México consultará os EUA sobre tarifas para aço e alumínio

Depois que Donald Trump ordenou na segunda-feira (10) uma tarifa de 25% sobre as importações de alumínio e aço, incluindo aquelas dos parceiros do acordo comercial T-MEC (México e Canadá), o governo da presidente mexicana Claudia Sheinbaum consultará os EUA sobre o assunto.

Assim como fez em 2018, Trump autorizou as tarifas sob a Seção 232 da Lei de Expansão Comercial, que lhe dá autoridade para impor restrições comerciais por razões de segurança interna.

As tarifas entrarão em vigor em 12 de março e também incluirão produtos metálicos acabados, o que pode gerar pressões inflacionárias, conforme explicou Gabriela Siller, diretora de análise econômica do Grupo Financiero Base, em um relatório para clientes.

Em resposta ao anúncio de Trump, a União Europeia anunciou medidas retaliatórias, o que pode levar a uma guerra comercial.

O México, por sua vez, também expressou sua disposição de tomar medidas recíprocas, mas, por enquanto, o secretário da Economia, Marcelo Ebrard, declarou que “esta tarifa não se justifica”, porque o México importa mais aço dos EUA do que exporta. Durante a coletiva de imprensa diária de Sheinbaum, ele mostrou um vídeo explicando que é “uma má ideia” impor esse tipo de tarifa na América do Norte.

Ebrard anunciou que, seguindo instruções da presidente mexicana, seriam realizadas consultas com o novo governo dos EUA para apresentar as informações do governo mexicano sobre o assunto.

“É o que o presidente Trump às vezes diz: 'bom senso'. Bem, nós o levamos a sério: bom senso, não atirar no próprio pé, não destruir o que construímos nos últimos 40 anos”, acrescentou o secretário.

Quando perguntada se a decisão unilateral da administração Trump violava o acordo comercial, Sheinbaum respondeu que sim e que há painéis dentro do acordo comercial T-MEC para resolver disputas. No entanto, ela esclareceu que “temos que esperar” porque as tarifas não entrariam em vigor até o mês que vem.

Gerardo Esquivel, ex-vice-presidente do Banco Central do México, disse em sua conta no X que “as tarifas sobre aço e alumínio resultarão em um duro golpe para o emprego industrial nos EUA, aumentando seus custos”.

Estudos recentes mostraram que as tarifas de 2018 se traduziram em um custo líquido de 74.000 empregos – 1.000 foram criados, mas 75.000 foram perdidos, acrescentou.

A BNamericas perguntou à Câmara Nacional da Indústria do Ferro e do Aço do México (Canacero) na segunda-feira (10) sobre as novas tarifas. Um porta-voz da organização respondeu que eles estavam esperando o anúncio oficial da Casa Branca para entender o escopo e os efeitos da medida.

“Como já salientamos em ocasiões anteriores, os EUA registram um superávit no comércio bilateral de aço com o México e se beneficiam de suas exportações para nosso país”, disse a Canacero, acrescentando que “na indústria siderúrgica mexicana, acreditamos que a integração no âmbito do T-MEC é a melhor maneira de abordar o comércio desleal de produtos siderúrgicos, especialmente da China”.