Horizonte Minerals entra com pedido de recuperação judicial

A empresa de exploração listada na bolsa de valores Londres Horizonte Minerals, que possui o projeto de níquel Araguaia, avaliado em US$ 1 bilhão, iniciou um processo equivalente à recuperação judicial depois de não conseguir obter novos recursos para avançar com o projeto.

“Após um período de discussões com credores garantidos e investidores potenciais existentes e novos sobre cenários alternativos com vista a uma potencial solução de reestruturação para tentar alcançar a melhor recuperação possível para os credores da empresa, minimizando, ao mesmo tempo, potenciais responsabilidades, o conselho concluiu agora, lamentavelmente, que a Horizonte deveria ser colocada sob administração a fim de buscar preservar o valor do negócio para os credores e demais stakeholders”, disse a empresa em um comunicado divulgado na semana passada.

A empresa acrescentou que decidiu nomear Geoff Rowley e Chad Griffin, da FRP Advisory, como administradores.

“Após consulta com o advogado brasileiro da empresa, a liminar concedida à subsidiária brasileira da empresa, Araguaia Níquel Metais Ltda., que anteriormente estava prevista para terminar em 15 de maio de 2024, agora terminará em 24 de maio de 2024. A liminar garante um período de blindagem de 60 dias contra a execução de dívidas e determinados títulos detidos por credores e credores sênior, a fim de negociar e trabalhar em um plano de reestruturação a ser aprovado por seus credores”, informou a Horizonte Minerals.

Recentemente, a empresa colocou o projeto Araguaia em cuidados e manutenção e anunciou que estava avaliando opções, inclusive sua venda.

“O projeto teve alguns problemas de cálculos incorretos na origem das obras. Isso afetou de forma importante o andamento do projeto, principalmente porque aconteceu em um momento em que o preço do níquel caiu significativamente, praticamente fechando as portas para novos financiamentos”, relatou à BNamericas uma pessoa com conhecimento do projeto, sob condição de anonimato.

“Apesar do mercado de níquel ter passado por dificuldades em relação ao preço, eu diria que o problema deste projeto está mais associado à elaboração do projeto e a erros em determinados cálculos do que a problemas estruturais do setor de níquel”, completou a fonte.

Os problemas com o projeto surgiram no início deste ano, quando a Horizonte anunciou que havia aumentado o capex de US$ 537 milhões para US$ 1 bilhão, após alertar anteriormente aos investidores que o valor estava em revisão devido a custos subestimados de obras civis, montagem eletromecânica e atrasos nas entregas de materiais, entre outros fatores.

Os três principais acionistas da Horizonte são La Mancha Investments, com 23,09% de participação; Glencore, com 17,74%; e Orion Resource Partners, com 10,49%.