Deputados bolivianos pretendem resolver impasse sobre eleição enquanto continuam os bloqueios em estradas

Deputados bolivianos iniciaram negociações na terça-feira (30) para avançar com um processo sobre as eleições judiciais, enquanto apoiadores do ex-presidente Evo Morales continuam a bloquear as principais estradas em todo o país em protesto contra as eleições paralisadas.

A economia perdeu mais de US$ 500 milhões desde que os protestos começaram, na semana passada, afirmou em conferência de imprensa o ministro da Economia, Marcelo Montenegro, na qual culpou Morales pela situação. “É um dano irreversível que terá de ser enfrentado no devido tempo por aqueles que realizaram os bloqueios”, disse ele.

O lado de Morales exige a demissão de vários juízes cujos mandatos expiraram no ano passado, mas foram prorrogados porque a atual legislatura não conseguiu avançar a tempo com uma lista de pré-candidatos às eleições judiciais.

Estes incluem juízes do tribunal constitucional que decidiram no mês passado que Morales não pode concorrer às eleições presidenciais do próximo ano.

Foi agora formado um grupo de trabalho bicameral com deputados-chave tentando encontrar uma fórmula que permita o avanço das eleições judiciais.

Apoiadores de Morales aumentam pressão

O campo de Morales intensificou as suas mobilizações, com 36 bloqueios relatados até terça-feira (30), ante 25 no domingo, segundo a agência de notícias estatal ABI.

O governo acusou alguns manifestantes de usarem dinamite em confrontos com a polícia, dizendo que 26 agentes sofreram ferimentos.

Cochabamba é o departamento mais afetado, com estradas bloqueadas em 23 pontos.

Em resposta, o Ministério das Obras Públicas começou a enviar alimentos e outros tipos de ajuda aos motoristas presos nas estradas afetadas, bem como a oferecer os chamados voos solidários àqueles que necessitam de mobilização urgente.

Até agora foram distribuídas 201 toneladas de ajuda e 8,6 mil pessoas utilizaram os voos oferecidos pela companhia aérea estatal BOA, informou o ministério num comunicado de imprensa.

A pasta também relatou perdas de 4 milhões de bolivianos (US$ 478.988) na operadora rodoviária estatal Vías Bolivia por não ter conseguido cobrar tarifas de pedágio por mais de uma semana.

O ministro de Obras Públicas, Édgar Montaño, disse na semana passada que o ministério e a Vías Bolivia estavam considerando acusações criminais contra aqueles que danificam as estradas.