EUA alertam que caso da Vulcan pode prejudicar IED no México

Uma possível expropriação das terras da mineradora norte-americana Vulcan Materials no estado mexicano de Quintana Roo afetaria o investimento estrangeiro direto (IED), alertou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em meio ao aumento das tensões bilaterais a respeito do futuro da pedreira de calcário e do porto de águas profundas da empresa sediada na Virgínia.

Durante uma audiência diante da comissão de relações exteriores do Senado dos Estados Unidos na última terça-feira (21), o senador Tim Kaine afirmou a Blinken que a Vulcan é dona do porto de Punta Venado e de um terreno no México. Segundo o legislador, o presidente Andrés Manuel López Obrador tentou se apropriar desses ativos em duas ocasiões, razão pela qual solicitou a intervenção de Blinken no caso.

“Acredito que isso esteja sujeito a procedimentos de arbitragem no momento”, respondeu Blinken. Ele acrescentou que, em todo caso, “falou de maneira genérica com o governo do México, inclusive com o presidente, que o confisco de empresas privadas não é uma boa forma de atrair investimentos”.

Depois que as declarações de Blinken foram divulgadas pela imprensa mexicana, López Obrador respondeu em sua coletiva de imprensa diária nesta quarta-feira que, na sua opinião, Blinken não sabe exatamente do que se trata o problema com a Vulcan.

“A única coisa que ele conseguiu dizer foi que essas atitudes ou aquelas supostas ações da nossa parte afetavam os investimentos… que essa não era uma boa forma de atrair investimentos. É claro que não queremos trazer investimento a qualquer preço, e muito menos que o investimento venha e destrua o nosso território. Não, é melhor que não venham ou que sigam para outro lugar”, afirmou AMLO, explicando que não se trata de uma expropriação.

“Não estamos expropriando. É um fechamento porque não podemos ficar parados de braços cruzados enquanto a lei é violada no país e o nosso território é destruído”, destacou, garantindo que a empresa violou a ordem de suspensão das operações.

Na semana passada, quatro senadores norte-americanos enviaram uma carta à Secretaria de Relações Exteriores do México alertando que podem usar “todos os recursos disponíveis” caso as atividades continuem paralisadas.

A operação está interrompida desde maio de 2022, quando López Obrador ordenou o fechamento imediato das pedreiras da Vulcan, denunciando que sua subsidiária SAC TUN (antiga Calica) extraía e exportava calcário ilegalmente, o que a Vulcan negou ao garantir que conta com as licenças necessárias para operar. 

Na quarta-feira, AMLO lembrou que a empresa está pedindo uma indenização de mais de US$ 1,5 bilhão ao Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos e que há cerca de seis meses juízes inspecionaram os mais de 1.500 hectares envolvidos na disputa judicial. A resolução está prevista para agosto.

“É uma resolução internacional. O que afirmo é que seria uma aberração permitir que continuassem destruindo o território com um banco de materiais para construir estradas nos Estados Unidos”, acrescentou López Obrador.

Em 14 de março de 2023, policiais e oficiais da Marinha ocuparam instalações da Vulcan em Punta Venado, perto de Playa del Carmen. Uma semana depois, a empresa informou que forças policiais, acompanhadas por tropas da Marinha, entraram à força em seu cais.

O presidente mexicano também ameaçou converter a propriedade em uma área natural protegida.