Projetos de lítio das empresas Posco e Rio Tinto aderem ao regime especial argentino

Os projetos argentinos de lítio Sal de Oro, de propriedade da sul-coreana Posco, e Rincón, da anglo-australiana Rio Tinto, vão aderir ao regime de incentivo de investimentos para exportações, depois que o Ministério da Economia aprovou seus pedidos por meio das resoluções 1.685 e 1.697, publicadas no Diário Oficial nesta quarta-feira (6).

Com a medida, as empresas poderão acessar o mercado único de câmbio livre para pagar seus financiamentos ou dívidas comerciais contraídas no exterior.

Com base no decreto 234 de 2021, que busca beneficiar investimentos e exportações em setores-chave como mineração, hidrocarbonetos, automobilístico e agroindustrial. A medida se aplica a investimentos estrangeiros diretos superiores a US$ 500 milhões, cobrindo um valor até 20% do valor cambial obtido nas exportações.

A Posco estima um investimento de US$ 1,6 bilhão para as duas primeiras fases do Sal de Oro no Salar Hombre Muerto, na fronteira das províncias de Salta e Catamarca. A iniciativa considera uma produção inicial de 25 mil toneladas por ano de hidróxido de lítio, a partir do próximo ano. Em seguida, será incorporada uma planta de carbonato de lítio com capacidade de 23 mil toneladas por ano.

Foi estabelecido um lucro máximo de US$ 1 bilhão para a Posco, considerando que o Sal de Oro pode alcançar fluxos líquidos positivos no mercado de câmbio de cerca de US$ 31 bilhões, até 2055, segundo o relatório do Banco Central.

No total, a Posco planeja investir até US$ 4 bilhões no projeto e tem avançado na formação de sua cadeia de valor para eletromobilidade, com acordos com a empresa americana de tecnologia de extração de lítio, EnergyX, por meio de uma joint venture com a General Motors e Ultium CAM, para fornecer cátodos para fabricação de veículos elétricos, entre outros.

A Rio Tinto, por sua vez, está desenvolvendo uma planta de carbonato de lítio para baterias que iniciará a produção de 3 mil toneladas por ano, no final de 2024, com um acordo de fornecimento para a Ford.

O valor máximo estipulado para a Rincón será de US$ 1,24 bilhão, enquanto os fluxos líquidos positivos no mercado cambial seriam de cerca de US$ 13,2 bilhões até 2044, segundo a autoridade monetária.

Em entrevista à BNamericas, Luciano Marrazzo, diretor para o Cone Sul da América Latina da Rockwell Automation, destacou o dinamismo do panorama de investimentos na Argentina.

“Há muito investimento hoje e para os próximos 5 a 10 anos, que fará crescer a mineração na região. As províncias têm feito um bom trabalho na captação de investimentos, por isso, estamos vendo inúmeras empresas da Austrália, China, Coreia, Canadá, França e EUA instalando-se na Argentina, que talvez seja neste momento o país mais aberto ao investimento”, afirmou.

OUTROS PROJETOS DE LÍTIO

Em junho, o Ministério da Economia concedeu o mesmo benefício à australiana Allkem, para que sua subsidiária Sales de Jujuy, que opera o projeto de lítio Olaroz, pudesse ter acesso a divisas para 20% de suas exportações, com limite máximo de 25% do investimento, ou o equivalente a US$ 111 milhões, desde o início do projeto até 2031. São considerados fluxos líquidos no mercado de câmbio de US$ 883 milhões.

A resolução indica que o benefício será aplicado ao projeto de expansão da capacidade de produção de carbonato de lítio, que aumentará de cerca de 12 mil  toneladas por ano para 25 mil toneladas por ano, previstas até o final de 2024.

Anteriormente, o projeto Três Quebradas, da empresa Liex – subsidiária local da empresa chinesa Zijin Mining – na província de Catamarca, já havia sido incorporado ao regime. O investimento equivale a US$ 371 milhões durante um período de três anos, com o objetivo de atingir uma produção média de cerca de 20 mil toneladas por ano de carbonato de lítio, ao longo de 20 anos.

“O projeto prevê iniciar as exportações nos primeiros meses de 2024 e durante o período de produção máxima, entre 2025-2043, atingir uma média de US$ 243 milhões”, segundo um comunicado emitido na época.

A Argentina é o quarto maior produtor de lítio do mundo e almeja estar entre os três maiores.