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Por que as indústrias brasileiras estão contratando energia renovável

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Por que as indústrias brasileiras estão contratando energia renovável

Cada vez mais indústrias brasileiras estão limpando sua matriz energética contratando fontes renováveis no mercado livre (não regulamentado) de energia ou se tornando autoprodutores de eletricidade.

O movimento reflete a crescente competitividade dos preços da energia solar fotovoltaica e eólica, além do desenvolvimento da agenda ambiental, social e de governança corporativa (ESG), entre outros fatores.

O vice-presidente regulatório e de riscos da Focus Energia, Henrique Casotti, destacou que o aumento dos encargos do setor tem incentivado investimentos em autoprodução, assim como o aumento do custo do gás natural tem motivado mudanças nos processos produtivos para elevar o consumo de eletricidade.

“É provável que haja um aumento se o mercado de hidrogênio verde crescer, como é esperado”, apontou ele à BNamericas.

Daniela Alcaro, sócia da Stima Energia para comércio de energia, tem visto mais empresas buscando a autoprodução de energia devido à queda dos encargos ou à contratação de energia de usinas existentes por contratos de compra de energia (PPAs) de dois ou três anos.

“A inflação alta desmotiva os consumidores a se comprometerem com PPAs de longo prazo, que são mais comuns no caso de novas usinas, já que os contratos são indexados ao IPCA [índice de preços ao consumidor]”, disse ela à BNamericas.

Segundo Alcaro, o financiamento de projetos ficou mais caro por conta dos aumentos globais das taxas de juros, combinados com a interrupção da cadeia de suprimentos decorrente da pandemia e da guerra na Ucrânia.

“Então, hoje, para viabilizar um parque de geração, a energia precisa ser vendida por cerca de R$ 180/MWh (US$ 35,4/MWh) no caso da energia incentivada”, avaliou ela.

Jônatas Lima, diretor da provedora de soluções energéticas Ativa Energia, disse que a demanda por energia renovável também está ligada à possibilidade de obter certificados de energia renovável (I-RECs).

“Vimos um interesse crescente por fontes renováveis, inclusive no perfil do varejista [consumidores de pequeno porte que acessam o mercado livre por meio de uma trading]”, destacou ele à BNamericas.

Na semana passada, a panificadora local Bimbo Brasil anunciou que suas seis fábricas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Pernambuco e Rio Grande do Sul estão consumindo 100% de energia renovável – eólica –, proveniente de empresas do mercado livre de energia.

A Bimbo contratou a capacidade diretamente por um PPA de três anos com a Neoenergia, válido de 2022 a 2024.

“Nosso grupo tem um compromisso global de alcançar um desempenho de baixo carbono, portanto, visa uma matriz energética limpa e sustentável”, disse à BNamericas o CEO Alfonso Argudín.

Enquanto isso, a Bimbo continua buscando a melhoria contínua e a redução constante dos recursos energéticos por meio de práticas de eficiência energética e inovação tecnológica.

Além disso, a Albras, maior produtora de alumínio do Brasil, assinou recentemente um PPA indexado ao dólar com a Hydro Rein e a Atlas Renewable Energy para um fornecimento anual de energia de 815 GWh de 2025 a 2044. O acordo cobre 12% do consumo anual de eletricidade da Albras.

A construção da usina solar Boa Sorte, de 438 MW e US$ 320 milhões, no município de Paracatu, Minas Gerais, está prevista para começar no quarto trimestre de 2022, e suas operações, um ano depois.

A Albras está localizada no estado do Pará e é uma joint venture entre a Hydro e a NAAC (Nippon Amazon Aluminium). Tem capacidade anual de 460 mil toneladas e abastece os mercados doméstico e internacional.

Em abril, a petroquímica Braskem assinou um contrato de compra de energia eólica com a EDF Renewables. O acordo, que possibilitará a construção de um complexo eólico na Bahia, permitirá à Braskem obter energia por 20 anos, a partir de 2024.

O diretor de energia da empresa, Gustavo Checcucci, disse à BNamericas que a Braskem planeja ter pelo menos 85% de seu consumo global de energia proveniente de fontes renováveis até 2030.

Já a gigante da mineração Vale está investindo US$ 500 milhões na usina solar fotovoltaica Sol do Cerrado.

Previsto para entrar em operação no segundo semestre, o empreendimento de autoprodução de energia de 766 MWp faz parte da meta global da Vale de atingir 100% de consumo de energia renovável até 2030, e no Brasil até 2025.

Foto aérea de um dos 17 subparques da usina Sol do Cerrado

FINANCIAMENTO VERDE

De olho na agenda ESG, os bancos brasileiros estão desenvolvendo soluções de financiamento para apoiar iniciativas ambientais muitas vezes ligadas à geração de energia renovável.

O Itaú Unibanco captou US$ 62,5 milhões no exterior no final de abril com a colocação privada de um título verde. Este foi o primeiro título verde do banco emitido sob sua estrutura de financiamento de sustentabilidade, que define as diretrizes para emissão de títulos verdes, sociais e sustentáveis.

Os recursos podem ser alocados para projetos de energia renovável e eficiência energética, transporte limpo, manejo sustentável de água e águas residuais, prevenção e controle da poluição e edifícios verdes.

Na semana passada, o banco de desenvolvimento BNDES concluiu sua primeira oferta pública coordenada de debêntures, em nome da RDVE Subholding, empresa do grupo Casa dos Ventos.

A operação de R$ 430 milhões visa a captação de recursos para a conclusão de quatro dos oito parques eólicos que compõem a expansão do complexo eólico Rio do Vento, em João Câmara, no Rio Grande do Norte.

“A energia renovável está no centro da estratégia do BNDES no setor de energia, aliada ao desenvolvimento do mercado livre. A importância de apoiar o mercado livre ocorre porque esse ambiente de contratação é o ponto de encontro entre consumidores comprometidos com as metas ESG, geradores competitivos de energia limpa e investidores em busca de ativos sustentáveis”, afirmou um porta-voz do banco à BNamericas.

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