Destaque: as capitais brasileiras com mais investimentos em água e resíduos

A maior parte dos investimentos em projetos de água e resíduos no Brasil ainda se concentra em relativamente poucas cidades, o que evidencia o tamanho do desafio que o país tem pela frente para garantir 100% de cobertura.

As 27 capitais, incluindo Brasília, registraram investimentos totais de R$ 28,9 bilhões (US$ 5,5 bilhões) no segmento entre 2017 e 2021, segundo um estudo produzido pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria GO Associados.

São Paulo, a maior cidade do país, teve investimentos em projetos de água e resíduos da ordem de R$ 13 bilhões no período, seguida por Brasília com R$ 1,8 bilhão e Rio de Janeiro com R$ 1,2 bilhão.

No entanto, esse cenário deve mudar nos próximos anos, com cidades com baixos níveis de investimento ganhando espaço.

“Temos um grupo de cidades no Brasil que já investiu muito nos últimos anos e estabeleceu uma infraestrutura robusta de água e esgoto. Essas cidades passaram por um grande ciclo de investimentos, então agora elas não têm uma necessidade tão grande de novos investimentos”, disse à BNamericas Pedro Scazufca, sócio da GO Associados e especialista no segmento.

“A tendência é que cidades que tiveram baixos níveis de investimento nos últimos anos passem a ter um papel maior nos investimentos”, acrescentou, destacando que cidades com projetos já estruturados devem estar em destaque, como Rio de Janeiro, Maceió e Macapá.

O setor de água e saneamento no Brasil passou por uma transformação desde o meio de 2020, quando uma nova regulamentação facilitou a entrada de empresas do setor privado no segmento antes dominado por estatais.

As mudanças regulatórias foram acompanhadas por um esforço para aumentar a cobertura dos serviços de água e esgoto em todo o território nacional, obrigando todos os estados a atingir 100% de cobertura até 2033. No entanto, com o nível atual de investimento, essa meta é um grande desafio.

Segundo o estudo, para atingir a cobertura total, os investimentos per capita precisam chegar a R$ 203,51 por ano, enquanto a média foi de apenas R$ 113,47 entre 2017 e 2021.

NÍVEIS DE COBERTURA

Das 27 capitais, o estudo mostra que apenas nove têm 99% de serviços de água potável. Embora o índice médio de cobertura nas capitais seja de 94,80%, há capitais de estados da região Norte com indicadores próximos ou abaixo de 50%, como Rio Branco (60,73%), Macapá (36,60%) e Porto Velho (26,05%).

Em relação à coleta de esgoto, o relatório diz que apenas oito capitais atendem mais de 90% da população, com algumas na região Norte abaixo ou perto de 20%, como Rio Branco (22,67%), Belém (17,12%), Macapá (10,55%) e Porto Velho (5,80%).