BC desacelera ritmo de flexibilização monetária

O Banco Central do Brasil diminuiu o ritmo de redução da taxa básica de juros, em uma medida que provavelmente levará a um ciclo de flexibilização mais lento.

O Comitê de Política Monetária (Copom) baixou a Selic de 10,75% para 10,50%. Essa foi a sétima redução consecutiva e a primeira de apenas 25 pontos-base. A flexibilização monetária começou em agosto de 2023 com cortes de 50 pontos-base.

“Existem fatores externos e internos que explicam essa redução no ritmo de redução da Selic. Do lado internacional, o principal fator é que não está claro quando exatamente o Fed poderá começar a cortar os juros nos EUA, e isso pressiona as taxas de outros países, como o Brasil”, disse à BNamericas Luciano Rostagno, estrategista-chefe da EPS Investimentos.

“Do lado interno, há uma preocupação maior com o lado fiscal do governo federal, e isso já começa a se materializar na previsão de inflação mais pressionada no ano que vem”, destacou Rostagno, que agora projeta que a Selic encerre o ano em 10%, em vez dos 9,5% previstos anteriormente.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou diversas vezes o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por agir com muita timidez.

Campos Neto foi nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, e assim que terminar seu mandato de quatro anos, ainda este ano, Lula poderá nomear um sucessor. Lula nomeou quatro dos nove diretores do Banco Central desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2023 

A decisão mais recente do Copom refletiu essas divisões políticas, já que os indicados por Lula votaram por uma redução de 50 pontos e os demais por um corte de 25 pontos.

Nas redes sociais, a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, escreveu: “É um crime contra o país a decisão do Copom, de cortar apenas 0,25 ponto da maior taxa de juros do planeta. Não há fundamento econômico para isso e houve divergência de quatro diretores nessa decisão. A inflação está sob controle e em queda, o ambiente de investimentos melhora, os empregos também. O nome disso é sabotagem”.

Projetando reduções mais graduais, um relatório do Goldman Sachs apontou que espera que o Copom “corte a Selic em 25 pontos-base na reunião de junho, com a totalidade dos dados e o equilíbrio geral dos riscos para a inflação determinando até onde o conselho pode ir com o ciclo de normalização das taxas. Nessa conjuntura, prevemos mais três cortes de 25 pontos-base em 2024, levando a Selic para 9,75%”.