Empresas de torres de telecomunicações do Brasil projetam mais crescimento nos investimentos em 5G
A indústria brasileira de torres de telecomunicações espera maiores investimentos em infraestrutura de telecomunicações para expandir e densificar redes 5G em todo o país como parte da segunda etapa do desenvolvimento doméstico da tecnologia.
“Tínhamos projetado R$ 6 bilhões [US$ 1,26 bilhão] em investimentos em 5G. Desse total, cerca de R$ 1 bilhão já foi investido. Temos mais R$ 5 bilhões na mesa que devem ser contratados até o final do ciclo do 5G”, contou Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), à BNamericas.
“Tudo indica que esse ciclo será encurtado a partir de 2028. A Anatel está liberando a ativação do sinal de 5G nas cidades em um ritmo acelerado e as operadoras estão implantando mais antenas do que o exigido. Ao que tudo indica, esse ciclo vai no máximo até 2026 ou 2027, que é quando esperamos que os demais investimentos sejam aplicados por meio de ordens de serviço das operadoras”, acrescentou.
A Abrintel agrupa quatro grandes players do segmento de torres de telecomunicações: American Tower, SBA Communications, IHS Towers e QMC Telecom. Juntas, essas empresas respondem por cerca de 70% do mercado doméstico de torres.
Atualmente, o Brasil possui 13.137 antenas 5G conectadas a cerca de 70.000 torres em 288 municípios, segundo dados mais recentes da Anatel. Elas foram implantadas pela TIM (5.806), Claro (3.858), Telefônica Brasil (3.263), Brisanet (164) e Algar Telecom (46). Desse total, cerca de 4.000 ficam no estado de São Paulo.
Segundo Stuz, há um forte ritmo de compartilhamento de infraestrutura e construção de soluções no nível da rua (SLS) – torres de celular menores que as torres macro.
Quanto aos novos tipos de estruturas, a indústria está investindo em postes multifuncionais e até antenas camufladas em espaços públicos como parques.
Um dos principais players de SLS, o host neutro porto-riquenho QMC Telecom tem mais de 3.400 ativos instalados na América Latina, disse à BNamericas Murilo Almeida, country manager da empresa no Brasil.
O número de SLS implantados pela QMC no Brasil é considerado superior a 1.000.
“Há muita coisa para acontecer. Existem cidades mais afastadas, no interior, e novas antenas chegando. Há também as estradas, embora não seja um associado da Abrintel o responsável por essa conectividade nas rodovias”, disse Stutz.
Pelas regras do leilão do 5G, o vencedor do bloco de espectro nacional na faixa de 700 MHz, a Winity Telecom, deve viabilizar cobertura de internet móvel 4G ou superior (5G) em quase 36.000 km de rodovias federais.
A Winity pertence ao fundo Pátria Investimentos, também um player do setor rodoviário, com três concessões ativas no país.
Winity e Pátria têm até 2029 para concluir a meta de cobertura das rodovias. Até dezembro de 2023, a rede deve estar presente em pelo menos 10% das rodovias e os prazos subsequentes são anuais. Até 31 de dezembro de 2029, todas as rodovias deverão ter uma conexão.
A região que terá o maior número de rodovias conectadas será o Nordeste (11,2 mil km), seguido pelo Centro-Oeste (7,5 mil km), Norte (7,2 mil km), Sudeste (5,2 mil km) e Sul (4,4 mil km).
OBSTÁCULOS REGULATÓRIOS
Um possível obstáculo à expansão da rede, no entanto, continua sendo a existência de algumas leis municipais consideradas pelo setor como muito restritivas para a instalação de torres e antenas.
Segundo um levantamento da Conexis Brasil Digital, que representa as maiores operadoras do país, dos 102 municípios com 200.000 a 500.000 habitantes no país, apenas 27 possuem leis adequadas para o 5G.
A Anatel afirma que “a dificuldade para obtenção de licenciamento urbano de infraestruturas de telecomunicações é um dos principais empecilhos para instalação de equipamentos. A burocracia para a obtenção de licenças para a instalação de infraestruturas de telecomunicação materializa-se, por exemplo, desde o excesso na quantidade de regras e de instâncias de aprovação, até a proibição de instalação dos equipamentos em determinadas regiões das cidades”.
Segundo Stutz, 348 municípios do país haviam atualizado sua legislação para a lei federal de antenas até o final de maio, ao lado de 22 capitais e o Distrito Federal.
Enquanto isso, Goiânia, Belo Horizonte e Manaus são capitais com problemas regulatórios, segundo o executivo.
Goiânia ainda não aprovou nova legislação de antenas, enquanto em Belo Horizonte, que aprovou um arcabouço novo e atualizado, ainda há “excesso” de restrições urbanísticas e ambientais para implantação de infraestrutura, apontou o executivo.
Em Manaus, que aprovou uma lei boa, de maneira geral, na opinião de Stutz, as taxas de licenciamento de uma torre variam de R$ 80.000 a R$ 500.000, contra uma média nacional de R$ 1.400, disse ele.
“A instalação do 5G hoje no Brasil foi feita principalmente por meio de torres e estruturas 4G existentes. A indústria não conseguirá densificar adequadamente o 5G se não puder contar com a construção em telhados e com novos tipos de estruturas.”
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