Clima da COP28 esfria devido à ‘linguagem fraca’ quanto aos combustíveis fósseis

As negociações climáticas da COP28 em curso em Dubai foram criticadas depois de uma versão atualizada do texto negociado para um balanço global (GST) do progresso das nações nos compromissos climáticos não ter mencionado qualquer “eliminação progressiva” dos combustíveis fósseis.

Após alterado, o texto apenas enumera uma série de opções para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, suscitando fortes críticas de vários quadrantes, incluindo especialistas do World Resources Institute (WRI).

“Este texto não envia os sinais claros necessários para evitar a crise climática e o conjunto de ações sugerido é apenas um ‘escolha o seu próprio menu’. Não há nada que tenha força”, disse em uma teleconferência David Waskow, diretor de ação climática internacional do WRI.

O texto atualizado do GST, que pode ser acessado aqui (em inglês), não menciona qualquer “eliminação gradual” dos combustíveis fósseis, ao contrário de uma versão anterior publicada na semana passada, e os compromissos para reduzir as emissões vêm sob uma declaração dizendo que as partes deveriam “tomar ações que poderiam incluir” uma ou várias das opções listadas.

Isto implica “reduzir o consumo e a produção de combustíveis fósseis de uma forma justa, ordenada e equitativa, de modo a atingir zero emissões líquidas até, antes ou por volta de 2050, de acordo com a ciência”, acrescenta.

O texto foi recebido com revolta por países que esperavam uma linguagem mais assertiva sobre a questão dos combustíveis fósseis, especialmente pequenos estados insulares em desenvolvimento que correm sérios riscos devido à subida do nível do mar.

“O parágrafo 39 do texto do GST inclui uma linguagem fraca sobre os combustíveis fósseis. Não se refere de forma alguma a uma eliminação gradual. Apresenta um menu de opções que os estados 'poderiam' tomar. 'Poderiam' é inaceitável. Os estados devem tomar medidas em relação à eliminação dos combustíveis fósseis”, disse o presidente da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS) e Ministro dos Recursos Naturais e do Ambiente de Samoa, Cedric Schuster, aos jornalistas no Dubai.

Quando a BNamericas perguntou durante a teleconferência do WRI se isso significa que a COP28, que está entrando em suas horas finais, está fadada ao fracasso, Tom Evans, consultor de geopolítica e diplomacia climática do think tank E3G, comentou que os países que buscam uma linguagem mais clara ainda podem exercer pressão para um resultado positivo no texto final.

“Temos visto motivos para ambição nos pequenos estados insulares, é claro, e nos países latino-americanos – vem à mente a Colômbia – e nos países da União Europeia, como a França”, afirmou Evans.