A Newmont e o sindicato de Peñasquito poderão, em breve, chegar a um acordo e encerrar a greve

Depois de quase quatro meses desde que as operações foram suspensas na Minera Peñasquito, principal mina de ouro e prata do México, a subsidiária local da empresa americana Newmont e o sindicato dos trabalhadores poderão chegar, esta semana, a um acordo que permitirá o fim da greve.

Na semana passada, a Minera Peñasquito enviou uma proposta à Seção 304 do sindicato nacional de mineração para chegar a um acordo e retomar as operações, disse o líder sindical e senador Napoléon Gómez Urrutia ao El Financiero.

“Acabamos de receber uma proposta da Newmont que vamos estudar… Estamos abertos a negociar, mas não vamos permitir que os direitos dos trabalhadores sejam violados”, disse Gómez Urrutia.

Uma fonte próxima aos trabalhadores que preferiu anonimato confirmou à BNamericas que as partes poderão chegar a um acordo nos próximos dias.

Em 7 de junho, cerca de 2 mil membros do sindicato dos trabalhadores em mineração, metalúrgicos e siderúrgicos de Peñasquito votaram pela entrada em greve após denunciarem violações do acordo coletivo e do regime de partilha de lucros. Eles exigem aumentar sua participação nos lucros de 10% para 20%.

Em 8 de agosto, a Minera Peñasquito solicitou a um tribunal federal do trabalho que analisasse o mérito das reivindicações do sindicato. A greve na mina localizada no estado de Zacatecas custa à empresa 3,7 milhões de dólares por dia. A empresa anunciou que, em decorrência da suspensão, não teria mais lucro neste ano.

Num comunicado dirigido aos trabalhadores, a Seção 304 esclareceu que Gómez Urrutia “procura a melhor solução para o conflito atual. Isso para apresentar uma proposta que ajude a desbloquear o movimento grevista. Juntamente com o seu comitê executivo nacional, houve uma aproximação com os diretores da empresa para avançar nas negociações conciliatórias”.

“Além disso, nós, como comitê de revisão do PTU [participação nos lucros dos trabalhadores], estamos trabalhando em conjunto com o departamento jurídico na questão da alegação de imputabilidade para dar continuidade à questão jurídica para avançar nos dois sentidos”, acrescentou o sindicato.

Segundo Gómez Urrutia, “a Newmont manipulou e inflou despesas. O que pagaram em lucros no ano anterior foi incluído como custos da empresa, o que, por sua vez, levou a uma redução no pagamento dos lucros dos trabalhadores este ano, razão pela qual surgiu o desacordo”.

Acrescentou que contactou Ken Salazar, embaixador dos Estados Unidos no México, para chegar a acordos que permitissem resolver as divergências entre a empresa e o sindicato.

Gómez Urrutia, senador pelo partido governista Morena, disse que “é uma chantagem da Newmont e uma ameaça, nada mais, de que eles retirarão seu investimento do México. Em Peñasquito produz-se ouro, é a maior mina de ouro do México, tem enormes reservas de ouro, investiram muito dinheiro e obtiveram grandes benefícios e enormes lucros nos últimos anos”.

Acrescentou que a empresa não deixaria escapar “a galinha dos ovos de ouro”, já que Peñasquito está entre as suas operações mais rentáveis.

No mês passado, o CEO da Newmont, Tom Palmer, alertou que a greve estava forçando a empresa a “rever criticamente os seus investimentos no México”.

Até 7 de setembro, as perdas acumuladas após três meses de greve somaram US$ 562 milhões.

Em 2022, Peñasquito produziu 566 mil onças de ouro, 29,7 milhões de onças de prata, 171 mil toneladas de zinco e 66 mil toneladas de chumbo, segundo a Câmara de Mineração Mexicana (Camimex), que coloca essa unidade como a principal produtora dos quatro metais do país.