Acordo da COP28 gerará ventos favoráveis para hidrogênio verde e seus derivados

O acordo de descarbonização alcançado durante as negociações climáticas da COP28, em Dubai, é um bom presságio para alternativas mais limpas, afirmou um funcionário da Corporação Financeira Internacional (IFC) à BNamericas.

Na COP28, os países se comprometeram com a meta de abandonar os combustíveis fósseis e atingir o zero líquido. Além disso, foram anunciadas diversas novas mobilizações de capital privado e fundos de financiamento mistos.

“O potencial para tecnologias novas e mais limpas é maior do que nunca, e isso inclui o hidrogênio verde e seus derivados”, disse Diep Nguyen-van Houtte, executiva sênior para Inovação e Desenvolvimento Empresarial da IFC, do Grupo Banco Mundial. Nguyen-van Houtte participou da COP28, onde discursou em vários eventos sobre o papel do financiamento verde na transição energética e na descarbonização do ambiente construído.

O acordo da COP28 dividiu opiniões, sendo considerado histórico por alguns analistas, enquanto outros alegaram que as nações poderiam elaborá-lo com mais rigidez. O hidrogênio verde e seus derivados podem ser utilizados para substituir combustíveis fósseis em diversos processos industriais e para descarbonizar os setores da economia que não podem ser eletrificados diretamente, como o siderúrgico, o de aviação e o de transporte marítimo.

O Chile está trabalhando para criar uma indústria de hidrogênio verde e derivados que possa abastecer os mercados interno e externo. As empresas do setor privado HIF e Enel Chile, entre outros stakeholders, construíram a primeira planta de demonstração de e-fuels na região de Magalhães, Haru Oni.

Hoje em dia, um dos principais obstáculos para o aumento da produção é garantir contratos de compra em um contexto que os combustíveis fósseis são mais baratos e os níveis de risco são elevados para os pioneiros do setor, por sua vez, impactando nos custos do projeto.

Entretanto, o Grupo do Banco Mundial se comprometeu com o investimento US$ 150 milhões para uma instalação de US$1 bilhão construída pela agência estatal de desenvolvimento do Chile (Corfo), com a finalidade de mitigar os riscos dos projetos de hidrogênio verde e reduzir o custo de capital.

Nguyen-van Houtte afirmou que, além do financiamento direto de projetos, uma das funções gerais da maior instituição financeira de desenvolvimento do mundo focada no setor privado é fornecer apoio na fase inicial com o objetivo de ajudar a abrir novos mercados.

“Nosso verdadeiro valor agregado está em nossa experiência, nosso suporte de assessoria e nossos serviços técnicos de pré-investimento em apoio ao desenvolvimento de projetos”, acrescentou Nguyen-van Houtte para potenciais investidores, durante a conferência World Hydrogen Latin America, realizada em Santiago.

O Chile e a região em geral estão bem posicionados para aproveitar a onda global do hidrogênio verde e seus derivados, dado o forte potencial de energia renovável e terrenos abundantes para projetos de construção. O Chile tem dois projetos de hidrogênio verde (Cabo Negro e Quintero) em fase de revisão ambiental, além de um parque eólico desconectado de rede elétrica, de US$ 500 milhões, que abastecerá Cabo Negro, também aguardando liberação.

Mais de 50 projetos de hidrogênio verde foram anunciados publicamente no Chile, cerca de metade deles orientados para a exportação ou para os mercados internos de exportação. A maioria é liderada por consórcios de empresas.

A HIF, responsável pelo Cabo Negro, assinou recentemente um memorando de entendimento com a empresa petrolífera estatal Enap para promover a utilização local de combustíveis neutros em carbono. A Enap, juntamente com a HIF, e outros players do setor privado, também possuem projetos que visam reaproveitar e adaptar a infraestrutura existente de hidrocarbonetos midstream na região árida e isolada. O Ministério da Energia anunciou recentemente um plano de desenvolvimento logístico relacionado.

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De acordo com uma pesquisa de 2021 sobre cadeias de valor emergentes do hidrogênio, publicada pela empresa norueguesa de garantia e gestão de riscos DNV, os três principais riscos percebidos para o avanço da economia de hidrogênio são os elevados custos do hidrogênio verde e azul, as alterações legislativas/regulatórias ou a falta delas e a falta de investimento em infraestrutura.