A proposta de mudança da regra do custo marginal no Chile

Uma proposta da indústria no Chile para alterar as regras de custo marginal atraiu tanto apoio quanto oposição dos geradores de energia.

No final de fevereiro, nove players de energias renováveis enviaram uma carta ao ministro da energia, Diego Pardow, pedindo ao governo que modificasse as regras de cálculo do custo marginal temporariamente, enquanto as partes interessadas discutiam mudanças regulatórias permanentes.

O pedido ocorre em um contexto em que os preços de injeção são reduzidos a zero durante o horário solar, impactando a economia de algumas usinas renováveis com produção contratada.

Às 14h de quinta-feira (30), por exemplo, segundo dados preliminares do coordenador da rede CEN, os custos marginais em Puerto Montt, no sul do país, giravam em torno de US$ 284/MWh, contra US$ 0/MWh no norte. Durante as horas não solares, os custos marginais são bastante semelhantes.

Em uma iniciativa relacionada, as autoridades reguladoras estabeleceram no ano passado um grupo de trabalho com geradores renováveis para tratar de suas preocupações sobre o estresse de pagamento no mercado de curto prazo.

Enquanto isso, as modificações propostas pelos geradores visam incorporar as usinas que operam em seu mínimo técnico no cálculo dos custos marginais da rede nacional. Tal movimento ajudaria a combater as distorções e estimular o investimento, abordando o risco econômico associado, afirmam os proponentes.

A proposta foi apoiada pela Acera, associação de armazenamento e renováveis do país. Em comunicado recente, a Acera afirmou: “A situação relativa ao número de horas em que muitas zonas do sistema elétrico registam um custo marginal de eletricidade igual a zero vem tendo um efeito grave na balança de rendimentos de várias empresas de ERNC [energias renováveis não convencionais], cenário que preocupa nossa entidade.”

A associação de geradores solares Acesol também apoiou a proposta, considerando a medida “totalmente razoável”, informou recentemente o jornal local DF.

No entanto, a associação da indústria local Generadoras de Chile – cujos membros incluem os maiores players do setor de energia do país: Enel, Colbún e AES Andes – se manifestou contra a proposta. A entidade alegou que o projeto contém “deficiências graves”. Embora reconheça que existem diferenças no setor, acrescentou que uma revisão das regras associadas deve ser uma prioridade na agenda regulatória para os próximos meses.

Ampliar a capacidade de transmissão e aumentar a capacidade de armazenamento de energia é vista como a principal forma de combater a raiz do problema, que está ligada ao congestionamento da transmissão, a qual afeta principalmente as usinas do norte do país com contratos de compra de energia para fornecer eletricidade em locais distantes.

O governo tem vários projetos de lei de transmissão na prancheta. Os sistemas de armazenamento de energia vinculados a projetos de usinas elétricas estão ganhando força, com várias iniciativas em escala de serviços públicos sob revisão ambiental.

Em notícia relacionada, um período de consulta pública sobre propostas de novas regras de transferência de capacidade foi estendido até 5 de abril. As mudanças abrangem áreas como metodologia, armazenamento de energia – após a introdução no ano passado de uma lei associada – e implementação das regras, que seriam graduais.

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