Empresa americana Avaya aumenta nearshoring no México e Argentina

A Avaya, empresa de experiência do cliente e contact center dos EUA, planeja expandir sua força de trabalho especializada no México e na Argentina este ano para fortalecer suas capacidades de nearshoring, disse Galib Karim, vice-presidente global sênior para a América Latina, à BNamericas.

Nos últimos dois meses, a Avaya abriu cerca de 150 vagas nesses países. Pode ultrapassar a marca de 1 mil profissionais atendendo outras geografias da região em 18 meses, segundo Karim.

A Avaya possui cerca de 9 mil clientes que utilizam seus produtos na América Latina, a maioria pequenas e médias empresas, e cerca de 800 funcionários diretos. O go-to-market, incluindo vendas e instalação, é feito principalmente por distribuidores, canais e revendedores.

México e Argentina são os dois principais centros de excelência da Avaya – hubs de serviços e suporte – na América Latina.

No Brasil, onde também dá suporte, a atuação é focada em soluções e desenvolvimento de software, envolvendo cerca de 50 profissionais.

“México e Argentina serão os que mais crescerão em termos de centros de excelência, mas não necessariamente para apoiar a América Latina. O México atende muito os EUA e a Argentina tem uma visão global. O Brasil é mais caro, do ponto de vista da mão de obra, em relação a esses outros países”, disse Karim durante visita a São Paulo.

DATACENTERS

A empresa pretende interromper os investimentos em datacenters regionais e usar sites de terceiros.

Os datacenters latino-americanos mais recentes da Avaya foram lançados no ano passado, em Querétaro e Monterrey, e agora têm quatro grandes clientes-âncora, disse Karim.

A empresa agora usará a infraestrutura de dados da Microsoft, seu principal parceiro de nuvem pública, e, em menor escala, da AWS, Google Cloud e Oracle Cloud.

Todos esses grupos têm investido na expansão de sua infraestrutura de dados regional.

“Não vamos mais montar nossos próprios datacenters. Há boa oferta de datacenters na América Latina, por isso estamos tentando fazer parceria com mais provedores dessas estruturas”, disse o executivo.

A Avaya tem um relacionamento próximo com a Microsoft e começa a se expandir mais com o Azure, usando a arquitetura de nuvem no Brasil e, em alguns meses, no México, segundo Karim.

A VIRADA

A Avaya também busca “virar a página” em seus problemas financeiros, disse o CEO Alan Masarek a repórteres, em São Paulo.

Em seis anos, a Avaya entrou com dois pedidos de proteção contra falência do capítulo 11 nos EUA.

Masarek ingressou na empresa em agosto do ano passado, depois de atuar como CEO da Vonage por seis anos, para realizar uma transformação operacional e redefinir o produto e as estratégias de entrada no mercado para centralizá-los na nuvem, disse ele.

Em fevereiro, a Avaya entrou com pedido de capítulo 11 pela segunda vez e garantiu um financiamento de US$ 780 milhões para reestruturar o negócio.

Cerca de US$ 628 milhões compreendem o financiamento do devedor em posse, incluindo um empréstimo de US$ 500 milhões a prazo do grupo de investidores liderado pela Apollo Global Management e pela Brigade Capital Management. Outros US$ 128 milhões vieram de uma linha ABL de um sindicato de bancos liderado pelo Citi Group.

Na ocasião, a empresa disse que o financiamento ajudaria a reduzir sua dívida em mais de 75%, de US$ 3,4 bilhões para cerca de US$ 800 milhões. A Avaya acrescentou que os recursos acelerariam os investimentos em seu portfólio de comunicações em nuvem.

“Estou há muito tempo na área de comunicação e gosto dessas jornadas transformacionais para as empresas. Agora estamos excepcionalmente bem capitalizados e lucrativos”, disse Masarek.