Futuro prevê o aumento gradual do componente biocombustível da mistura ao longo dos próximos anos para 20% do volume (B20) até 2030.

“Os Biocombustíveis são uma opção real para o Brasil e podem exercer um papel central na estratégia de descarbonização dos transportes”, disse à BNamericas Rodolfo Taveira, diretor da área de energia e recursos naturais da consultoria Oliver Wyman.

“Para os veículos leves o etanol é a opção mais madura neste momento. Eventualmente, o crescimento da produção de biometano possa também alimentar a frota que hoje opera com GNV, mas isso concorreria com o uso industrial do biometano, o que pode restringir a oferta para transportes”, acrescentou Taveira.

Segundo ele, no transporte pesado há mais alternativas: biodiesel misturado ao diesel fóssil, diesel renovável/diesel verde (HVO), biometano e até etanol, dependendo do desenvolvimento tecnológico dos motores.

Para a aviação, os combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) são uma alternativa concreta, e sua produção via etanol ou biomassa é uma possibilidade para o Brasil.

“No caso do transporte marítimo o metanol e a amônia são as alternativas em maturação neste momento, sem que o primeiro pode utilizar uma rota de produção via biomassa”, comentou o consultor.

CASOS RODOVIÁRIOS

A Scania, fabricante de caminhões do Grupo Volkswagen, e a Casa Scania Brasdiesel lançaram recentemente o primeiro caminhão 6x2 movido 100% a biodiesel (B100).

A parceria envolve a Catto Transportes em conjunto com a 3tentos, que fornecerá o caminhão B100 da transportadora. O veículo começará a operar em maio para o Grupo Amaggi.

Em dezembro de 2023, a Scania e o Grupo Potential, que produz biodiesel, começaram a operar um caminhão movido a biodiesel no Paraná.

O protótipo, fabricado em 2019, obteve redução de 95% nas emissões de dióxido de carbono, principal contribuinte para os gases de efeito estufa.

“O potencial do Brasil de produzir o biodiesel oriundo da cultura agrícola, já que o país é um dos gigantes globais do agro, nos mostram que temos um caminho interessante a explorar”, disse à BNamericas Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Commercial Operations no Brasil.

“Não podemos mais depender apenas do diesel e manter este combustível como matriz principal. Por isso, o biodiesel é mais uma alternativa ao diesel”, complementou.

Em novembro de 2023, a multinacional alimentícia brasileira JBS iniciou um projeto para introduzir o uso do biodiesel B100 em sua frota própria de caminhões.

Os testes envolvem três veículos da montadora holandesa DAF, rodando em média 1,2 mil km por dia.

TRANSPORTE FLUVIAL/MARÍTIMO

Parte do grupo Amaggi, a Hermasa Navegação da Amazônia analisa a possibilidade de abastecer sua frota fluvial que opera no norte do país com biodiesel B100.

Já a Vale aposta em biocombustíveis para abastecer sua frota de embarcações marítimas. Em novembro de 2023, em parceria com a Oldendorff Carriers, a mineradora iniciou sua primeira viagem com um transportador de minério movido a biocombustível.

O biocombustível B24, utilizado na viagem entre o Rio de Janeiro e a Ásia, era composto por óleo combustível e biodiesel produzidos a partir de óleo vegetal de cozinha residual.

A iniciativa faz parte do programa Ecoshipping, iniciativa de P&D desenvolvida pela área naval da Vale para reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte marítimo.

Fornecedora de combustíveis de bancas para transporte marítimo, a dinamarquesa Bunker One realizou pesquisa em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a qual concluiu que a adição de 7% de biodiesel ao combustível fóssil pode ser utilizada sem gerar perdas em comparação com o tradicional óleo de bunker.

A empresa faz parte da aliança de descarbonização dos portos locais, que será lançada formalmente no dia 6 de março.

“A participação na Aliança Brasileira para Descarbonização dos Portos é mais um passo no nosso objetivo de promover uma operação cada vez mais sustentável e ambientalmente correta”, declarou em comunicado Flavio Ribeiro, CEO da Bunker One Brasil.

AVIAÇÃO

A Brasil BioFuels (BBF) está investindo R$ 2,2 bilhões em uma biorrefinaria em Manaus, cujo foco será em HVO e SAF.

O novo combustível de aviação reduzirá as emissões de gases com efeito de estufa em cerca de 90% e permitirá reduzir as emissões de enxofre até 100%.

A capacidade de produção será superior a 280 milhões de litros por ano a partir de 2026.

A contratante é a Vibra Energia, principal distribuidora de combustíveis do país e antiga varejista da Petrobras.

O orçamento de baixo carbono da estatal para o período entre 2024 e 2028 inclui US$ 1,5 bilhão para biorrefino, envolvendo diesel renovável e bioquerosene de aviação.

BIOMETANO

Em 2023, o Grupo L’Oréal no Brasil assinou contrato com a Gás Verde, da Urca Energia, para o fornecimento de 3,6 MMm³ (milhões de metros cúbicos de biometano), o qual será utilizado para abastecer 100% da frota dedicada da empresa.

O posto com o combustível está localizado próximo ao centro de distribuição de Gaia, que é o segundo maior da empresa na América Latina. A L’Oréal será a primeira empresa da indústria cosmética a utilizar biocombustível 100% renovável em toda a sua frota dedicada.

A Gás Verde produz gás renovável a partir do tratamento de resíduos sólidos urbanos provenientes do aterro de Seropédica, no estado do Rio de Janeiro.

Os outros clientes da empresa incluem Ambev, Ternium e Saint Gobain.

“Temos visto um movimento crescente para descarbonizar as frotas das empresas. As grandes empresas, em particular, têm metas ambiciosas de descarbonização que precisam ser cumpridas e exigem soluções ambientais”, afirmou à BNamericas o CEO da Gás Verde, Marcel Jorand.

REGULATÓRIO

Segundo Anna Paula Góes, sócia do escritório Schmidt Valois Advogados, para que os objetivos do combustível para o futuro sejam alcançados é necessário um amplo alinhamento entre os órgãos da administração pública que serão responsáveis por implementar, regulamentar e/ou melhorar o quadro regulamentar

“De nada adianta obter perante à ANP [Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis] autorização para operação de instalação de biodiesel e para produção de biodiesel”, disse ela à BNamericas.

Para Taveira, o PL do Combustível do Futuro incentiva a criação de demanda ao definir níveis mínimos de mistura e utilização de determinados biocombustíveis, o que deverá gerar segurança para investimentos em capacidade de produção.

“Hoje, o principal gargalo está no abastecimento, com alguns biocombustíveis sem infraestrutura de produção local, de modo que o projeto de lei desempenha um papel importante ao fornecer uma perspectiva”, concluiu.

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