Capacidade e telemedicina são os grandes desafios para hospitais da América Latina pós-Covid

Encontrar maneiras de lidar com aumentos repentinos de demanda e integrar ainda mais a telemedicina será o grande desafio para os hospitais da América Latina após a pandemia de Covid-19, de acordo com especialistas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Enquanto isso, os investimentos privados devem desempenhar um papel complementar no desenvolvimento da infraestrutura.

“É aconselhável avançar na complementação público-privada para que [o investimento privado] sirva de suporte ou respaldo para a solução das demandas da população. No entanto, para que os investimentos privados sejam viáveis, eles precisam contar com financiamento sustentável”, disse o especialista líder em saúde do BID, Ignacio Astorga, em um webinar em resposta a uma pergunta da BNamericas.

Astorga acrescentou que cada país terá de avaliar os investimentos privados dependendo de seus orçamentos e estruturas institucionais.

O webinar foi promovido para apresentar um relatório do BID sobre as respostas dos sistemas de saúde da região à pandemia.

Segundo o banco, a crise sanitária afetou desproporcionalmente a América Latina e o Caribe, com a região registrando 1,7 milhão das 6,3 milhões de mortes relatadas no mundo até agora.

Uma resposta à pandemia envolveu a conversão de hospitais inteiros em enfermarias para pacientes com Covid, mas, de acordo com o BID, isso teve um efeito negativo por fechar outros serviços de emergência.

Por sua vez, provocou a explosão da telemedicina, que exige maior regulamentação, já que apenas metade dos 26 estados membros do banco tem leis relativas à área.

“A falta de integração com os serviços presenciais tradicionais também pode prejudicar as boas práticas. Claro que é importante ter marcos regulatórios e éticos para questões relacionadas à confidencialidade, privacidade e segurança da informação”, disse a especialista em medicina digital Maria Celeste Savignano, que contribuiu com o relatório, ao ser questionada pela BNamericas no evento.

Ela também alertou contra as restrições intensas à telemedicina, apontando que, em alguns casos, essa pode ser a única maneira de ter acesso a determinados serviços de saúde em áreas remotas.

O relatório completo pode ser visto aqui.