Corrupção política e tentativas de impeachment abalam setor de infraestrutura da Bolívia

O ministro de Obras Públicas da Bolívia, Édgar Montaño, escapou do impeachment depois de enfrentar acusações de má gestão e corrupção, enquanto sete projetos de infraestrutura hídrica são afetados por um escândalo envolvendo o ex-ministro do Meio Ambiente, Juan Santos Cruz.

Montaño enfrentou um processo de impeachment em 19 de maio por supostas irregularidades na administração da companhia aérea estatal BoA e negligência em projetos aeroportuários, mas os acusadores tiveram oito votos a menos que o necessário para alcançar a maioria de dois terços, informou a agência estatal de notícias ABI.

Montaño também foi criticado por sua postura na condução de uma investigação de corrupção envolvendo supostos subornos na concessão da rodovia Sucre-Yamparáez.

Parlamentares leais ao ex-presidente Evo Morales, que criticou os escândalos de corrupção do atual governo, disseram após a votação que Montaño não escapará de outro processo. Um dos parlamentares teria dito ao jornal Los Tiempos que Montaño será afastado na próxima oportunidade de impeachment.

Enquanto isso, Santos foi preso no dia 16 de maio, depois de pedir demissão em 11 de maio. O jornal Página Siete relatou que a principal testemunha – uma ex-funcionária do ministério – alegou que Santos havia cobrado 2% do valor do contrato para si e a encarregado das negociações.

Dois dos sete projetos – um sistema de esgoto de 83 milhões de bolivianos (US$ 12 milhões) no distrito de Viacha, em La Paz, concedido à Constructora Apolo, e um gasoduto de 64 milhões de bolivianos no distrito de Chinchaya, em Cochabamba – já estão concluídos.

Três contratos para o gasoduto foram concedidos à Empresa Constructora y Consultora Daoli por 20,5 milhões de bolivianos, à Asociación Accidental Quenamari por 22,3 milhões de bolivianos e à Asociación Accidental Aguas del Sur por 21,1 milhões de bolivianos.

Originalmente, a investigação visava o sobrinho de Santos e outro ex-funcionário do ministério, que teria comprado propriedades com dinheiro ilícito, segundo a ABI.

As investigações começaram em janeiro e envolvem 15 suspeitos, embora outras pessoas também possam estar envolvidas, informou o Ministério da Justiça em um comunicado.