Codelco renegociará contratos de lítio com SQM e Albemarle

A agência chilena de desenvolvimento Corfo encarregou a mineradora estatal Codelco de liderar as renegociações dos contratos da SQM local e da norte-americana Albemarle para a exploração de lítio.

Embora o contrato com a SQM expire em 2030 e o da Albemarle em 2043, as partes concordaram em renegociá-los no âmbito de uma nova estratégia nacional para o lítio que o governo divulgou em abril, que envolve parcerias público-privadas com participação majoritária do estado.

“Os contratos existentes vão ser integralmente respeitados, enquanto a propriedade dos terrenos mineiros vai continuar nas mãos da Corfo para serem exploradas por meio de contratos de arrendamento”, comentou o head da Corfo, José Miguel Benavente, na quarta-feira (24) em entrevista coletiva para esclarecer as dúvidas que cercam a continuidade operacional no salar de Atacama, no norte da região de Antofagasta.

A Corfo possui as propriedades de mineração nesse salar, o maior depósito salino do Chile, e administra contratos especiais de operação de lítio com a SQM e a Albemarle, as únicas produtoras do metal branco no país.

No ano passado, o Estado arrecadou US$ 5,032 milhões com as operações de lítio, segundo dados do Conselho Fiscal Autônomo (CFA).

O presidente do conselho de administração da produtora de cobre, Máximo Pacheco, destacou na conferência que o foco das conversações será o estabelecimento de alianças público-privadas para dar continuidade às atividades extrativas na salina. A Codelco, como empresa estatal, será a controladora das novas empresas que forem formadas, disseram a Codelco e a Corfo em comunicado conjunto.

Desde 2020, a mineradora já explora o salar de Maricunga, na região do Atacama, e seus resultados identificaram que essa área abriga a segunda maior reserva de lítio do país. Portanto, incorporar a atividade do Salar de Atacama ao portfólio da Codelco seria um negócio estratégico.

“Vamos consolidar nossa posição em nível global como produtores de dois dos minerais críticos para a transição energética global”, disse Pacheco, referindo-se ao cobre e ao lítio.

Os novos contratos assinados pela SQM e a Albemarle devem contemplar uma série de condições estabelecidas pela Corfo e que devem ser aprovadas pelo conselho da Codelco e pelas entidades administrativas e reguladoras competentes, acrescenta o comunicado.

Algumas delas mantêm benefícios estatais através do esquema de rendas de aluguel que a Corfo administra e recebe, mantendo preços preferenciais para produtos de lítio para empresas que agregam valor no Chile, melhorando as cláusulas relacionadas ao financiamento de atividades de P+D no país e incluem mais compromissos de cooperação científico-tecnológica.

Da mesma forma, as empresas devem se comprometer a implementar tecnologias de extração de lítio e processos de produção que respeitem o meio ambiente para garantir operações sustentáveis, especialmente em questões hidrogeológicas, hídricas e energéticas. Além disso, os padrões de relações com a comunidade devem ser cumpridos.

O preço do lítio disparou 259% ano a ano no ano passado. As exportações de carbonato de lítio do Chile passaram de US$ 250 milhões em 2015 para US$ 7,76 bilhões em 2022, segundo o CFA.

A SQM e a Albemarle exploram um total de cerca de 250 mil t de lítio por ano, o que permite ao Chile posicionar-se como o segundo maior produtor mundial.

Máximo Pacheco (esq.) e José Benavente, da Corfo, assinam acordo de cooperação. Fonte: Codelco