Destaque: EUA estendem licença de exportação de GLP da Venezuela à medida que tensões diminuem

O governo dos EUA estendeu uma licença que permite as exportações de gás liquefeito de petróleo (GLP) para a Venezuela, em mais um sinal de alívio das tensões entre os países.

Em nota divulgada na noite de segunda-feira (10), o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos Estados Unidos (OFAC) disse que a decisão permite “certas transações envolvendo a exportação ou reexportação” de GLP para o país sul-americano.

A Venezuela depende de remessas estrangeiras de GLP para atender ao déficit de combustível para cozinhas domésticas. Segundo a empresa de consultoria Gas Energy, a petrolífera estatal venezuelana PDVSA produziu cerca de 27 mil b/d do gás, o que não foi suficiente para cobrir a demanda doméstica.

A OFAC, uma unidade do Departamento do Tesouro dos EUA, disse que a decisão não autoriza nenhum pagamento em espécie de petróleo ou derivados de petróleo, nem transações envolvendo indivíduos embargados ou a PDVSA.

Washington começou a impor uma série de sanções contra o regime do presidente venezuelano Nicolás Maduro em 2017, prometendo suspendê-las apenas se Caracas garantisse eleições livres e a libertação de presos políticos.

Apesar do fracasso da Venezuela em atender a tais demandas, houve sinais de um degelo nas relações entre os países nos últimos meses, impulsionados por temores de escassez global de energia em meio à guerra na Ucrânia.

No final do ano passado, o governo Biden concedeu à Chevron uma licença para retomar a produção de petróleo na Venezuela após as primeiras negociações entre autoridades dos dois países em anos.

Desde então, as exportações de petróleo do país da OPEP aumentaram acentuadamente, atingindo uma alta de 16 meses com 560 mil b/d em abril. O número, no entanto, permanece bem abaixo da meta do governo de 1 MMb/d (milhão de barris por dia), menos da metade da produção diária do país quando Maduro chegou ao poder em 2013.

“Maduro está claramente interessado em obter um relaxamento das sanções, mas, por outro lado, não está disposto a abrir mão de forma significativa de seu poder”, disse Francisco Monaldi, especialista em política energética latino-americana da Rice University, à BNamericas no mês passado.

“Isso torna a situação muito frágil. Se houver mais algum alívio nas sanções, é improvável que seja significativo o suficiente para levar a uma recuperação da indústria petrolífera venezuelana.”

Maduro, por sua vez, intensificou as críticas à Casa Branca em seu programa de televisão na terça-feira (11), pedindo o fim definitivo das sanções.

“A Venezuela, como todas as nações do mundo, é um país livre e soberano. Como é que agora vão dar licenças [para exportação de GLP]? O que é isso?”, declarou.

“Defendemos o livre comércio, a liberdade econômica absoluta. O que pensam os gringos? Que a Venezuela é uma colônia de gringos que precisa de suas licenças e permissões? […] isto é ultrajante, nos indigna”, concluiu.