Brasil
Feature

Pequenos provedores, grandes ambições: investindo para levar banda larga até a Amazônia

Bnamericas Publicado: sexta-feira, 27 janeiro, 2023
Pequenos provedores, grandes ambições: investindo para levar banda larga até a Amazônia

A região amazônica é a mais carente do Brasil em termos de conectividade, seja pela dificuldade de implantação da tecnologia em terrenos remotos de selva, seja por questões econômicas e comerciais.

No entanto, tais desafios, somados ao desinteresse das grandes operadoras em atender as áreas menos populosas da região, são os motores da Veloso Net, uma pequena empresa de telecomunicações fundada em 2018, que trabalha para levar conectividade a algumas das partes mais isoladas da floresta.

Depois de negociar com a Nokia por algum tempo, as negociações acabaram rompidas e Veloso acabou fechando contrato com a Huawei para equipamentos de rádio e antena. Esta parceria começou em 2021, explicou à BNamericas Junior Veloso, fundador empresa.

“Eles acabaram oferecendo soluções mais baratas, práticas e com prazo de entrega reduzido”, disse Veloso, que não deu detalhes sobre o custo do equipamento.

A Veloso Net é um pequeno provedor fundado na cidade de Tefé, Amazonas.

As implantações estão ocorrendo principalmente nas margens do adjacente rio Solimões, nome local dado aos trechos superiores do rio Amazonas, desde sua confluência com o rio Negro, perto de Manaus, até a fronteira peruana. A Veloso Net já alcançou 90% de cobertura das localidades ao longo dos 1,7 mil quilômetros do rio.

Até o final de 2023, o plano é chegar a mais 12 municípios e 18 ribeirinhos. “Temos uma perspectiva muito boa de crescimento e investimento. Nosso objetivo final é cobrir todos os 62 municípios do interior do Amazonas”, afirmou, sem detalhar os valores envolvidos.

Mais de 20 sites já foram entregues pela Huawei, cada um com um raio médio de cobertura de 20 km, segundo o executivo.

Eles estão instalados em torres de cerca de seis metros de altura, construídas pela própria Veloso Net. Em algumas localidades bem pequenas, em troca do terreno cedido para as torres pela população local, Veloso deixa o sinal de internet aberto e gratuito.

Em cidades maiores, a infraestrutura também atende provedores de internet e até grandes operadoras no formato atacado. Em oito cidades, a Telefônica – maior operadora móvel do Brasil – utiliza a infraestrutura da Veloso Net, segundo o CEO.

A rede de Veloso já chegou a Tabatinga, cidade no extremo oeste do estado do Amazonas, na fronteira trinacional com a Colômbia e o Peru. Lá, o foco principal da empresa é atender outros fornecedores.

A distância de Tabatinga a Tefé é de cerca de 600 km em linha reta, mas chega a 1.000 km via rio.

FIBRA, BACKBONE E ESPECTRO

Para conectar as antenas, A Veloso está usando fibra adquirida de outra empresa chinesa, a FiberHome. O cabeamento foi passado ao longo das linhas de transmissão de energia ao longo do rio Solimões e a Veloso paga diretamente a concessionária de energia local para usar as linhas, explicou o CEO.

Questionado sobre a infraestrutura fornecida pelo Norte Conectado – projeto promovido pelo governo por meio da Rede Nacional de Pesquisa e Educação (RNP) –, Veloso salientou que as rotas iniciais do backbone ainda não estão totalmente disponíveis nem são totalmente convergentes com as rotas da própria Veloso. Ele acrescentou que a empresa não pretende usar a infraestrutura de fibra.

O espectro utilizado para transmissão do sinal com os equipamentos de rádio da Huawei opera nas frequências de 1,8 GHz e 2,6 GHz, obtidas por Veloso junto à Anatel como uso secundário de espectro.

“O processo para obtenção da licença foi relativamente simples. Levamos menos de 90 dias para a aprovação da Anatel”, disse Veloso.

Neste formato, a titularidade da licença do espectro é temporária, com duração média de cerca de cinco anos, enquanto a frequência estiver ociosa e disponível. Se ocorrer uma venda em um leilão, por exemplo, a licença expira.

“Todas as frequências da região aqui estão disponíveis. Ninguém, nenhuma operadora, comprou esses espectros nos últimos leilões”, disse o executivo.

Segundo ele, os rádios fornecidos pela Huawei são multibanda e estão habilitados tanto para o padrão 4G quanto para o 5G, embora este último esteja no formato não autônomo (NSA).

Um desafio, porém, é ter dispositivos acessíveis para a população da região se conectar à rede 5G. Por isso, Veloso disse que a Huawei está trabalhando em modems habilitados para 5G mais baratos, que custam cerca de US$ 80, os quais sendo inicialmente desenvolvidos para a Brisanet.

O executivo está otimista com o negócio. “Muita coisa ainda irá acontecer, mas estamos muito confiantes com este projeto”, concluiu.

Fonte da foto: Veloso Net

Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina. Deixe-nos mostrar nossas soluções para Fornecedores, Empreiteiros, Operadores, Governo, Jurídico, Financeiro e Seguros.

Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina.

Outros projetos em: TIC (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de TIC projetos na América Latina: em que etapas estão, capex, empresas relacionadas, contatos e mais.

Outras companhias em: TIC (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de TIC companhias na América Latina: seus projetos, contatos, acionistas, notícias relacionadas e muito mais.

  • Companhia: Algar Telecom S.A.  (Algar Telecom)
  • Algar Telecom SA, divisão do grupo brasileiro Algar, oferece principalmente serviços fixos, móveis e de comunicação de dados. Como subholding de tecnologia e telecomunicações do...
  • Companhia: Sky Brasil Serviços Ltda.  (Sky Brasil)
  • Sky Brasil Serviços Ltda. (Sky Brasil) é um provedor brasileiro de TV paga por satélite que usa a banda Ku para entregar conteúdo digital a mais de 5,2 milhões de consumidores r...