Especialista recomenda que Brasil diversifique oferta de diesel

O Brasil deveria estabelecer cadeias alternativas de fornecimento de diesel para reduzir os riscos de desabastecimento do combustível, segundo o sócio-diretor da Leggio Consultoria, Marcus D’Elia.

O país importa cerca de 30% do diesel que consome, e 60% dessa oferta externa vem dos EUA. O fornecimento alternativo poderia vir do Golfo Pérsico e da Índia.

“Para que esta ação fosse facilitada, seria importante a coordenação pela ANP através das importadoras, uma vez que exportadores como China e Índia estão adotando medidas para limitação dos volumes exportados”, disse D’Elia em comunicado.

O consultor acrescentou que outras medidas continuam disponíveis, como o mapeamento de pontos críticos e o desenvolvimento de planos de contingência para a continuidade do abastecimento.

Em 5 de agosto, a ANP rejeitou a proposta que obrigaria as empresas do setor a aumentar os estoques de diesel S10 (com 10 partículas de enxofre por milhão), decisão que D’Elia considerou acertada.

“Esta ação dificilmente seria eficaz em função da expectativa de redução de exportação de grandes produtores mundiais de diesel, como China e Índia”, avaliou.

O think tank de petróleo e gás IBP também aplaudiu a decisão da ANP, considerando que o aumento dos estoques seria oneroso para o sistema e ineficiente para garantir o abastecimento.

“Diante de um cenário internacional desafiador nos últimos meses, os agentes demonstraram responsabilidade pelo abastecimento e compromisso com seus contratos, sem faltas ou interrupções, tendo elevado seus estoques acima dos níveis mínimos previstos em regulamentação, sem que houvesse qualquer comando nesse sentido”, declarou a entidade em nota.

A ANP continua monitorando a oferta de diesel S10, exigindo que os agentes de mercado informem sobre os volumes no país, volumes contratados no exterior e outros fatos que possam impactar negativamente a produção ou a importação.