Investimentos em transportes podem se tornar “pedra angular” da transição ecológica do Chile

Os investimentos em transportes podem se tornar uma “pedra angular” da transição do Chile para uma economia mais verde, mas o setor bancário local ainda tem muito trabalho a fazer nessa área, segundo um economista.

“Ainda temos algumas questões a resolver relacionadas à gestão de risco e à busca de modelos de negócios adequados”, disse Felipe Ruiz, economista sênior do BCI Estudios, em resposta a uma pergunta da BNamericas durante um webinar sobre investimentos verdes.

O webinar foi promovido pela Fundación Chilena del Pacífico, uma organização encarregada de apoiar a inserção econômica do Chile na bacia do Pacífico.

Ruiz afirmou esperar que os bancos chilenos encontrem uma janela de oportunidade para ajudar a estimular a adoção precoce de veículos elétricos e de baixas emissões, mas é provável que isso leve um tempo, já que se trata de uma área nova para o setor.

Ele destacou que a UE e os EUA implementaram medidas nesse sentido, com opções como o leasing de veículos ecológicos.

“O prazo é curto, e esse é efetivamente um desafio de primeira ordem”, acrescentou, referindo-se aos prazos estabelecidos em 2021 para a eliminação progressiva das vendas de veículos com motores de combustão.

“Acredito até que este será o primeiro ponto de inflexão para nós, como sociedade. A primeira pedra angular de uma transição de uma economia que funcionou de uma forma para uma economia do futuro”, avaliou Ruiz.

O economista alertou para o impacto que as alterações climáticas poderão ter no PIB do Chile. Segundo ele, o país pode perder até US$ 42 bilhões até 2050 se as temperaturas médias aumentarem dois graus devido aos efeitos nos setores de agricultura, comércio, construção, indústria transformadora e serviços básicos.

Ruiz também destacou que a transição ecológica representa uma oportunidade para impulsionar o crescimento do PIB após duas décadas de desempenho lento.

“Há um pipeline de projetos desafiador que deve começar agora. São necessários montantes significativos de investimento em setores que não são tão intensivos em investimento, e isso abre as portas para uma nova maneira de entender a economia do Chile”, concluiu ele.

De acordo com Ruiz, US$ 3,5 bilhões precisariam ser investidos até 2050 para alcançar a neutralidade de carbono. Desse montante, US$ 1 bilhão iria para áreas como transportes, indústria transformadora, serviços básicos e agricultura, enquanto o restante seria focado principalmente nos setores de mineração e energia.