Alacero alerta para possíveis danos à América Latina devido ao excesso de capacidade global

O excesso de capacidade global de aço aumentará para 644 milhões de toneladas (Mt) até 2025, colocando em risco milhares de empregos e a viabilidade de longo prazo da indústria siderúrgica latino-americana, afirma a associação regional Alacero.

“A América Latina está enfrentando um momento desafiador, marcado por perspectivas limitadas de crescimento e incerteza política. A demanda por aço contraiu em todos os países da região em 2022, totalizando 68,7 Mt, uma redução de 8,5% em relação ao ano anterior. Conforme relatado, o crescimento moderado é projetada em todos os setores, a demanda por aço deve crescer 1,1% e 2,7%, respectivamente, em 2023 e 2024”, disse o diretor-executivo da Alacero, Alejandro Wagner, à BNamericas.

Enquanto a produção anual de aço bruto na região ultrapassa 60 Mt, a capacidade mundial atingiu 2.463 Mt e a produção efetiva 1.885 Mt, e a China contribuiu com 1.018 Mt no ano passado. A capacidade excedente foi de 578 Mt e o gigante asiático foi responsável por 132 Mt de excedente, segundo dados da Alacero.

A China responde por 54% da produção mundial e 22,8% da capacidade ociosa mundial.

Em 2022, a América Latina reportou uma capacidade de 106 Mt, com uma produção efetiva de 62,1 Mt e um excedente de 44 Mt. Apesar de a região representar 3,3% da produção mundial, ela contribuiu com 7,6% do excedente total, equilibrando a oferta mundial, segundo Alacero.

“Estamos constantemente monitorando as importações externas de países de fora da região, que respondem por 90% das importações latino-americanas. Em 2022, 29% dessas importações vieram da China, enquanto os EUA responderam por 21% e o Japão, 10%”, acrescentou Wagner.

“As importações de aço da Ásia ameaçam não apenas os empregos na indústria na América Latina, mas também o meio ambiente, já que a pegada de carbono da região é em média de 1,6 t CO₂ equivalente por tonelada de aço produzida; a do mundo, 1,9 t; e a da China, 2,2 t”, explicou o executivo.

A siderurgia tem papel fundamental na economia regional, gerando cerca de 1,4 milhão de empregos.

A Alacero monitora continuamente as ações antidumping, bem como medidas de salvaguarda e subsídios governamentais. “Um exemplo concreto é que, das 65 ações antidumping atualmente em trâmite na OMC, que foram apresentadas por empresas latino-americanas, 43 envolvem a China”, disse o executivo.

Wagner está preocupado com os incentivos à exportação dos países asiáticos, que criam distorções na competição internacional e desvios de mercado. Alacero projeta que o alto nível de exportação de aço para os países da região pode piorar, aumentando o excesso de oferta.

O excesso de capacidade global incentiva práticas comerciais desleais e desencoraja a produção eficiente e sustentável, acrescentou Alacero em comunicado recente.